Dólar recua mais de 14% no 1º tri; Ibovespa sobe 6% em março

O dólar caiu nesta quinta-feira (31), fechando março com desvalorização mensal de 7,7%, além de encerrar o trimestre com baixa de 14,68%. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, também teve dia de sessão de baixa, porém, encerrou o seu melhor trimestre desde 2020, com alta de 14,48%. Em dólar, a moeda brasileira e o índice da B3 tiveram os melhores desempenhos entre seus pares globais.

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No dia, o dólar caiu 0,57% em relação ao real, a R$ 4,7592. Já o Ibovespa teve baixa de 0,22%, aos 119.999 pontos. Em março, o índice acumulou alta de 6,07%.

Bolsas e moedas no mundo

Em dólar, o principal índice da B3 apresentou em março o melhor desempenho entre as bolsas mundiais, com valorização acumulada de 15,53%. O Ibovespa ficou à frente do índice colombiano (Colcap), que avançou 12,59% no período, e do chileno (IPSA), que subiu 10,56%. Veja abaixo os melhores desempenhos do mercado acionário de março, em dólar:

Ao olhar para o câmbio, o real foi a moeda que mais valorizou frente à divisa dos Estados Unidos no último mês, com avanço de 8,88%. Em segundo lugar na lista aparece a moeda sul africana (rand), com alta de 5,19% e, em seguida, o peso colombiano, que valorizou 4,38%. Veja a seguir os principais desempenhos de março:

Cenário interno

O mercado local repercutiu os dados da taxa de desemprego no Brasil, que ficou em 11,2% nos três meses até fevereiro, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

É a menor taxa para um trimestre encerrado em fevereiro desde 2016. Com ela, o país soma 12 milhões de desempregados. Na comparação com o último trimestre, o número de pessoas em busca de trabalho caiu 3,1%.

Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, os dados da Pnad mensal apontam para mais um sinal de fortalecimento do mercado de trabalho. “Era esperada uma piora na taxa de desemprego, de 11,2% para 11,4%, mas observou-se uma manutenção”, disse. Para Sanchez, as surpresas no mercado de trabalho vem sendo sistemáticas desde meados de 2021, o que “denota força da economia brasileira”.

Outro tema que ganhou relevância na manhã desta quinta-feira foram os rumores políticos na disputa eleitoral, após jornais afirmaram que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), avisou aliados e assessores que não pretende mais deixar o cargo para concorrer à presidência da República. Nesta tarde, Doria anunciou em coletiva que irá continuar na disputa.

Ainda na cena política, o ex-juiz da operação Lava Jato e ex-ministro da Justiça do presidente Jair Bolsonaro, Sergio Moro, decidiu nesta quinta-feira trocar o Podemos pelo União Brasil e deve desistir da candidatura à Presidência para concorrer a deputado federal por São Paulo, segundo o também deputado federal pelo União Brasil Alexandre Leite (SP).

• Veja mais destaques, assista ao Boletim InvestNews:

Guerra na Ucrânia

Já no cenário externo, o otimismo do mercado em torno das negociações de paz fraquejou depois de o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, dizer que suas forças se preparam para novos ataques russos no sudeste do país.

Os Estados Unidos impuseram novas sanções relacionadas à Rússia, enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto dizendo que compradores estrangeiros devem pagar em rublos pelo gás russo a partir de 1° de abril.

Queda do dólar

A cotação do dólar nesta quinta foi influenciada pela formação da Ptax de fim de março. A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para liquidação de derivativos, e, no fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direciona-la para níveis mais convenientes às suas posições – o que eleva a volatilidade.

Além disso, no cenário externo, investidores têm acompanhado com cautela os dados de preços ao consumidor dos EUA, já que a pressão no bolso da população pode levar o banco central norte-americano a endurecer sua postura de política monetária e subir os juros com mais força. A maioria dos mercados já vê um ajuste de 0,5 ponto percentual nos juros – dose acima do normal – na reunião de maio do Federal Reserve (Fed) como o cenário mais provável.

Mas, apesar da indefinição, o real “é o claro destaque positivo para o trimestre” entre as principais moedas do mundo, disse em postagem no Twitter Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês). “Isso se deve ao aumento dos preços das commodities, mas também a uma recuperação há muito atrasada ante uma grande subvalorização.”

Os preços do petróleo e produtos agrícolas dispararam desde o final de fevereiro, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, em meio a temores de restrição da oferta. Nesse contexto, moedas de países exportadores, particularmente da América Latina, têm sido beneficiadas. Além do real, moedas como pesos chileno, colombiano e mexicano, sol peruano e rand sul-africano acumulam ganhos acentuados no ano.

Bolsas Mundiais

Wall Street

As ações dos Estados Unidos caíram nesta quinta-feira e fecharam o primeiro trimestre de 2022 com o maior declínio trimestral em dois anos, conforme persistiam preocupações com o conflito na Ucrânia, seu efeito inflacionário e a resposta do banco central dos Estados Unidos à alta dos preços.

O índice S&P 500 fechou em queda de 1,57%, a 4.530,41 pontos. O Dow Jones caiu 1,56%, a 34.678,35 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite recuou 1,54%, a 14.220,52 pontos.

Embora o índice S&P 500 tenha sofrido o pior trimestre desde que a pandemia da covid-19 estava com força total nos EUA em 2020, os papéis tiveram certa recuperação em março. No trimestre, o S&P 500 caiu 4,9%, o índice Dow Jones perdeu 4,6% e o índice de tecnologia Nasdaq recuou 9,1%.

Mas no mês, o S&P 500 subiu 3,6%, o Dow Jones ganhou 2,3% e o Nasdaq avançou 3,4%.

Europa

As ações europeias caíram nesta quinta-feira e ampliaram primeira perda trimestral em dois anos, liderada por ações de varejo depois que o lucro da H&M ficou abaixo das expectativas.

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 0,94%, a 455,86 pontos, seguindo um tom global de baixa demanda por risco. O STOXX 600 caiu cerca de 6,5% no período de janeiro a março, após sete trimestres consecutivos de ganhos, enquanto investidores permanecem cautelosos diante da crise na Ucrânia.

• Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,83%, a 7.515,68 pontos.
• Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 1,31%, a 14.414,75 pontos.
• Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 1,21%, a 6.659,87 pontos.
• Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 1,10%, a 25.021,26 pontos.
• Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 1,23%, a 8.445,10 pontos.
• Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,49%, a 6.036,97 pontos.

Ásia e Pacífico

As ações da China fecharam em baixa nesta quinta-feira, após dados mostrarem que a atividade nos setores industrial e de serviços do país entrou em território negativo em março, o que levantou preocupações sobre o impacto das novas restrições contra a covid-19 na economia.

• Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,73%, a 27.821 pontos.
• Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 1,06%, a 21.996 pontos.
• Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,44%, a 3.252 pontos.
• O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,74%, a 4.222 pontos.
• Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,40%, a 2.757 pontos.
• Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,27%, a 17.693 pontos.
• Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,99%, a 3.408 pontos.
• Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,20%, a 7.499 pontos.

*Com informações da Reuters.

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