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Economia

Em 5 anos, preço da gasolina subiu 66% e o salário mínimo, 27%

No cálculo em 20 anos, porém, o cenário se inverte e a gasolina subiu menos que o salário mínimo; compare.

petrobras
Trabalhador abastece carro em posto de gasolina da Petrobras em Brasília. 07/03/2022 REUTERS/Adriano Machado

Nos últimos 5 anos, o preço médio da gasolina nas bombas subiu cerca de 66% para o consumidor – um aumento bem maior do que a elevação de 27% no valor do salário mínimo. Num prazo mais longo, porém, o cenário se inverte: enquanto o combustível teve aumento de 216% em 20 anos, o salário subiu 405%.

É o que aponta levantamento feito pelo InvestNews, considerando dados para meses de março da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A agência calcula o valor médio dos combustíveis por litro em diversos postos pelo país.

Veja abaixo a comparação entre o cenário em 20 anos e em 5 anos:

Preço da gasolina x salário mínimo: variação acumulada em 20 anos até março de 2022
Preço da gasolina x salário mínimo: variação acumulada em 5 anos até março de 2022

Quantos litros de gasolina dá para comprar?

Os números também mostram a diferença na quantidade de gasolina que um salário mínimo podia comprar 20 e 5 anos atrás na comparação com os dias atuais. Um consumidor que decida, em março de 2022, gastar todo o valor de um salário mínimo em gasolina poderá comprar cerca de 173 litros do combustível.

Isso é menos que os 200 litros, aproximadamente, que seriam adquiridos em 2021, porém mais que os 108 de 2003. Ou seja, em 20 anos, a quantidade de gasolina que um salário mínimo pode comprar aumentou 59%. 

Já em 2018, era possível comprar 227 litros de gasolina com um salário mínimo – o que significa que houve queda de quase 24% desde então no poder de compra do salário considerando o preço do combustível. Veja abaixo:

Histórico: gasolina x salário mínimo

Segundo a ANP, o preço médio da gasolina nos postos em março de 2022 está no patamar dos R$ 7. O valor representa uma média calculada pela agência e pode, portanto, variar de acordo com a região do consumidor.

Considerando o período de 20 anos, o ano que teve o menor poder aquisitivo para a gasolina em relação ao salário mínimo foi 2003. O salário era de R$ 240 e o preço médio da gasolina terminou março em R$ 2,21 – o que daria a possibilidade de comprar 108 litros.

Já o maior foi em 2017, quando o salário era de R$ 937 e a gasolina custava, em média, R$ 3,687 por litro em março – o que resultaria em 254 litros comprados.

Veja abaixo os dados completos:

MêsPreço da gasolina (R$ por litro)Salário mínimo (R$)Quantos litros de gasolina podia comprar
mar/032,2152240108
mar/041,9813260131
mar/052,291300131
mar/062,587350135
mar/072,518380151
mar/082,493415166
mar/092,514465185
mar/102,578510198
mar/112,67540202
mar/122,74622227
mar/132,886678235
mar/142,98724243
mar/153,323788237
mar/163,73880236
mar/173,687937254
mar/184,199954227
mar/194,305998232
mar/204,4621045234
mar/215,4841100201
mar/227,0121212173

Gasolina a mais de R$ 7 em 2022

No acumulado de 2022 até agora, o preço da gasolina para o consumidor final já tem alta de mais de 5%, ainda considerando a média da ANP, e tem sido, novamente, um dos principais vilões da inflação.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), somente entre fevereiro e março de 2022 o preço da gasolina subiu 6,95% para o consumidor, sendo um dos principais responsáveis pelo avanço maior que o esperado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que ficou em 1,62% no mês.

A alta veio na esteira do reajuste de 18% feito pela Petrobras (PETR3 e PETR4) no preço da gasolina nas refinarias, em meio à disparada do preço do petróleo no exterior por causa da guerra na Ucrânia

A cotação do barril do petróleo no exterior é um dos fatores considerados pela Petrobras para ajustar o valor de venda dos combustíveis nas refinarias do Brasil, seguindo a política de preços da empresa que busca acompanhar as cotações internacionais. 

Outro fator que pesa na decisão é o dólar – que, como tem registrado baixas em relação ao real nos últimos meses, vem aliviando um pouco da pressão para que os preços da gasolina não subam mais ainda. 

Em meio a preocupações sobre lockdowns na China por causa da covid-19, os preços do petróleo no exterior têm se afastado das máximas atingidas desde a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia. No entanto, dados do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) apontam que ainda há defasagem entre o preço nas refinarias brasileiras e os valores internacionais. 

Segundo cálculos realizados em 4 de abril, o preço da gasolina no Brasil ficou em R$ 0,17/litro (ou -4,2%) abaixo do preço no Golfo do México (EUA).

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