1 – Ata do Fed e inflação dos EUA
A ata detalhada da reunião do Federal Reserve no mês passado, que será divulgada nesta quarta-feira, pode mostrar o quão perto o banco central dos Estados Unidos chegou de adiar novos aumentos na taxa de juros após a falência de dois bancos norte-americanos nos dias que antecederam a sessão.
O Fed elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual em sua reunião de 14 a 15 de março, uam decisão de política monetária tomada após um fim de semana tenso em que autoridades sênior dos EUA passaram projetando medidas de emergência para interromper uma possível fuga de depósitos contra instituições financeiras regionais após as falências do Silicon Valley Bank e do Signature Bank.
Em uma coletiva de imprensa após a reunião, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que uma pausa foi considerada, mas as autoridades julgaram que poderiam responder a diferentes problemas com diferentes ferramentas: taxa de juros mais alta para continuar a combater a inflação enquanto confiam em programas de supervisão e liquidez para manter estável o equilíbrio do sistema financeiro.
A expectativa é de outro aumento de 0,25 ponto percentual nos juros, mas as autoridades também disseram que observam dados bancários de perto em busca de sinais de estresse ou de uma baixa maior do que o previsto nos empréstimos.
Antes da falência do SVB em 10 março, Powell havia dito que a inflação elevada poderia até justificar um aumento de 0,5 ponto, portanto o 0,25 ponto que foi aprovado mostra “que o Fed está encarando a situação com seriedade… mas também que a situação não é tão grave a ponto de impedir que o Fed avance com o aperto sinalizado anteriormente”, escreveram analistas do Citi.
A ata “provavelmente vai expressar confiança na separabilidade da estabilidade de preços e estabilidade financeira”.
Os acontecimentos naquele 10 de março ampliaram a complexidade de um debate no Fed que havia se concentrado em reduzir a inflação de níveis que no ano passado chegaram a mais do que o triplo da meta de 2% do Fed.
Novos dados do índice de preços ao consumidor que também serão divulgados nesta quarta-feira devem mostrr a queda da inflação principal, mas com um nível ainda alto no “núcleo” que deve preocupar as autoridades do Fed.
Em um aceno sobre até onde o banco central progrediu no aperto da política monetária desde o aumento inicial da taxa em março de 2022, o Fed retirou do seu comunicado de março trechos indicando que “aumentos contínuos” nos juros eram prováveis e, em vez disso, disse que “mais algum” aperto é provável.
2 – FMI emite alertas de risco financeiro
O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou nesta terça-feira que vulnerabilidades ocultas do sistema financeiro podem eclodir em uma nova crise e prejudicar o crescimento global neste ano, mas pediu aos países membros que continuem a apertar a política monetária para combater a inflação que permanece alta.
Os alertas deram um tom ameaçador para as reuniões do FMI e do Banco Mundial em Washington nesta semana, com forças econômicas e de mercado conflitantes obscurecendo o caminho das políticas, à medida que o crescimento desacelera em resposta aos rápidos aumentos nas taxas de juros do banco central.
O FMI reduziu nesta terça-feira suas previsões de crescimento global para 2023, com suas suposições básicas excluindo, por enquanto, as novas ocorrências importantes de turbulência no sistema financeiro após os colapsos dos bancos norte-americanos Silicon Valley Bank e Signature Bank em março, e com a venda forçada do Credit Suisse pela Suíça.
A previsão do fundo indica um crescimento real do PIB de 2,8% em 2023 e 3,0% em 2024 –um décimo de ponto percentual abaixo do previsto em janeiro para cada ano. A economia global cresceu 3,4% em 2022.
Os rebaixamentos refletiram desempenhos mais fracos em algumas economias maiores, como Japão, Alemanha, Índia e Brasil, compensando um desempenho mais forte nos Estados Unidos e uma contração mais branda no Reino Unido. O FMI também citou expectativas de condições financeiras mais rígidas neste ano.
Mas sua previsão foi dominada por riscos negativos, incluindo inflação ainda mais alta, uma escalada da guerra na Ucrânia e um cenário adverso severo de uma nova crise financeira que poderia levar a fortes retrações nos empréstimos e gastos das famílias e a uma corrida para ativos mais seguros. Este último fator poderia reduzir o crescimento global para cerca de 1% este ano, o que efetivamente representa uma recessão com base no PIB per capita.
3 – Caixa anuncia corte de 0,5 ponto percentual no juro de crédito imobiliário
A Caixa Econômica Federal confirmou, em nota, que aumentou a taxa de juros da sua linha crédito imobiliário com recursos originados na caderneta de poupança.
A elevação foi de 0,5 ponto porcentual e está valendo para os novos contratos desde 3 de abril. Com isso, o banco estatal está oferecendo taxas que partem de 8,99% ao ano, mais Taxa Referencial (TR), e vão até 9,99%, mais TR.
“Com relação ao crédito imobiliário, a Caixa informa que as taxas de juros são definidas em função de fatores mercadológicos e conjunturais, dentro das regras prudenciais do banco”, descreveu, em nota.
Na véspera, a vice-presidente de habitação da Caixa, Inês Magalhães, havia confirmado a alteração nas taxas, mas sem detalhar os porcentuais. “Fizemos um ajuste. Ainda é a menor taxa do mercado, ainda temos uma taxa de um dígito só”, disse Magalhães após participar de evento com empresários do setor da construção em São Paulo.
A Caixa foi o último dos grandes bancos a elevar taxas no financiamento imobiliário, mas já havia sinalizado que enveredaria por este caminho para continuar financiando o setor.
A poupança tem tido saques recordes, e as instituições se viram obrigadas a recorrer a outras fontes de financiamento mais caras, como as letras de crédito imobiliário (LCIs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (Cris), atreladas ao CDI. Nos bancos privados, as taxas chegaram a dois dígitos porcentuais no início deste ano.
Para este ano, a Caixa estima conceder cerca de R$ 70 bilhões de crédito imobiliário em linhas com recursos da poupança. Se confirmado, isso representará queda de 24% na comparação com o ano passado, quando chegou ao recorde de R$ 92 bilhões.
A Caixa também informou em nota que as taxas para as linhas de habitação popular (dentro do Minha Casa Minha Vida) e a linha Pró-Cotista, que contam com recursos do FGTS, permanecem inalteradas desde outubro de 2021.
Os financiamentos com recursos oriundos do FGTS devem ficar perto de R$ 90 bilhões a R$ 100 bilhões em 2023. Com isso, o banco estatal deve totalizar aproximadamente R$ 160 bilhões a R$ 170 bilhões em empréstimos para a compra e a construção de moradias, montante em linha com o de 2022, quando desembolsou R$ 162 bilhões.
Com Reuters e Estadão
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