O dólar renovou sua máxima histórica nesta segunda-feira (2) e fechou valendo R$ 6,068 uma alta de 1,13%. E as razões para essa nova disparada são as mesmas que têm movido os mercados nas últimas semanas: as medidas fiscais anunciadas pelo governo brasileiro e a ameaça dos Estados Unidos de elevarem tarifas de importação.
Nesta segunda-feira, a notícia que mais pesou sobre o mercado foi a ameaça feita por Donald Trump, presidente eleito nos Estados Unidos, de elevar as tarifas de importação de países do Brics, grupo do qual o Brasil faz parte. Se esses países não se comprometerem a não lançar uma nova moeda ou apoiar outra divisa que substitua o dólar, o republicano disse que vai impor tarifas de 100% sobre seus produtos.
A postura protecionista de Trump está provocando uma valorização do dólar no mundo todo, não apenas no Brasil. Tanto é que o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, subia 0,67%, aos 106,446 pontos, no fim da tarde.
Mas, no mercado local, o efeito do fortalecimento do dólar acaba ganhando ainda mais espaço. Isso por causa da preocupação crescente com o cenário fiscal. E que ficou ainda mais agudo desde a divulgação do pacote de corte de gastos, anunciado junto com a intenção do governo de isentar de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5.000,00.
Esse conjunto de propostas deixou a sensação de que o governo tem pouco compromisso em colocar as contas públicas em dia. E provocou uma onda de busca por ativos mais seguros, entre eles o dólar, que superou pela primeira vez a marca dos R$ 6,00 na quinta-feira, day after do anúncio.
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Na sexta-feira, o mercado chegou a mostrar algum alívio depois que uma espécie de ação coordenada em Brasília gerou algumas boas notícias. Uma delas foram as declarações dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de que o Congresso pode apoiar a aprovação das medidas de corte de gasto propostas pelo governo. Mas que esse apoio está desvinculado da proposta de isenção de IR.
Outra notícia que ajudou a melhorar o clima, ao menos no curto prazo, foi a indicação do economista Nilton David, head trader do banco Bradesco, para assumir a diretoria de Política Monetária a partir de janeiro, no lugar de Gabriel Galípolo. O nome foi considerado “melhor do que o esperado” por ter um perfil técnico e com muita experiência em mercado financeiro, condição considerada essencial para desempenhar a função.
Mas o efeito positivo durou pouco. Tanto é que, como costuma acontecer nos momentos de nervosismo, a discussão sobre uma possível intervenção do Banco Central no câmbio voltou à pauta. Galípolo, futuro presidente do BC, já avisou que não vai “segurar o dólar no peito”.
Ou seja, a volatilidade segue no horizonte.
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