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CDBs: FMI está criando plataforma global de moedas digitais

Apesar da iniciativa facilitar a fiscalização global dos governos, ela pode afetar ainda mais a privacidade dos cidadãos.

*ARTIGO

O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou recentemente seus planos de desenvolver uma plataforma global dedicada à implementação de moedas digitais do banco central (CBDCs), iniciativa que visa facilitar as transferências internacionais de dinheiro.

Em suma, ela oferecerá uma estrutura padronizada que permitirá aos países participantes conectarem seus sistemas de CBDC, otimizando a troca segura de valores entre diferentes moedas digitais. 

Conforme divulgado, a plataforma proposta visa promover a interoperabilidade entre diferentes sistemas de CBDC, garantindo uma infraestrutura sólida para transações seguras e eficientes. 

Esse anúncio do FMI representa um passo importante no caminho da adoção generalizada das moedas digitais emitidas por governos. No entanto, também abre portas para possíveis desafios relacionados à estabilidade financeira, privacidade de dados e riscos cibernéticos.

Apesar da iniciativa ter pontos positivos, tem outros tantos pontos negativos. Entre elas está que, se essas moedas não forem bem projetadas, podem acarretar riscos significativos para o sistema financeiro e as economias.

Por dentro das CBDCs

As CBDCs são formas digitais de moedas emitidas pelos bancos centrais. Ou seja, diferentemente das criptomoedas descentralizadas, as CBDCs têm seu valor fixado pela autoridade monetária e são equivalentes à moeda fiduciária do país, como o real, euro ou dólar. 

Diversos governos e bancos centrais estão trabalhando no desenvolvimento de estruturas para a implementação das CBDCs em suas economias, incluindo o Brasil, que já está em fase avançada do Real Digital e do piloto RD.

Atualmente, 11 países já implementaram completamente uma moeda digital, incluindo a China, onde o projeto piloto atingiu 260 milhões de pessoas e está previsto para se expandir para a maioria do país ainda em 2023. 

Status das moedas digitais dos governos (CBDCs) pelo mundo. Fonte: cbdctracker.org.

Embora as CBDCs tornem as moedas tradicionais mais fáceis e baratas de enviar para outros países, elas formam “placas tectônicas” com as novas formas de dinheiro eletrônico, totalmente interoperáveis apenas entre países alinhados geopoliticamente.

Contudo, é justamente por isso a ideia da plataforma global do FMI: buscar promover a interoperabilidade, eficiência e segurança nos pagamentos transfronteiriços e nos mercados financeiros domésticos.

Real Digital, a moeda digital brasileira

O Banco Central (BC) tem avançado rapidamente nas discussões sobre a criação da CBDC brasileira, também conhecida como “Real Digital”

Com pretensão de chegar à população geral em 2024, o BC estabeleceu, por exemplo, o ‘Fórum do Real Digital’, um comitê com objetivo de estabelecer um canal de comunicação com agentes regulados e outros setores envolvidos, cujo intuito é promover consultas, trocas de informações e a adequada orientação para o desenvolvimento da plataforma de testes. 

Ademais, recentemente a autoridade também selecionou 14 instituições para participar do piloto RD com a oportunidade de simular transações de emissão, negociação, transferência e resgate da CBDC brasileira.

Um alerta para o futuro 

A criação da plataforma global para CBDCs pelo FMI representa um marco significativo na evolução do meio monetário. Porém, nem tudo que reluz é ouro.

Ao conectar diferentes sistemas de CBDCs por meio da plataforma global, espera-se que haja uma melhoria na interoperabilidade e na eficiência das transações internacionais, como redução nos custos e no tempo necessários para realizar transferências de valores.

No entanto, é importante reconhecer os desafios e reflexões relacionados às CBDCs, especialmente em relação à centralização e privacidade dos dados dos cidadãos. Isso porque a criação desta plataforma pode permitir uma maior supervisão e controle dos governos sobre as transações de remessas, facilitando a fiscalização e a implementação de políticas regulatórias.

Por mais pessimista que isso soe, racionalmente, a implementação das CBDCs em escala global de forma interconectada levanta questões sobre a liberdade e autonomia financeira da população — e por que não dos próprios países.

CBDCs tem atrativos, mas é necessário um equilíbrio adequado entre a transparência e a segurança dos sistemas financeiros e a salvaguarda dos direitos individuais à privacidade.

Mayara é co-autora do livro “Trends – Mkt na Era Digital”, publicado pela editora Gente. Multidisciplinar, apaixonada por tecnologia, inovação, negócios e comportamento humano.

*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.

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