Analistas do Goldman Sachs (GSG134) afirmam que é “muito cedo” para precificar uma guinada em direção ao afrouxamento da política monetária do Federal Reserve (Fed), já que o cenário econômico ainda não se deteriorou o suficiente e os mercados de taxas de juros continuam muito voláteis.
Com as grandes flutuações das taxas, expectativas de maior retorno com ações em relação a ativos relativamente mais seguros provavelmente foram reduzidas, escreveram estrategistas como Cecilia Mariotti em nota na segunda-feira (10), acrescentando que o banco mantém uma recomendação “underweight” para as ações.
“Com os preços da gasolina em alta e até que um conjunto mais amplo de dados macro sugira mais fraqueza material na economia, no geral nos inclinaríamos contra uma reprecificação ‘dovish’ dos mercados para o Fed”, escreveram os estrategistas em referência ao termo que sinaliza alívio do aperto monetário.
A expectativa de que a política do Fed se tornará mais amigável para a renda variável proporcionou ganhos esporádicos ao S&P 500 nos últimos 12 meses, mas em todos esses ralis o indicador voltou a atingir novas mínimas em cada ocasião. O banco central dos EUA está na rota para aplicar o quarto aumento seguido de 0,75 ponto percentual na reunião de novembro.
O índice acionário de referência dos EUA está a apenas alguns pontos de fechar no menor nível desde novembro de 2020, e pela segunda vez em menos de duas semanas. O S&P 500 mostra queda acumulada de 24% este ano.
O aperto das condições financeiras, uma possível escalada de riscos geopolíticos e a combinação atual de crescimento e inflação mantêm a perspectiva de mais perdas para as bolsas, disseram os estrategistas do Goldman.
A equipe havia alertado no mês passado que o pico dos rendimentos dos títulos de dois anos do Tesouro dos EUA – que sinalizará um giro da política de aperto do Fed – continua distante e uma análise de eventos anteriores indica que é melhor permanecer na defensiva.
Os rendimentos dos Treasuries chegaram a subir quatro pontos-base mais cedo nesta terça-feira, para 4,35%, o nível mais alto desde 2007, em meio à preocupação que os dados de inflação dos EUA nesta semana vão dar mais motivos para o Fed continuar elevando os juros.
Veja também
- Empresas dos EUA observaram desaceleração da atividade nas últimas semanas, diz Fed
- Powell diz que ‘chegou a hora’ de reduzir os juros nos Estados Unidos
- Quanto custa financiar carro e casa nos Estados Unidos?
- O carry trade voltou, mas com o dólar tomando o lugar do iene
- Fed mantém juros inalterados e sinaliza possibilidade de corte em setembro