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Economia

Ata do Copom diz que arcabouço fiscal não impacta diretamente a inflação

No cenário externo, BC diz que crise em bancos da Europa e EUA aumentam volatilidade do mercado.

O Banco Central afirmou que a relação entre a apresentação do texto do arcabouço fiscal, que será apresentado pelo governo ao Congresso Nacional, e a convergência da inflação para as metas não é direta, enfatizando que uma melhora nas expectativas é fundamental para o comportamento dos preços.

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), publicada nesta terça-feira (28), ressaltou que o compromisso com a execução do pacote fiscal do Ministério da Fazenda, já identificado nas estatísticas fiscais e na reoneração dos combustíveis, atenua os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação no curto prazo.

“O Copom enfatizou que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a apresentação do arcabouço fiscal, uma vez que a primeira segue condicional à reação das expectativas de inflação, às projeções da dívida pública e aos preços de ativos”, afirmou.

No entanto, o Comitê destaca que a materialização de um cenário com um arcabouço fiscal sólido e crível pode levar a um processo desinflacionário mais benigno através de seu efeito no canal de expectativas, ao reduzir as expectativas de inflação, a incerteza na economia e o prêmio de risco associado aos ativos domésticos.

Na ata, o Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação

Na semana passada, o Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 13,75% ao ano. Apesar da decisão já esperada para a manutenção da Selic, o comunicado da semana passada foi considerado duro ao não trazer indicação sobre eventual alívio nos juros. Na ocasião, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que o comunicado do BC era “muito preocupante” e ressaltou que as decisões sobre juros podem comprometer o quadro fiscal do país.

O Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (27), projetou que o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) termine 2023 em 5,93% e de 4,13% ao ano em 2024. Já a previsão para a taxa básica de juros (Selic) foi mantida em 12,75% para 2023, assim como a de 2024, que continuou em 10%.

De acordo com a ata, um conjunto de indicadores divulgados desde a última reunião do Copom segue corroborando o cenário de desaceleração do crescimento esperado pelo Comitê.

“Observa-se moderação nos indicadores coincidentes de atividade e o mercado de crédito também tem apresentado desaceleração na margem. O mercado de trabalho, que surpreendeu positivamente ao longo de 2022, continua mostrando sinais de moderação, com relativa estabilidade na taxa de desemprego, proveniente de recuos na população ocupada e na força de trabalho.”

A ata também destacou que a inflação ao consumidor continua elevada e que os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, mantêm-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação.

De acordo com André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, a ata continuou mantendo o tom duro, repetindo que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso a inflação continue persistente.

“Na minha visão, caso o arcabouço agrade o mercado quando for divulgado, tomando como histórico do nosso presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que no passado aguardou a votação da reforma da previdência para começar a cortar a Selic em 2019, podemos aguardar um movimento parecido para a próxima reunião do Copom caso o arcabouço seja divulgado a tempo”, afirmou ele.

Cenário externo

No cenário externo, o BC diz que o ambiente externo se deteriorou após as falências de bancos nos EUA e na Europa que elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados. Além disso, dados recentes de atividade e inflação globais se mantêm resilientes e a política monetária nas economias centrais segue avançando em trajetória contracionista.

A ata do BC diz que o ambiente externo segue marcado pela perspectiva de crescimento global abaixo do potencial, mas a flexibilização da política de combate à Covid na China, um inverno mais ameno na Europa e a possibilidade de uma desaceleração gradual no crescimento nos Estados Unidos suavizam a desaceleração econômica global em curso resultante do aperto das condições financeiras nas principais economias. 

Apesar disso, o texto diz que o “impacto sobre as condições financeiras e consequentemente sobre o crescimento global dos recentes episódios envolvendo o sistema bancário em economias centrais ainda é incerto, porém tem viés negativo.”

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