Entramos na semana mais aguardada para os entusiastas da rede Ethereum (ETH), um upgrade chamado “The Merge” (A Fusão, na tradução para o português) irá mudar o modo de validação das transações. Do atual mecanismo de consenso Proof-of-work (PoW), a rede migrará para o Proof-of-Stake (PoS).
Em poucas palavras, o que são os mecanismos de consenso?
Um mecanismo de consenso em uma rede blockchain atua dizendo qual é o protocolo de validação para a segurança daquele ambiente.
Um exemplo: imagine uma planilha do Google (GOGL34) em que compartilhamos publicamente informações, de modo que qualquer pessoa possa conhecê-las e alterá-las.
Mas qual seria o meio para controlar a segurança dessa planilha, já que ela é aberta a todos? Como poderíamos permitir que qualquer pessoa pudesse acessar, auditar e registrar apenas informações válidas?
Uma alternativa seria pensar em regras ou parâmetros para definir quem, o quê e quando alguma informação pode ser registrada. Portanto, esse seria um modelo de mecanismo de consenso que iria garantir a validação e segurança de uma rede.
O que é Proof-of-Work (PoW)?
Para resolver o problema acima, uma possibilidade seria utilizar o protocolo PoW, que é uma rede que exige que sejam utilizados equipamentos (hardware) e eletricidade para ajudar no processo de validação e registro das transações.
Os interessados que possuem esses equipamentos participam de uma “corrida” para desvendar um enigma que é difícil de ser alcançado (exige bastante poder computacional dedicado), porém, fácil de ser verificado pelos demais participantes da rede.
O participante que conseguir desvendar esse enigma em primeiro lugar, ganha o direito de registrar as transações nesta planilha e, como recompensa, ganha da rede um valor já pré-determinado e conhecido por todos.
Esse é o mecanismo utilizado pela rede Bitcoin (BTC) e que foi utilizado pelo ethereum desde seu lançamento até agora, que irá migrar para o PoS.
O que é Proof-of-Stake (PoS)?
O Proof-of-Stake quer alcançar os mesmos resultados do Proof-of-Work, permitindo apenas que transações válidas sejam registradas nesta rede, porém, sem que seja preciso utilizar os hardwares ou ter o gasto energético para fazer isso.
Vamos imaginar aquela planilha compartilhada novamente. Agora, ao invés de poder computacional e energia, os interessados em participarem dessa rede como validadores devem depositar nela um número pré-determinado de suas criptomoedas para terem o direito de conferir e registrar as transações válidas. Só assim vão poder receber de volta como recompensa uma taxa de cada uma das transações.
Mas o que é melhor, PoW ou PoS?
São dois modelos distintos que buscam o mesmo resultado.
O PoW é o mecanismo mais testado e que conseguiu atingir um alto nível de descentralização na rede do bitcoin.
No caso das blockchains, quanto maior o grau de descentralização, mais segura é a rede.
O PoS vem sendo testado em outras redes menores e, também, nas redes de teste do ethereum, que tiveram relativo sucesso desde 2020. Devemos, agora, aguardar como se dará o resultado a partir da aplicação na segunda maior blockchain do mundo, o ethereum.
Por que o ethereum está migrando para Proof-of-Stake (PoS)?
O ethereum sempre trabalhou para ser uma blockchain com menor gasto energético.
Essa é uma questão polêmica e com diversos pontos de vista sobre a segurança versus o gasto energético que o protocolo PoW demanda.
Pessoalmente, entendo que o gasto energético do bitcoin é bastante justificável pelos benefícios que ele agrega à sociedade e se olharmos em perspectiva, tudo o que agrega valor na economia carrega por trás um gasto energético.
Claro que devemos sempre buscar as melhores e mais eficientes fontes de energia disponíveis para essas atividades.
O que podemos dizer sobre segurança e a descentralização?
Entendo que, para o bitcoin, o PoW é e sempre será a melhor opção para manter essa rede de validação segura. Porém, acho interessante acompanhar as mudanças e os experimentos que vêm sendo implementados na rede ethereum e desejo muito sucesso para o “The Merge”.
Thiago Padovan é co-fundador da Blockchain Academy e co-fundador e consultor em inovação e tecnologias distribuídas no projeto Movements Network. Ele vem atuando nos últimos anos em projetos de educação, inovação e Blockchain para empresas e agências de publicidade. |
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