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Economia

Copom deve manter Selic em 13,75%, mas mercado prevê alerta para risco fiscal

Com inflação ‘moderada’, BC pensará em ajustes nos juros apenas após definição da PEC de Transição, preveem especialistas.

Em sua última reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central define nesta quarta-feira (7) o rumo da Selic, taxa básica de juros da economia brasileira. A expectativa majoritária do mercado é que ela se mantenha no patamar de 13,75% ao ano, com possíveis ajustes apenas nas próximas reuniões após os desdobramentos da PEC de Transição para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. 

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast, da Agência Estado, de 48 instituições financeiras consultadas, 46 esperam estabilidade da Selic em 13,75% e duas esperam elevação da taxa para 14%. 

Mercado busca sinais sobre Selic em 2023

O Boletim Focus divulgado nesta semana também manteve a projeção da Selic em 13,75% para este ano. Já para 2023, o mercado financeiro projeta uma queda na taxa de juros para 11,75% até o fim de todo o período.

Ana Paula Carvalho, planejadora financeira CFP e sócia da AVG Capital, acredita que a reunião do Copom desta quarta-feira não trará maiores novidades. Para ela, a maior incerteza, agora, é sobre quanto tempo a taxa será mantida neste nível. 

“Provavelmente, o Copom fará um comunicado demonstrando uma postura vigilante e alerta ao movimento do mercado, que tem se mostrado muito avesso à política fiscal expansionista proposta pelo próximo governo. Com gastos maiores, haverá dificuldades em termos cortes de juros, com o risco de uma Selic inalterada no próximo ano e até mesmo um eventual ciclo de alta caso haja uma deterioração fiscal mais forte.”  

Ana Paula Carvalho, planejadora financeira CFP e sócia da AVG Capital.

Risco fiscal no radar

Carvalho, da AVG Capital, comenta que, “com o risco fiscal no radar, caso a taxa de juros caia, o mercado pode ter uma leitura negativa do quão vigilante está o Banco Central”. 

“Na minha visão, impactaria negativamente nos preços dos ativos de bolsa e provavelmente subiriam os juros futuros”, diz.

Em caso de uma eventual nova alta da taxa de juros, a planejadora financeira menciona que a renda fixa continuaria atrativa. 

A Suno Research, que também acredita na manutenção dos juros nesta reunião, destacou na segunda-feira (5) que mesmo a inflação apresentando desconforto, ela ainda mostrou uma tendência de queda nos últimos 12 meses e disse que há expectativas futuras relativamente estáveis. 

A inflação acumulada em 12 meses medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou de 10,67%, em outubro do ano passado, para 6,47%, em outubro deste ano. Os dados de inflação de novembro devem ser divulgados na próxima sexta-feira (9).

“Somando todos esses fatores, o cenário segue benigno para o Banco Central. Os próximos meses serão importantes para entendermos a dinâmica da inflação e do impacto do juro. Caso as perspectivas se mantenham, a nossa expectativa é de que a autoridade monetária realize os primeiros cortes na Selic no segundo trimestre do ano que vem.”

Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. 

A Suno Research não descarta que o desenrolar da PEC da Transição possa alterar o cenário para a Selic. 

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, pontua que a taxa de juros deve se manter no patamar atual por conta da inflação moderada. Por outro lado, ele menciona que as preocupações futuras estão voltadas tanto para o cenário interno quanto externo. 

Para ele, a apreensão principal no Brasil, agora, é o cenário fiscal.

“Temos o fiscal fragilizado, risco Brasil em alta, preocupação do aumento de impostos, desemprego e repasse de ‘tudo isso’ pelas empresas via preço, que devem começar a pressionar a inflação em 2023 novamente.”

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil.

Lá fora, o que aflige ainda é a guerra entre Rússia e Ucrânia, que afeta o petróleo brent e grãos; a política de covid-zero da China; e juros elevados nos Estados Unidos, reforça Alves, da Ação Brasil. 

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, espera que a taxa de juros se mantenha no mesmo percentual porque ainda é muito cedo para o Banco Central começar a agir em relação às mudanças que possam ocorrer com a PEC de Transição. 

“Enquanto não tivermos definição da PEC de Transição, ou seja, se não soubermos de fato qual vai ser o impacto no fiscal, não vamos conseguir fazer estimativas ou projeções do que o Banco Central vai fazer.” 

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.

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