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Economia

O que muda no UBS após compra do Credit Suisse? Veja 5 maiores bancos suíços

Banco passa a ser o terceiro maior da Europa em gestão de ativos.

O UBS (United Bank of Switzerland) passa a ter US$ 5 trilhões em gestão de ativos após a compra do Credit Suisse (C1SU34) no último domingo (19). Com a fusão, o UBS disse que o novo banco terá mais de US$ 1,5 trilhão em investimentos e se tornará o terceiro maior na Europa neste segmento.

O acordo de compra foi feito às pressas entre os bancos e os reguladores do sistema bancário do país para estancar rapidamente a crise do Credit Suisse. Após intensas negociações, o UBS, que já era considerado o maior banco suíço, anunciou a compra do Credit Suisse por 3 bilhões de francos suíços, cerca de US$ 3,25 bilhões.

No mercado interno, o novo banco deve se tornar líder em depósitos, com 333 bilhões de francos suíços, e em empréstimos, de 307 bilhões de francos.

O acordo prevê que os acionistas do Credit Suisse receberão 1 ação do UBS para cada 22,48 ações do Credit Suisse detidas, equivalente a 0,76 franco suíço (CHF) por ação por um valor total de 3 bilhões de francos suíços. E o UBS calcula redução de custos de US$ 8 bilhões até 2027.

Walter Franco, professor de Macroeconomia do Ibmec, destaca que a fusão entre os bancos vai resultar em uma reestruturação das instituições financeiras.

“É claro que sempre há respingos em subsidiárias e empregos, pois muitas vezes uma fusão como essa pode levar a muitos cortes de emprego, redução de vagas e toda uma reestruturação tanto do banco comprado quanto do comprador. O desenlace da situação da Suíça levará a uma reorganização dessas casas bancárias nos diversos mercados onde atual, inclusive Brasil, Estados Unidos e Europa.”

Ele destaca que a fusão dos bancos, que respondem a 50% do mercado interno, não deve afetar a concorrência dentro da Suíça, já que o país possui uma grande capilarização do sistema financeiro, onde as pessoas operam em diferentes bancos conforme seus objetivos.

“O que me preocupa é se essa integração será bem sucedida, quanto ainda será necessário se injetar de dinheiro e como será o impacto dessa fusão nas operações do serviço global como um todo”, disse Franco.

Questionado se a crise do Credit Suisse seria suficiente pra desencadear uma crise bancária global, Franco descartou essa possibilidade.

“O que a gente tem de eventual problema que poderia levar a uma crise global seria uma fraqueza mais generalizada das economias globais como um todo. A questão do Credit Suisse é muito pontual e muito específica daquele mercado.”

Resgate do Credit Suisse

O Credit Suisse, uma das maiores instituições de investimentos do mundo, vinha enfrentando uma crise de confiança no mercado. Após ter elevado seu “seguro contra calotes” (conhecido como CDS) ao maior nível desde 2009, e em meio a notícias sobre planos de reestruturação, investidores passaram a questionar sua saúde financeira.

O Banco Central da Suíça chegou a emprestar US$ 54 bilhões ao Credit Suisse. A preocupação em torno do banco suíço cresceu depois que seu maior acionista, o Saudi National Bank, declarou que não poderia fornecer mais ajuda financeira ao banco citando questões regulatórias.

O analista financeiro Andrey Nousi, ex vice-presidente do JPMorgan na Suíça e CEO da Nousi Finance, ressalta que o clima no país europeu está “surpreendentemente tranquilo” após a compra do Credit Suisse pelo UBS.

“Não há pânico, pois entende-se que foi uma situação específica entre os bancos suíços e que já vinha enfrentando problemas. Já o UBS vem desde 2008, quando foi resgatado pelo governo suíço, fazendo o dever de casa focando em wealth management ao invés de investment banking e alinhando suas operações para ficarem mais enxutas”, disse.

Os reguladores suíços também darão suporte financeiro para o UBS. Serão 25 bilhões de francos suíços (US$ 27 bilhões) em recursos disponibilizados, dos quais 15,8 bilhões de francos em títulos do banco que serão comprados pelo órgão regulador Finma (Autoridade Supervisora do Mercado Financeiro Suíço) e 9 bilhões de francos suíços para a proteção de ativos não essenciais.

REUTERS/Arnd Wiegmann

Os maiores bancos suíços

1º – UBS (United Bank of Switzerland) 

O UBS Group AG (UBSG34) é o maior banco de gerenciamento de patrimônio do mundo, tornando-se o número um no setor de private banking internacional dedicado a clientes ricos. É um banco universal e oferece todos os serviços bancários, incluindo banco comercial, gestão de ativos, finanças corporativas e banco de investimento.

Com sede em Zurique e Basel, o UBS emprega mais de 75 mil pessoas em mais de 50 países. Os ativos totais mostrados no balanço 2022 são CHF 1.104,3 bilhão (francos suíços).

2º – Credit Suisse 

O Credit Suisse era considerado o segundo maior banco universal suíço, ou seja, que oferece todos os serviços bancários. 

Fundado em 16 de julho de 1856 por Alfred Escher, o banco tem sede em Zurique. Com 50.000 funcionários, o Credit Suisse também tem presença global. Em 2022, Em 2022, a perda líquida do banco foi de aproximadamente 7,3 bilhões de francos suíços (cerca de US$ 7,8 bilhões). O número corresponde a cerca de quatro vezes o prejuízo registrado no ano anterior.

3º – Raiffeisen Switzerland Group

O Grupo Raiffeisen assume o 3º lugar nesta lista dos maiores bancos. Raiffeisenbank é o líder no negócio de varejo e possui presença local com 806 filiais.

O grupo possui 220 filiais Raiffeisen organizadas como cooperativas e tem 3,6 milhões de clientes. Em 2022 , o Grupo Raiffeisen tinha CHF 280 bilhões (francos suíços) em ativos sob gestão.

4º – Zurich Cantonal Bank (Zürcher Kantonalbank)

Fundado em 1870, o Zurich Cantonal Bank, conhecido como ZKB, é considerado o banco mais seguro do mundo. É um dos poucos bancos com classificação AAA das agências de rating. A instituição financeira é de propriedade do Cantão de Zurique.

Os clientes da ZKB possuem uma garantia estatal ilimitada do Cantão de Zurique. Todo o dinheiro dos clientes em suas contas bancárias suíças mantidas no ZKB é protegido pelo governo do Cantão de Zurique. Isso é único no sistema bancário suíço e, por isso, o ZKB é muito seletivo na integração de novos clientes.

5º – Postfinance

A PostFinance é a unidade de serviços financeiros da Swiss Post, fundada em 1906. E é a quinta maior instituição financeira de varejo na Suíça. 

A sua principal área de atividade é nos pagamentos nacionais e internacionais e uma parte menor mas crescente nas áreas de poupança, pensões e imobiliário. A PostFinance registrou CHF 114,380 milhões de francos suíços em ativos em 2022.

Banco Credit Suisse em Genebra, Suíça 15/03/2023 REUTERS/Denis Balibouse

9 categorias de bancos suíços

Os bancos na Suíça são famosos por sua confidencialidade e atraem investidores que procuram por sigilo bancário, além da estabilidade do sistema financeiro e diversidade bancária. O país possui mais de 240 bancos divididos em nove categorias:

1 – Grandes bancos

São as grandes instituições financeiras que respondem pela maior parte de administração de ativos do país.

2 – Bancos controlados por estrangeiros

São bancos de propriedade de pessoas físicas ou jurídicas residentes ou sediadas no exterior.

3 – Bancos de bolsa de valores

São bancos privados para clientes privados que oferecem serviços de gestão de patrimônio. São sociedades anônimas por ações.

4 – Filiais de bancos estrangeiros

Ao contrário dos bancos controlados por estrangeiros, eles não têm personalidade jurídica própria como agências e se reportam à matriz no exterior.

5 – Bancos cantonais

São institutos públicos de um cantão (nome dado a cada um dos 26 estados suíços). A maioria deles tem uma garantia do estado.

6 – Banqueiros privados

São gestores de patrimônio com clientes privados internacionais. Existem apenas cinco bancos desse tipo, que não têm de publicar relatórios anuais ou balanços financeiros.

Diferentemente dos bancos privados, eles são responsáveis ​​por seus ativos privados como empresa individual, parceria geral ou parceria limitada.

7 – Bancos Raiffeisen

São bancos organizados por cooperativas que operam principalmente a taxa de juros com hipotecas e empréstimos comerciais em todo o país. 

9 – Bancos regionais e de poupança

Eles operam principalmente as taxas de juros com hipotecas e empréstimos comerciais em uma base regional. Eles são organizados como sociedades anônimas e, em parte, também como cooperativas.

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