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Economia

5 fatos para hoje: modernização da Eletrobras; Impostômetro atinge R$ 1,5 tri

Expectativa é que a expansão hidrelétrica alcance 4,3 mil MW até 2030.

1- Eletrobras vai investir R$ 8,3 bi em modernização

O envelhecimento de uma hidrelétrica, com desgaste das turbinas e de equipamentos instalados, afeta diretamente a sua eficiência. Ao longo da sua operação, as unidades passam a ficar mais tempo indisponíveis para fazer manutenção, afetando o volume de geração. Nos últimos anos, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o índice de disponibilidade das hidrelétricas entre 59 MW e 699 MW diminuiu, e um dos motivos pode ser o efeito do tempo nos equipamentos.

Além da repotenciação, que envolve aumento de capacidade instalada, esse problema pode ser resolvido com projetos de modernização que melhoram a operação da usina. “Apesar de não aumentar a potência, a modernização eleva a eficiência e faz a usina gerar mais tempo, o que é bom para o sistema”, diz o presidente da divisão Hydro da GE Renewable Energy da América Latina, Cláudio Trejger. Segundo ele, a tecnologia atual também pode melhorar o desempenho das usinas, com soluções que monitoram e permitem a operação remota.

A Eletrobras (ELET3; ELET6), por exemplo, tem um programa de R$ 8,3 bilhões, entre 2021 e 2025, que inclui a compra de equipamentos mais atuais e a modernização e digitalização das usinas. Os projetos incluem grandes unidades do grupo, como Paulo Afonso IV, Sobradinho, Xingó, Marimbondo, Itumbiara e Tucuruí. Em nota, a estatal afirmou que o objetivo é minimizar os riscos de interrupções na operação das hidrelétricas.

Outra que aposta na modernização é a AES Tietê. Das 9 unidades da empresa, apenas três ainda não concluíram o processo. “Ao longo do tempo, a turbina vai produzindo menos e perdendo eficiência. Com as melhorias, a usina passa a ter menos falhas e acaba gerando mais”, diz o diretor de Operações da AES Brasil, Anderson Oliveira. Segundo ele, as novas tecnologias reduzem custos e aumentam a disponibilidade da usina. “As novas turbinas têm sensores que monitoram vazamentos, vibração e tensão.”

Em nota, o Ministério de Minas e Energia afirma que, de acordo com o Plano Decenal de Energia, a expectativa é que a expansão hidrelétrica alcance 4,3 mil MW até 2030 com a modernização das usinas existentes. “Contudo, para isso ocorrer, é preciso evoluir a atual forma de remuneração de atributos das hidrelétricas, como a capacidade”, diz o ministério, destacando que é preciso aprimoramentos metodológicos e de desenho do mercado de acordo com os trabalhos do Comitê de Implementação da Modernização. “A reavaliação do potencial dessas usinas pode ser uma oportunidade para a indústria de hidreletricidade do País”, diz o ministério.

2- Mercado do luxo se recupera rápido da pandemia

Blusa Balmain com blazer Paulo Camargo. Calça Mixed e sandália por Alexandre Birman. Bolsa Chanel. O “look do dia” que a médica carioca Andreia Frota – dona de uma clínica especializada em injeções faciais frequentada por famosos e endinheirados na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio – usa para trabalhar não raramente custa mais de R$ 10 mil. Ela faz parte de um grupo de brasileiros que, impedidos de viajar para o exterior por causa da pandemia, passaram a gastar bem mais com produtos de luxo por aqui.

Andreia diz que, com o real desvalorizado, passou a ser desnecessário esperar uma viagem para comprar o item de luxo que pode ser consumido hoje. “O dólar e o euro mais altos reduziram a vantagem de comprar as marcas diretamente no exterior. Não faz mais tanta diferença”, afirma a médica, frequentadora do shopping Village Mall, o principal de marcas de luxo no Rio e vizinho a seu consultório. “É melhor ir na Chanel aqui do lado do que consumir numa viagem.”

É uma tendência que se reflete nos números. A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) calcula que as vendas nos centros comerciais em geral estavam 16% menores na semana de 12 a 18 de julho, em relação ao mesmo período de 2019, antes da pandemia – o que evidencia que o varejo como um todo ainda luta para se recuperar do baque sofrido no ano passado. Enquanto isso, os shoppings de luxo comemoram dados bem diferentes e colocam planos de expansão em marcha.

A JHSF, empresa do shopping Cidade Jardim, do Catarina Fashion Outlet e de outros empreendimentos voltados para a altíssima renda, apurou vendas 50% maiores com lojistas nos meses de maio, junho e julho, em relação ao mesmo período de 2019. Entre as marcas internacionais, o crescimento chega a superar 100% em relação ao período pré-pandemia.

Robert Harley Bruce, diretor-presidente da JHSF Malls, diz que o consumidor de alta renda é ansioso por tendências e novidades. “Inegavelmente, o segmento descolou do restante da economia”, avalia.

A concorrência vive cenário parecido. No maior grupo de consumo “premium” do setor no país, o Iguatemi, as vendas tiveram “ritmo de Natal” a partir de maio, após a segunda onda da pandemia, conta Cristina Anne Betts, diretora financeira e de relações com investidores da empresa. Na primeira reabertura do setor, no ano passado, os consumidores retornaram aos shoppings ainda reticentes – passavam pouco tempo nos centros comerciais, que operavam em horário restrito.

Nesta reabertura de 2021, porém, o cenário foi diferente. “Os consumidores estão mais acostumados com os protocolos de segurança. Além disso, retornaram para a vida cotidiana: não estão mais na casa de praia ou de campo, estão nas próprias casas, com os filhos frequentando a escola presencialmente. É um quadro de mais normalidade que contribui para o consumo de artigos de luxo”, diz Cristina, que a partir de janeiro se tornará CEO do Iguatemi, substituindo Carlos Jereissati.

Segundo fontes do setor ouvidas pelo Estadão, a vantagem para os shoppings se configura porque esse público não está gastando apenas perto de casa o dinheiro que deixaria nos outlets ou lojas de luxo lá fora, mas também parte do que seria destinado a outros itens ligados ao turismo, como restaurantes e passeios.

3- Impostômetro atinge a marca de R$ 1,5 trilhão

O Impostômetro, medidor da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) da carga tributária dos brasileiros, marcou R$ 1,5 trilhão na madrugada de domingo (01). Esse é o montante que foi pago desde o primeiro dia em tributos federais, estaduais e municipais.

Em 2020, o mesmo valor foi atingido no dia 28 de setembro, o que mostra que, este ano, os brasileiros estão pagando mais impostos. Segundo a ACSP, parte da alta na arrecadação acontece devido a recuperação econômica, impactada pela crise gerada pela pandemia de coronavírus.

“Boa parte do aumento da arrecadação deste ano é explicada pela melhora da economia, que está menos sujeita a restrições de funcionamento”, analisa o economista da ACSP, Marcel Solimeo, sobre o abrandamento das quarentenas para reduzir a disseminação da covid-19.

Por outro lado, o aumento da carga tributária também é reflexo da elevação dos preços dos produtos e serviços, de acordo com a associação. Em nota, a entidade lembra que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 8,6% em doze meses e o Índice Geral de Preços (IGP), de 33%.

4- Guedes quer PEC contra ‘meteoro’ de precatórios

O governo Jair Bolsonaro voltou a discutir mudanças nas regras de pagamento de precatórios (valores devidos a empresas e pessoas físicas após sentença definitiva na Justiça) depois de identificar um crescimento expressivo dessa despesa na elaboração da proposta de Orçamento para 2022.

A elevação nos gastos com precatórios é o que o ministro da Economia, Paulo Guedes, chamou ontem de “meteoro” que vem de “outros Poderes”, segundo apurou o Estadão/Broadcast. Conforme fontes ouvidas pela reportagem, o valor dessas sentenças é calculado entre R$ 80 bilhões e R$ 90 bilhões para 2022 – bem mais do que os R$ 54,75 bilhões previstos no Orçamento deste ano.

O ministro da Economia disse também que o governo precisa disparar um míssil para impedir que o “meteoro” acerte a Terra – neste caso, as finanças da União. O pagamento dos precatórios fica sob o guarda-chuva do teto de gastos, a regra que limita o avanço das despesas à inflação, e o governo já tem outras pretensões para o espaço disponível, como a reformulação do Bolsa Família.

Guedes usou a figura de linguagem sem entrar em detalhes porque o desenho de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) ainda está em elaboração. Uma das alternativas pode ser a extensão do prazo para o pagamento de sentenças de maior valor, um mecanismo que já existe hoje na Constituição e poderia ser ampliado para abarcar volume maior de precatórios. As discussões, porém, estão em andamento.

Uma tentativa de atacar a conta elevada dos precatórios foi feita no ano passado, durante a tramitação do Orçamento de 2021, com o objetivo de liberar espaço para lançar o Renda Cidadã, programa social turbinado do governo. Sem sucesso, discutiu-se limitar o pagamento das sentenças a um porcentual da receita corrente líquida.

A proposta, apresentada no Palácio do Alvorada aos líderes da base do governo, foi classificada de “pedalada” por adiar o pagamento de uma dívida da União, repercutiu mal no mercado financeiro e sofreu críticas por prejudicar pessoas e empresas – parte significativa dos precatórios está relacionada a aposentadorias e pensões.

O problema, segundo fontes do governo, é que esse gasto continua subindo em escala explosiva e precisa ser contido com um “freio de arrumação para o seu pagamento”. A preocupação agora é construir uma proposta tecnicamente robusta, que afaste a avaliação de que se trata de uma pedalada fiscal para postergar pagamentos e abrir espaço no teto de gastos.

Uma das preocupações é mostrar que essa mudança é necessária independentemente da reformulação do Bolsa Família, embora integrantes da equipe econômica reconheçam, reservadamente, que antes do meteoro “tinha” espaço para o programa social dentro do teto. O próprio presidente Jair Bolsonaro, em tom misterioso, em entrevista no início desta semana, pediu apoio dos congressistas para aprovar uma PEC para resolver o problema do Bolsa Família. A reportagem ouviu cinco integrantes do governo que confirmaram os estudos.

5- Gás natural atrai interesse de gigantes

Três investidores apostam no gás natural do pré-sal para gerar energia elétrica térmica a preço compatível com o das hidrelétricas. E são dos grandes: a empresa petrolífera Shell, a fabricante de equipamentos Mitsubishi Hitachi Power Systems Americas (MHPS) e o Pátria Investimentos, operador da usina térmica Marlim Azul. Nesse projeto de R$ 2,5 bilhões, em construção no município de Macaé, no norte fluminense, o “pulo do gato” está no preço do gás, utilizado como insumo, disseram os investidores.

Com operação prevista para o início de 2023, a usina será a primeira pensada para agregar valor ao gás do pré-sal. A Shell vai fornecer a matéria-prima, extraída por ela própria da Bacia de Santos, a um valor mais competitivo, porque não será atrelado ao dólar e a cotações internacionais, como fazem concorrentes. A Petrobras, por exemplo, alinha o preço de seu gás ao do produto importação. Na prática, seus clientes compram o produto brasileiro a preço do importado.

“Baixamos o preço (do megawatt-hora, MWh) e vamos ser chamados sempre. Nossa energia é mais barata do que a de hidrelétricas, e a previsão é despachar mais de 80% (da capacidade)”, disse Bruno Chevalier, presidente da Marlim Azul.

Quando pronta, a usina terá capacidade para gerar 565 megawatt (MW), o suficiente para abastecer uma cidade de 2,5 milhões de habitantes. Metade da construção foi concluída, e os principais equipamentos já estão no Brasil. Uma nova unidade pode ser instalada no mesmo terreno. Mas, para isso, o projeto deve ser contratado em novo leilão, o que dificilmente vai acontecer ainda neste ano.

Marlim Azul, assim como outras térmicas planejadas para Macaé, surgiu do empresário Hugo Crespo, do Grupo Vale Azul. A estratégia do GVA é desenvolver projetos de infraestrutura que superam sua capacidade de investimento. Assim, ele se associa a parceiros de grande porte e, quando o projeto está maduro e na fase de decisão de investimento, o grupo vende sua participação. O GVA começou a desenvolver térmicas e licenciá-las em 2008.

Além das térmicas do GVA e de Marlim Azul, o Estado do Rio de Janeiro já licenciou usinas da EDF, Eneva, MHPS e GPE.

(*Com informações de Agência Brasil e Estadão Conteúdo)

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