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Finanças

Quanto custa um filho em cada classe social? Despesa pode passar de R$ 1 milhão

Custos variam bastante conforme a faixa de renda, segundo cálculo do planejador financeiro Guilherme Baía; veja simulações.

Mulher e homem com teste de gravidez na mão

A decisão de se tornar pai ou mãe envolve um conjunto de escolhas. Além da opção particular de cuidar ou não de uma criança, outro ponto a ser considerado é a programação financeira. Para dar esse passo, é preciso saber quanto custa ter um filho em famílias com diferentes faixas de renda.

O InvestNews consultou Guilherme Baía, planejador financeiro da Fiduc, para entender o valor dos gastos envolvidos na criação do filho.

Quanto custa ter um filho até a faculdade?

Segundo o especialista, os principais gastos totais com o filho até a faculdade têm um valor estimado de mais de R$ 1 milhão para uma família da classe A. Esse valor pode mudar conforme a localização, a classe social e o planejamento financeiro de quem vai criá-lo.

Não se assuste com o valor, afinal estamos falando de uma quantidade grande de fraldas, alimentos, roupas, mensalidades, gastos com saúde e despesas em geral ao longo de mais de 20 anos. Para trazer uma ideia mais próxima de cada realidade, consideramos a classe social e as despesas por faixa etária:

Gastos anuais por classe social

Quanto maior for a renda de uma família, maior será o acesso da criança a recursos como plano de saúde, ensino privado e atividades extracurriculares.

Já as famílias de renda mais baixa usam a estrutura do serviço público, como o Sistema Único de Saúde (SUS) e a rede pública de ensino. Muitas famílias, inclusive, contam com a merenda oferecida pelas escolas para a refeição diária dos filhos.

Para calcular os gastos com um filho por classe social, Baía considerou desde o nascimento da criança até os 23 anos. Essa é a idade em que o filho costuma terminar a faculdade e espera-se que ele já tenha independência para cuidar da própria vida financeira.

A estimativa não considera a projeção da inflação para as próximas duas décadas. Vale considerar, ainda, que esses números podem mudar de acordo com a região do país e se é área urbana ou interior.

Classe A

Em famílias com renda ao redor de 25 salários mínimos, os gastos ficam entre R$ 882 mil e R$ 1,6 milhão. Considerando custos mensais de, em média, R$ 3.998,00, essa classe social investe R$ 1,1 milhão nos primeiros 23 anos de vida do filho.

Confira como esse valor se distribui anualmente em cada faixa etária:

Fonte: Guilherme Baía, planejador financeiro

Classe B

Famílias que possuem renda de até 10 salários mínimos gastam em torno de R$ 2.546,00 por mês com cada filho, totalizando mais de R$ 702 mil reais ao longo de 23 anos. O valor total ainda pode variar entre R$ 597 mil e R$ 878 mil.

Fonte: Guilherme Baía, planejador financeiro

Classe C

Ter um filho na classe C, com renda de até 6 salários mínimos, custa entre R$ 324 mil e R$ 432 mil. Considerando despesas mensais de R$ 1.307,00, os gastos são de R$ 360 mil.

Fonte: Guilherme Baía, planejador financeiro

Classe D

Por ter uma renda de até 3 salários mínimos, a classe D costuma optar por serviços públicos de saúde e educação, o que reduz consideravelmente as despesas. Os custos mensais ficam em torno de R$ 392,00, totalizando R$ 108 mil.

Fonte: Guilherme Baía, planejador financeiro

Despesas por faixa etária

Cada fase da criança requer custos específicos. Quanto mais preparado você estiver, melhor vai lidar com gastos extras e encarar períodos de instabilidade econômica.

De zero a dois anos

Os primeiros seis meses de vida do bebê incluem custos com exames, vacinas, remédios, consultas com pediatra, alimentação, roupas e itens de higiene.

Um plano de saúde pode cobrir as despesas médicas e garantir a cobertura de procedimentos, caso seja necessário.

Caso o pai ou a mãe precise trabalhar e não tenha com quem deixar a criança nesse período, os berçários recebem bebês a partir de quatro meses, aumentando os cursos dessa fase.

De três a sete anos

Os principais gastos são com mensalidade escolar, material didático, transporte para a escola, lanche e uniforme.

O valor médio da mensalidade na Educação Infantil varia conforme a localidade. Considerando um custo médio de R$800 ao mês, o valor total da escola dos três aos sete anos é de R$48 mil.

De sete a 14 anos

Nessa fase, a criança tem mais definição sobre seus interesses e o desejo por brinquedos, roupas, acessórios, eletrônicos, passeios, etc.

Também é nesse período que os filhos participam de atividades extracurriculares, como um curso de idiomas e prática de esportes. Novas despesas médicas também surgem, como tratamento odontológico, por exemplo.

A partir dos 16 anos

A mensalidade escolar é maior, especialmente no Ensino Médio. Nessa fase, o adolescente pode optar por fazer curso técnico em escolas gratuitas ou conseguir bolsa de estudo. Ele também pode começar a trabalhar por meio de programas de estágio, o que pode contribuir para diminuir os custos.

Essa época inclui ainda um curso pré-vestibular e a faculdade. Há graduações com valores mais flexíveis, além de programas de bolsas. Já as graduações mais caras, como Medicina, aumentam o preço conforme a região e a instituição de ensino.

Agora, se a expectativa é que seu filho estude em uma universidade no exterior, considere gastos com passagem, moradia, alimentação, taxas e anuidade. Cursar uma faculdade nos Estados Unidos, segundo matéria publicada no Business Insider, pode custar quase US$ 40 mil. 

Custos durante a gravidez

Os custos durante da gravidez incluem despesas com exames e procedimentos na gestação, montagem do quarto e enxoval da mãe e do bebê. 

Para fortalecer esse processo de planejamento consciente, pensando no bem-estar do futuro filho, dividimos abaixo alguns custos relacionados à gravidez:

Pré-natal

O pré-natal é o acompanhamento médico durante toda a gravidez e inclui uma série de exames. Essa assistência tem o objetivo de prevenir a saúde da mãe e do bebê e intervir com remédios ou procedimentos se houver problemas na gestação. Há planos de saúde que incluem obstetrícia e exames pré-natal. 

Parto

Um parto no plano particular inclui os profissionais envolvidos, como obstetra, anestesista, pediatra e acesso à UTI neonatal.

Alguns hospitais oferecem o Plano Maternidade para quem não tem convênio particular. O plano é específico para o procedimento e as despesas precisam ser pagas antes da data do parto.

Enxoval

O preço do enxoval do bebê pode variar bastante de uma loja para outra e dos itens que o compõem. Nesta categoria também entra o enxoval da mãe, tanto para a gestação como o pós-parto. São itens como roupas de gestante, sutiã e pijamas de amamentação, bico de silicone, etc.

É possível evitar desperdícios fazendo uma boa pesquisa de preços e com o foco em adquirir os itens essenciais dentro do orçamento. Além disso, o chá-de-bebê pode diminuir os custos. 

Um outro ponto importante é a preparação do quarto do bebê. Alguns pais até planejam mudar de casa ou apartamento para que a criança tenha um espaço maior quando crescer. É aí que o planejamento financeiro faz a diferença.

Fertilização

Procedimentos como a captação de espermatozóides e a inseminação artificial costumam ter preços mais baixos, enquanto a fertilização in vitro custa mais por tentativa.

O plano de saúde não cobre o procedimento, apenas consultas e exames. O SUS pode cobrir uma parte ou todas as despesas para tratamento de reprodução assistida. No entanto, as vagas são limitadas e pode haver um teto de idade para a mulher, entre 35 e 40 anos.

Adoção

Se você tem planos de adotar um filho, não há custos com o pedido. O principal fator é o tempo na fila de espera, mas que pode ser aproveitado para criar uma reserva de emergência para criá-lo quando chegar.

Dicas de planejamento financeiro

Quando o casal tem a intenção de ter filhos, mesmo sem saber quando, já é hora de começar a se planejar. Quanto mais cedo pouparem, vai ser mais fácil contar com o trabalho dos juros compostos para aumentar a reserva financeira.

Confira algumas dicas:

Meta mensal

O valor poupado deve fazer parte do orçamento destinado à reserva para investimentos. O ideal é destinar de 20% a 30% do salário para planos futuros, onde entra o custo do futuro filho.

Tratamentos

Os pais podem consultar especialistas antes de se decidirem ou não por terem um filho. Isso evita que se descubra algum problema quando a mulher já estiver com menos chances de engravidar. Assim, se houver necessidade de tratamento, vai ser mais tranquilo em todos os aspectos, principalmente o psicológico.

Portanto, considere essa fase preparatória no orçamento, bem como um tratamento de fertilização, caso necessário. 

Preferências

A mãe vai querer um quarto particular no hospital? Será parto normal ou cesárea? Vai ser parto humanizado? As fraldas serão todas descartáveis ou terá as reutilizáveis também?

O casal precisa considerar suas preferências na hora de cuidar do bebê e durante a criação dele. Essa conversa pode ser importante para ter um orçamento mais realista sobre seus interesses e necessidades.

Reserva de 6 meses

O ideal é ter reserva suficiente para cobrir pelo menos os custos da gestação e dos primeiros seis meses do bebê. Esse valor deve ser guardado antes da gravidez. 

Poupança para criança ou investir para construir um patrimônio?

Pensando no futuro dos filhos, muitos pais também consideram a ideia de abrir uma conta no nome da criança e deixar esse dinheiro guardado. 

Se for uma conta poupança, essa quantia vai perder valor ao longo do tempo por causa da inflação. Agora que você sabe quanto custa ter um filho e como o tempo pode fazer a diferença, o ideal é buscar aplicações seguras, que podem superar a perda da inflação e ainda garantir um rendimento.

Você pode abrir a conta em uma corretora no nome do seu filho e ficar responsável por ela até a maioridade dele. Essa é uma forma de inserir a educação financeira na vida da criança ao longo do tempo e ajudá-la também a planejar o futuro dela.

Agora é com você! Comece pelo planejamento financeiro de quando pretende ter um filho e monte um orçamento de quanto vai precisar poupar por mês até ter pelo uma reserva para a gestação e os primeiros seis meses do bebê.


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