As casas de investimentos estimam que o Banco Central eleve em 1% ponto percentual a taxa básica de juros, a Selic, dos atuais 5,25% ao ano para 6,25%, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre nesta semana.
“No último Copom, o comunicado teve postura mais firme ao indicar que colocará a taxa de juros acima do patamar neutro a fim de ancorar as expectativas de inflação. No entanto, a postura hawkish (elevação da taxa) pouco efeito surtiu, uma vez que o IPCA para final de 2022 sobe pela 9ª semana consecutiva”, afirmou a equipe de macro research do BTG Pactual digital em relatório.
O banco de investimento estima ainda mais 1% de alta na reunião de outubro e de 0,75% em dezembro, o que levará a Selic a encerrar 2021 em 8%.
Em Boletim Focus, divulgado nesta segunda (20), os analistas do mercado financeiro aumentaram a previsão da taxa de 8% para 8,25% ao ano em 2021, o que representa um avanço de 0,25 ponto percentual em comparação à leitura feita na semana passada.
Rafaela Vitória, economista-chefe do banco Inter, também alertou em seu relatório que o cenário de inflação mais alta requer que o Banco Central termine o ciclo em patamar mais “contracionista” que o anteriormente esperado. “Apesar do remédio amargo, principalmente considerando o ainda elevado nível de ociosidade no mercado de trabalho, a inflação sair de controle é um risco que tem um custo maior para a sociedade e precisa ser controlada”, reiterou.
O banco estima que a Selic chegue a 8,25% até dezembro, mas com queda esperada já ao final de 2022, para 7,5%.
Alberto Ramos e Daniel Moreno, analistas do Goldman Sachs, disseram enxergar apenas uma pequena probabilidade de um aumento de 1,25% da taxa na reunião desta semana “dadas as declarações recentes de alguns membros do Copom de que o Banco Central não deve reagir exageradamente aos dados de alta frequência”.
Os analistas reiteraram que, desde a última reunião do Copom, o cenário da covid melhorou e que os dados de atividade real foram mistos, mas com um viés ligeiramente negativo.
“No geral, acreditamos que as altas e disseminadas pressões inflacionárias, as intensas pressões de custos, a deterioração das expectativas de inflação, a falta de progresso nas reformas e no ajuste fiscal e o ruído político prolongado devem levar o Banco Central a continuar a normalizar a política monetária e alcançar uma postura restritiva acima do neutro no final de 2021”, explicou a equipe do Goldman.
A casa também projeta a Selic em 8% ao ano em dezembro.