Na tentativa de adiar uma desvalorização que parece cada vez mais inevitável, o governo da Argentina criou um emaranhado de regras de câmbio que conseguiram tornar mais complicado ainda um sistema que já era complicado.

E a disparidade das taxas de câmbio só aumenta com o país e os mercados ansiosos pelos resultados da eleição primária de domingo, que confirmará os candidatos à presidência para o pleito de outubro, e dará uma ideia melhor de quanto apoio cada um tem, e o que vai acontecer com as políticas econômicas do país vizinho. 

Cédula de 100 pesos argentinos sobre notas de 100 dólares americanos.
Nota de cem pesos da Argentina sobre notas de dólares
17/10/2022
REUTERS/Agustin Marcarian

Segue um guia rápido para algumas das taxas mais usadas — e mais estranhas — até porque ainda dá tempo de programar um fim de semana esquiando na Patagônia:

Oficial

Taxa: 287 pesos por dólar

A taxa de câmbio oficial é altamente restrita. Pessoas físicas só podem comprar US$ 200 por mês legalmente à taxa oficial, devem pagar três impostos que adicionam cerca de 80% ao custo. Os economistas estão prevendo uma forte desvalorização da taxa oficial após as eleições primárias do país neste fim de semana.

Dólar blue

Taxa: cerca de 600 pesos por dólar

É taxa mais usada, com cotação diária, para transações em dinheiro vivo, nos fundos de lojas, bancas de jornal ou em escritórios discretos — ou algum conhecido disposta a vender seus dólares, às vezes exigindo grandes sacolas de compras ou mochilas para carregar os maços de notas de pesos.

Blue chip

Taxa: 595 por dólar

A Argentina também tem taxas de câmbio flutuantes para investidores que compram ações e títulos. Para transações locais, é usada uma taxa de câmbio conhecida como “dólar MEP”, enquanto a blue-chip swap (assim mesmo em inglês) é utilizada para operações que terminam no exterior.

Cartão de crédito

Taxa: 523 por dólar

Usado para compras mensais abaixo de US$ 300, uma taxa de câmbio implícita que combina a taxa oficial com os três impostos cobrados nos cartões de crédito para compras em moeda estrangeira.

Dólar Qatar

Taxa: 598 por dólar

Para compras mensais acima de US$ 300 por mês, uma taxa de câmbio implícita que combina a taxa oficial com dois impostos e um terceiro tributo novo, de 25%. Ela surgiu quando milhares de argentinos viajaram ao Qatar para a Copa do Mundo, para assistir sua seleção ganhar seu terceiro mundial.

Dólar Coldplay

Tarifa: 374 por dólar

Os promotores de shows que contratarem artistas que cobram em moeda estrangeira pagarão um imposto de 30%, que é repassado aos fãs além do custo do ingresso. O nome pegou depois que a banda britânica fez 10 shows com ingressos esgotados em Buenos Aires no ano passado.

Dólar Malbec

Taxa: 340 por dólar

O dólar Malbec, também conhecido como dólar agrícola ou dólar da soja, refere-se a uma série de programas de câmbio fixo, implementados por períodos limitados no ano passado. O programa começou como uma tentativa de incitar os produtores a venderem seus estoques de soja para trazer dólares para o banco central. Atualmente, aplica-se aos produtores de sorgo, cevada e girassol, bem como os famosos vinhos.

Dólar lujo

Taxa: 575 por dólar

Os argentinos mais ricos que compram produtos de luxo como jatos particulares, carros esportivos, iates, relógios e álcool de primeira linha precisam pagar impostos adicionais de quase 100% sobre o preço dos produtos importados.

Dólar tech

As empresas de tecnologia podem reter 30% dos dólares de vendas adicionais no exterior em vez de ter que trocar por pesos, conforme a lei anterior. Os dólares são destinados aos salários dos funcionários.