“O que está se desenrolando diante de nossos olhos vem acontecendo há décadas a portas fechadas”, escreveu Benhamou, que faz parte da equipe de vendas de derivativos de ações do JPMorgan, em nota aos clientes. Ele traçou paralelos com os confrontos do presidente Lyndon Johnson com o presidente do Fed, Bill Martin, em 1965.
Benhamou disse que os investidores começarão a se concentrar com as políticas do próximo presidente do Fed à medida que ficar claro que o mandato de Jerome Powell como presidente do Fed está chegando ao fim.
Ele recomenda que os clientes mantenham posições compradas no S&P 500 e no índice VIX, em uma aposta dupla de que os investidores colocarão mais dinheiro em ativos de risco, como criptomoedas e IA, e que a volatilidade se intensificará devido à incerteza em torno de tarifas, inflação e Fed. “A complacência continuará a crescer sem prejudicar o rali”, disse ele.
Pressão contra Powell
A questão da independência do Fed ganhou destaque depois que Donald Trump elevou sua campanha de pressão contra Jerome Powell a um novo patamar na quarta-feira (16), antes de recuar rapidamente. Analistas alertaram que, se Trump demitisse Powell, isso perturbaria os mercados financeiros e levaria a um sério impasse judicial.
“O que está acontecendo diante de todos é definitivamente prejudicial para a instituição, mas sejamos honestos, a independência do Fed é um mito“, declarou Benhamou.
O executivo citou um famoso confronto entre Johnson e Martin em dezembro de 1965, quando Johnson chamou Martin e outros funcionários do Fed para seu rancho no Texas para reclamar que o aumento das taxas prejudicaria a economia. Na época, Martin se recusou a recuar, apesar dos apelos de Johnson.
Independência do Fed
Os principais executivos do JPMorgan, Bank of America e Goldman Sachs enfatizaram a importância da autonomia do Fed.
Sem dúvida, mudanças na taxa de juros dos EUA exigem o apoio da maioria no Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), portanto, qualquer novo presidente terá que convencer seus colegas a reduzir as taxas. As projeções de juros mostraram que os formuladores de políticas parecem divididos quanto à perspectiva de cortes para o restante do ano, principalmente devido a visões divergentes sobre como as tarifas de Trump podem afetar a inflação.
“Não acredito que Powell será de fato demitido, mas isso não importa neste momento, pois o mercado logo perceberá que ele está sinteticamente fora e começará a precificar o que o próximo presidente fará”, disse Benhamou. “Seja Hassett, Waller ou Warsh, não há dúvida de que o concurso de beleza das pombas só vai se intensificar.”