De acordo com uma pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast, da Agência Estado, de 48 instituições financeiras consultadas, 46 esperam estabilidade da Selic em 13,75% e duas esperam elevação da taxa para 14%.
Mercado busca sinais sobre Selic em 2023
O Boletim Focus divulgado nesta semana também manteve a projeção da Selic em 13,75% para este ano. Já para 2023, o mercado financeiro projeta uma queda na taxa de juros para 11,75% até o fim de todo o período.
Ana Paula Carvalho, planejadora financeira CFP e sócia da AVG Capital, acredita que a reunião do Copom desta quarta-feira não trará maiores novidades. Para ela, a maior incerteza, agora, é sobre quanto tempo a taxa será mantida neste nível.
“Provavelmente, o Copom fará um comunicado demonstrando uma postura vigilante e alerta ao movimento do mercado, que tem se mostrado muito avesso à política fiscal expansionista proposta pelo próximo governo. Com gastos maiores, haverá dificuldades em termos cortes de juros, com o risco de uma Selic inalterada no próximo ano e até mesmo um eventual ciclo de alta caso haja uma deterioração fiscal mais forte.”
Ana Paula Carvalho, planejadora financeira CFP e sócia da AVG Capital.
Risco fiscal no radar
Carvalho, da AVG Capital, comenta que, “com o risco fiscal no radar, caso a taxa de juros caia, o mercado pode ter uma leitura negativa do quão vigilante está o Banco Central”.
“Na minha visão, impactaria negativamente nos preços dos ativos de bolsa e provavelmente subiriam os juros futuros”, diz.
Em caso de uma eventual nova alta da taxa de juros, a planejadora financeira menciona que a renda fixa continuaria atrativa.
A Suno Research, que também acredita na manutenção dos juros nesta reunião, destacou na segunda-feira (5) que mesmo a inflação apresentando desconforto, ela ainda mostrou uma tendência de queda nos últimos 12 meses e disse que há expectativas futuras relativamente estáveis.
A inflação acumulada em 12 meses medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou de 10,67%, em outubro do ano passado, para 6,47%, em outubro deste ano. Os dados de inflação de novembro devem ser divulgados na próxima sexta-feira (9).
“Somando todos esses fatores, o cenário segue benigno para o Banco Central. Os próximos meses serão importantes para entendermos a dinâmica da inflação e do impacto do juro. Caso as perspectivas se mantenham, a nossa expectativa é de que a autoridade monetária realize os primeiros cortes na Selic no segundo trimestre do ano que vem.”
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
A Suno Research não descarta que o desenrolar da PEC da Transição possa alterar o cenário para a Selic.
Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, pontua que a taxa de juros deve se manter no patamar atual por conta da inflação moderada. Por outro lado, ele menciona que as preocupações futuras estão voltadas tanto para o cenário interno quanto externo.
Para ele, a apreensão principal no Brasil, agora, é o cenário fiscal.
“Temos o fiscal fragilizado, risco Brasil em alta, preocupação do aumento de impostos, desemprego e repasse de ‘tudo isso’ pelas empresas via preço, que devem começar a pressionar a inflação em 2023 novamente.”
Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil.
Lá fora, o que aflige ainda é a guerra entre Rússia e Ucrânia, que afeta o petróleo brent e grãos; a política de covid-zero da China; e juros elevados nos Estados Unidos, reforça Alves, da Ação Brasil.
Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, espera que a taxa de juros se mantenha no mesmo percentual porque ainda é muito cedo para o Banco Central começar a agir em relação às mudanças que possam ocorrer com a PEC de Transição.
“Enquanto não tivermos definição da PEC de Transição, ou seja, se não soubermos de fato qual vai ser o impacto no fiscal, não vamos conseguir fazer estimativas ou projeções do que o Banco Central vai fazer.”
Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.