A agência de classificação de risco Fitch Ratings reafirmou nesta quinta-feira (27) o rating do Brasil em “BB-“, com perspectiva negativa, destacando a deterioração das contas fiscais e o fardo da dívida diante da incerteza com a evolução da pandemia e o processo de vacinação.
A perspectiva negativa, segundo a Fitch, reflete riscos para a consolidação fiscal e a recuperação econômica necessárias para a estabilização da dívida pública no médio prazo.
“As pressões dos gastos públicos persistem e suporte fiscal adicional para lidar com as consequências da pandemia não pode ser descartado. As contínuas fragilidades fiscais, assim como o encurtamento da dívida, tornam o Brasil vulnerável a choques”, disse a Fitch em nota.
Por outro lado, a agência explicou que o rating “BB-” é sustentado, entre outros, pelas reservas internacionais robustas, alta renda per capita em relação a outros países e taxa de câmbio flexível.
Entretanto, tudo isso é contrabalançado pelas altas necessidades de financiamento do Brasil e pelo endividamento do governo, rígida estrutura fiscal, fraco potencial econômico e cenário político difícil, que afeta o progresso das reformas fiscais e econômicas.
PIB do Brasil
A Fitch estima ainda que o Brasil crescerá 3,3% em 2021, com a expansão da atividade desacelerando a 2,5% em 2022. O forte carrego estatístico após contração em 2020 e fatores externos como os preços mais altos das commodities e a recuperação do crescimento global sustentam a expansão este ano.
No entanto, o aperto de políticas macroeconômicas e incertezas relacionadas à eleição do próximo ano pesam sobre o investimento e o crescimento em 2022. Os riscos de baixa derivam da incerteza na evolução da pandemia e de potenciais atrasos no processo de vacinação.
A Fitch, que calcula que o déficit do governo ficará em 7,4% do PIB este ano, chamou a atenção ainda para a inflação no Brasil, com expectativa que supere o centro da meta de 3,75% este ano em meio a preços mais altos de commodities e alimentos e ao real fraco.
Entre os fatores que podem levar a um rebaixamento do Brasil, estão o enfraquecimento da estrutura fiscal, uma severa deterioração nas condições de empréstimo dos mercados doméstico e externo, e grave erosão do colchão de reservas internacionais.
A nota soberana atribuída ao Brasil pela Fitch mantém o país no grupo de maior risco de crédito, o chamado status “junk”. Moody’s (“Ba2”, perspectiva estável) e S&P (“BB-“, perspectiva estável) também classificam o rating do Brasil abaixo do grau de investimento.
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