Os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia brasileira fizeram os economistas do mercado financeiro cortarem novamente suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. Conforme o Relatório de Mercado Focus, a expectativa para a economia este ano passou de retração de 1,18% para queda de 1,96%. Há quatro semanas, a estimativa era de alta de 1,68%.
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Para 2021, o mercado financeiro alterou a previsão do Produto Interno Bruto (PIB), de elevação de 2,50% para 2,70%. Quatro semanas atrás, estava em 2,50%.
Em março, na esteira da pandemia, o BC atualizou, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sua projeção para o PIB em 2020, de alta de 1,8% para variação zero. O próprio BC, no entanto, já reconheceu que o cenário está se alterando rapidamente e que, por isso, a projeção do RTI não reflete, necessariamente, a situação atual.
No Focus divulgado nesta segunda-feira, a projeção para a produção industrial de 2020 foi de alta de 0,50% para recuo de 1,42%. Há um mês, estava em 1,63%. No caso de 2021, a estimativa de crescimento da produção industrial passou de 2,70% para 2,95%, ante 2,50% de quatro semanas antes.
A pesquisa Focus mostrou ainda que a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2020 foi de 58,10% para 60,00%. Há um mês, estava em 56,50%. Para 2021, a expectativa foi de 60,00% para 60,73%, ante 57,80% de um mês atrás.
Resultado primário
O Focus trouxe ainda forte mudança na projeção para o resultado primário do governo em 2020. A relação entre o déficit primário e o PIB este ano foi de 1,65% para 4,14%. No caso de 2021, foi de 0,80% para 1,00%. Há um mês, os porcentuais estavam em 1,15% e 0,56%, respectivamente.
Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2020 foi de 6,90% para 9,02%, conforme as projeções dos economistas do mercado financeiro. Para 2021, foi de 5,00% para 4,95%. Há quatro semanas, estas relações estavam em 5,50% e 4,97%, nesta ordem.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Os avanços nas projeções refletem a expectativa de que, com o aumento das despesas do governo durante a pandemia do novo coronavírus, o País terá um cenário fiscal ainda mais difícil.
Balança comercial
Os economistas do mercado financeiro alteraram a projeção para a balança comercial em 2020 na pesquisa Focus, de superávit comercial de US$ 34,10 bilhões para US$ 35,00 bilhões. Um mês atrás, a previsão era de US$ 36,10 bilhões. Para 2021, a estimativa de superávit seguiu em US$ 35,00 bilhões. Há um mês, estava em US$ 34,00 bilhões.
Na estimativa mais recente do BC, o saldo positivo de 2020 ficará em US$ 33,5 bilhões. Esta projeção foi atualizada no Relatório Trimestral de Inflação divulgado em março.
No caso da conta corrente, a previsão contida no Focus para 2020 foi de déficit de US$ 52,34 bilhões para US$ 45,45 bilhões, ante US$ 59,00 bilhões de um mês antes. Para 2021, a projeção de rombo foi de US$ 58,50 bilhões para US$ 52,85 bilhões. Um mês atrás, o rombo projetado era de US$ 60,00 bilhões.
O BC projeta déficit em conta de US$ 41,0 bilhões em 2020.
Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será suficiente para cobrir o resultado deficitário nestes anos. A mediana das previsões para o IDP em 2020 foi de US$ 76,50 bilhões para US$ 73,00 bilhões. Há um mês, estava em US$ 80,00 bilhões. Para 2021, a expectativa seguiu em US$ 80,0 bilhões, ante US$ 83,75 bilhões de um mês antes. O BC projeta IDP de US$ 60,0 bilhões em 2020.
IPCA em 2,52%
Os economistas do mercado financeiro cortaram novamente a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) o índice oficial de preços em 2020 e 2021. O Relatório de Mercado Focus mostra que a mediana para o IPCA neste ano foi de alta de 2,72% para 2,52%. Há um mês, estava em 3,10%. A projeção para o índice em 2021 seguiu em 3,50%. Quatro semanas atrás, estava em 3,65%.
O relatório Focus trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2022, que seguiu em 3,50%. No caso de 2023, a expectativa permaneceu em 3,50%. Há quatro semanas, essas projeções eram de 3,50% para ambos os casos.
A projeção dos economistas para a inflação já está bem abaixo do centro da meta de 2020, de 4,00%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,50% a 5,50%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). Já a meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%).
A expectativa de inflação no curto prazo tem sido bastante afetada pela perspectiva de que, com a pandemia do novo coronavírus, a atividade econômica seja fortemente prejudicada, com impactos negativos sobre a demanda por produtos e baixa da inflação.
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA subiu apenas 0,07% em março o menor porcentual para o mês desde o início do real, em 1994. No ano, a taxa acumulada está em 0,53%.
Top 5
No Focus desta segunda-feira, entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do IPCA no médio prazo, denominadas Top 5, a mediana das projeções para 2020 foi de 2,59% para 2,62%. Para 2021, a estimativa do Top 5 passou de 3,56% para 3,45%. Quatro semanas atrás, as expectativas eram de 3,01% e 3,62%, nesta ordem.
No caso de 2022, a mediana do IPCA no Top 5 permaneceu em 3,50%, igual ao visto um mês atrás. A projeção para 2023 no Top 5 foi de 3,25% para 3,50%, ante 3,38% de quatro semanas antes.