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Economia

Petrobras: Governo busca substituto para Landim no conselho da empresa

Empresário Rodolfo Landim decidiu recusar presidir colegiado da petrolífera.

Logo da empresa de petróleo, Petrobras, no Rio de Janeiro
Logo da empresa de petróleo, Petrobras, no Rio de Janeiro, Brasil. 16/10/2019 REUTERS/Sergio Moraes

O Ministério de Minas e Energia passou a procurar um outro nome para o conselho de administração da Petrobras depois que o empresário Rodolfo Landim comunicou, na madrugada deste domingo (3), que decidiu recusar a indicação para presidir o colegiado. De acordo com a pasta, a nova indicação será avaliada com a “responsabilidade que a situação requer”.

Landim havia sido indicado para o cargo em 28 de março, junto com o nome do economista Adriano Pires para a presidência da estatal. Em carta endereçada ao ministério, Landim, que também é presidente do Flamengo, afirma que, “apesar do tamanho e da importância da Petrobras para o nosso País, e da enorme honra para mim em exercer este cargo”, decidiu abrir mão da indicação e concentrar-se na administração do time.

“Entendo que existiria um risco considerável, caso fosse conduzido à presidência do conselho da Petrobras, de não conseguir exercer ambas as funções com a excelência por mim desejada e à altura que a Petrobras e o Flamengo merecem”, escreveu.

Ex-funcionário de carreira da Petrobras, ele presidiu a antiga BR Distribuidora (agora Vibra Energia), de 2003 a 2006, no governo Lula. Deixou a estatal para assumir cargos de liderança nas empresas do Grupo X, de Eike Batista, com quem tem uma longa rixa, inclusive na Justiça. Em carreira solo, criou sua própria petrolífera, a Ouro Preto, vendida em 2020.

A desistência de Landim elevou ainda mais a temperatura em torno da troca de comando na Petrobras, depois que o presidente Jair Bolsonaro demitiu o general da reserva Joaquim Silva e Luna da presidência da estatal. É que Pires, indicado para o cargo, já tem seu nome contestado pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) por suposto conflito de interesses.

Em representação, o subprocurador-geral do MP-TCU Lucas Rocha Furtado afirmou ter identificado problemas, “tendo em vista sua (de Pires) atuação na iniciativa privada, a lançar dúvidas sobre a possibilidade ética e legal de vir a assumir a presidência da Petrobras”. Segundo Furtado, Pires “mantém relações econômicas de caráter privado com diversas empresas nacionais e internacionais que se relacionam com a Petrobras, inclusive concorrentes diretas da estatal no mercado internacional”.

Entre as questões para que o economista seja efetivado no cargo, estaria a necessidade de desligamento compulsório do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), empresa que é comandada por seu filho, Pedro Pires. A legislação brasileira é clara ao dizer que um executivo da estatal não pode ter parentesco com outra pessoa que atue no mercado e que possa ser considerado um concorrente.

Além disso, também há a relação da CBIE com empresas dos setores de energia e óleo e gás. Entre elas, a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), que tem como associadas empresas concessionárias dos serviços de distribuição de gás canalizado, e grandes empresas como Exxon Mobil, Shell, Braskem, Chevron, Ipiranga, CPFL Energia, Eneva, Engie e outras de diferentes segmentos.

‘Trâmites legais’

O Ministério de Minas e Energia afirmou que, desde a semana passada, Pires está cumprindo os “trâmites legais e administrativos” exigidos para a proposição do seu nome à Assembleia Geral Ordinária, marcada para o próximo dia 13. “Temos de aguardar todas essas análises e, se tiver algum óbice, se pode ser superado”, informou a pasta. Procurado ontem, o economista não retornou às chamadas até a conclusão desta edição.

Depois de contar com um presidente das Forças Armadas, o general Silva e Luna, o governo buscava de volta um nome do mercado para as presidências da estatal e de seu conselho. Luna e seu antecessor, Roberto Castello Branco, acabaram saindo da empresa justamente por divergências com o Palácio do Planalto sobre a política de preços da companhia. Em entrevista ao Estadão, Silva e Luna afirmou que “é muito mais fácil encontrar um culpado do que uma solução” e desejou “sorte” a seu sucessor.

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