Siga nossas redes

Economia

Copom mantém Selic em 13,75% e diz que vai vigiar política fiscal; veja repercussão

Decisão veio em linha com a expectativa do mercado.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (7) manter a taxa básica de juros da economia (Selic) em 13,75% ao ano – em linha com a expectativa do mercado. Em seu comunicado, o grupo mencionou a conjuntura particularmente incerta no âmbito fiscal, mencionando que ela requer “serenidade”..

“O Comitê acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços de ativos e expectativas de inflação, com potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva”.

Em seu comunicado, o BC citou o cenário externo adverso e volátil, o resultado do PIB do terceiro trimestre mais moderado que o esperado e um ambiente inflacionário ainda pressionado entre os fatores levados em conta para a decisão.

“O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual”, disse o Copom.

Futuro da Selic

O mercado espera que o Copom somente faça possíveis ajustes da Selic apenas nas próximas reuniões, após os desdobramentos da PEC de Transição para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, colocada em votação no Plenário do Senado nesta quarta.

Boletim Focus divulgado esta semana também manteve a projeção da Selic em 13,75% para este ano. Já para 2023, o mercado financeiro projeta uma queda na taxa de juros para 11,75% até o fim de todo o período.

Repercussão do mercado

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos

“(…) A autoridade reforçou preocupação em relação às perspectivas fiscais, embora não haja nada consolidado até o momento.

Pode-se dizer que, para além do trecho de atualização do cenário, todas as alterações pesaram a atenção sobre o fiscal, com a autoridade adicionando especificamente o trecho: “O Comitê acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços de ativos e expectativas de inflação, com potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva.” (…)

No final das contas, seguimos projetando que o BC manterá a Selic em 13,75% até, pelo menos, a reunião de maio de 2023. Contudo, estamos atentos às questões fiscais e não hesitaremos em alterar nosso call com a definição dos projetos fiscais em tramitação no congresso.

Economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Berttotti

“O comitê manteve a taxa de juros, mas há um cenário de incertezas domésticas. A PEC da Transição gera uma preocupação fiscal. Isso pode ser observado pela curva de juros, que vem subindo, indicando que o BC deverá estender por mais tempo a atual política e uma queda da Selic só deverá ocorrer a partir do segundo trimestre de 2023. (…)

Na parte externa, os casos de covid-19 continuam crescendo, então há uma preocupação grande com a China, inflação global e aumentos nas taxas de juros pelos bancos centrais das principais economias”.

De acordo com o economista, o Copom deixou a porta aberta para um aumento residual da Selic no futuro, caso necessário, em razão deste grau de incerteza. “Temos que considerar fatores como alta do dólar, já que causa impacto na inflação. E o Brasil interrompeu o ciclo de desinflação, o que também será colocado no balanço de riscos”, ressalta.

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil

“O tom do comunicado veio com bastante ressalva e cautela. A palavra de ordem, sem dúvida alguma, é vigilância para não deixar a inflação sair do controle, pois a maioria das variáveis pode mudar rapidamente o cenário base do Copom.

Ficou claro nesse comunicado que o Copom poderá fazer novas altas de juros no futuro caso seja preciso. O Comitê seguirá vigilante sobre a Selic, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação, pois o Comitê resolveu alongar o período de estabilização do processo inflacionário de 2023, estendendo até 2024, já sinalizando que o inverno no mercado de renda fixa poderá perdurar por mais tempo.

O que mais preocupa no comunicado é o prolongamento do aperto monetário por mais tempo, que além do controle da inflação, pode ter um efeito rebote para o crescimento da economia brasileira”.

Lucas Sharau, especialista em mercados financeiros e assessor na iHub Investimentos

“(…) O teto de gastos foi criado para evitar o crescimento da dívida pública, proibindo que os gastos do governo aumentem muito de um ano para outro, evitando assim descontrole da inflação”. (…)

“A situação inflacionária mundial pode impactar diretamente no movimento dos juros brasileiros. O mundo está atento à situação econômica dos Estados Unidos e da Europa, além dos impactos das ações de covid zero na China, e os desenrolares da guerra entre Ucrânia e Russia que podem diretamente afetar os preços de segmentos específicos aqui no Brasil”.

Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama

“(…) O’ Copom salientou os fatores de risco existentes, domésticos e externos, porém dando significativa ênfase às incertezas em relação à qualidade da política fiscal a ser conduzida doravante, como ao final do 2º parágrafo do documento, onde afirma que ‘acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços dos ativos e expectativas de inflação, com potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva’.

Um ponto importante é que, ao longo do mês de novembro, aumentaram fortemente as apostas de tesourarias em elevação de taxa Selic no início de 2023, já captadas (modestamente!) no Boletim Focus.


Consideramos, no entanto, prematura essa possibilidade aventada por parte do mercado, embora seja razoável a percepção de que uma frágilregra fiscal, que substitua, via lei complementar, o Teto dos Gastos, traga movimento nessa direção.

De toda sorte, nas últimas semanas a projeção do IPCA para 2023 no Boletim Focus vem se elevando. Assim, diante do cenário mais desafiador em relação às metas, alteramos o timing para o início do afrouxamento da atual política restritiva para o último trimestre de 2023 (11,75%), quando a autoridade monetária tiver maior convicção se o risco fiscal está sendo efetivamente mitigado, inclusive com (ou sem) sinalizações de reformas e a ancoragem das expectativas restabelecida”.

Abra sua conta! É Grátis

Já comecei o meu cadastro e quero continuar.