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Setor cripto busca bancos fora dos EUA após falências

Um dos desafios para a indústria de criptoativos é que os bancos estão cada vez mais céticos após as perdas de US$ 2 trilhões nesse mercado.

Marco Lim, executivo que atua com hedge funds de ativos digitais, passou a segunda-feira (13) tentando abrir contas bancárias em Hong Kong após o colapso repentino de três bancos dos EUA.

O hedge fund MaiCapital, com sede em Hong Hong, tinha recursos em uma das instituições falidas, o Signature Bank. Como o MaiCapital precisa de alternativas, Lim, sócio-gerente do fundo, pressiona bancos para acelerar a abertura de contas.

Os dois maiores bancos que trabalhavam com o setor de criptomoedas fecharam, disse Lim, em referência ao Signature e ao Silvergate Capital, que também contava com muitos clientes cripto e anunciou sua liquidação voluntária na quarta-feira. “Já passei por crises demais.”

Silvergate, Signature e Silicon Valley Bank quebraram nos últimos dias em meio a corridas bancárias, o que levou reguladores dos EUA a introduzir um novo mecanismo para proteger os depósitos. O colapso do Silvergate e do Signature é particularmente grave para a indústria de ativos digitais, pois os dois operavam redes de pagamentos em tempo real, sete dias por semana, auxiliando no fluxo de fundos para o setor.

Muitas empresas cripto agora buscam bancos fora dos EUA, com instituições na Suíça e nos Emirados Árabes Unidos entre os destaques. Esse distanciamento dos EUA já havia começado devido à crescente pressão regulatória após a implosão da exchange cripto FTX, fundada por Sam Bankman-Fried.

“Os EUA não são tão receptivos como antes em relação a cripto”, disse Richard Galvin, cofundador da gestora de fundos Digital Asset Capital Management, em Sydney. “Faz sentido diversificar por motivos jurisdicionais.”

Opção suíça

Logo do Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça 15/01/2023. REUTERS/Arnd Wiegmann

Um banco suíço é uma das instituições com as quais a Digital Asset Capital Management conduz um “processo de integração”, disse Galvin.

Na Suíça, o Sygnum Bank e o SEBA Bank estão entre os que trabalham com o setor de ativos digitais. O Deltec Bank & Trust e o Capital Union Bank, nas Bahamas, também são conhecidos por seu foco em cripto.

O SEBA Bank observa um aumento no tráfego do site globalmente, muito mais nos EUA, disse o banco em comunicado, segundo o qual empresas cripto solicitaram a abertura de contas e  conversas por telefone estão agendadas com muitas outras partes interessadas.

Para empresas sediadas nos EUA, como a corretora cripto Coinbase Global, bancos americanos ainda são cruciais. No site da Coinbase, JPMorgan Chase, Cross River Bank e Pathward são listados como instituições onde a empresa pode depositar fundos de clientes.

A Circle Internet Financial, emissora da segunda maior stablecoin, a USDC, acaba de anunciar a próxima cunhagem automatizada e resgate do token por meio do Cross River Bank. A Circle possui licenças e registros nos EUA e tinha US$ 3,3 bilhões em reservas que garantiam a USDC no Silicon Valley Bank.

Ceticismo dos bancos

Um dos desafios para a indústria de criptoativos é que os bancos estão cada vez mais céticos após as perdas de US$ 2 trilhões nesse mercado, o colapso de várias empresas de ativos digitais e maior escrutínio regulatório.

“Existem serviços bancários disponíveis, mas a barreira para entrar nunca foi tão alta”, disse Jonny Caldwell, codiretor de gestão de ativos da Trovio, com foco em ativos tradicionais e digitais. “Os bancos estão checando detalhes que demonstrem a força dos negócios.”

Caldwell soube de vários fundos cripto que contataram bancos do Oriente Médio e da Suíça em busca de parceiros bancários alternativos.

“Prevejo que mais instituições cripto começarão a explorar o sistema bancário asiático”, disse Adrian Lai, fundador da Newman Capital, em Hong Kong, que administra um fundo de US$ 50 milhões com foco na web3, uma proposta de internet descentralizada baseada na tecnologia blockchain.