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Economia

Turismo: dólar afeta decisão de compra até dos mais ricos 

Na Queensberry, braço de pacotes de luxo da BeFly, compra de pacotes caiu 35%, em média, nas últimas duas semanas

Pode ser a viagem para a Disney com a família, o passeio romântico pela Europa ou a escapada de ski na temporada de inverno no Hemisfério Sul. Quem tem viagem internacional marcada ou pensava em fazer uma se assustou com a escalada recente do dólar, que em duas semanas chegou a subir pouco mais de 5%. E nem mesmo quem tem mais dinheiro escapou do susto.

Na Queensberry, braço do grupo BeFly com foco em viagens de luxo, a compra de pacotes caiu 35%, em média, nas últimas duas semanas. Luciano Guimarães, vice-presidente de negócios da empresa, diz que o público de alta renda pode pagar o valor mais alto do pacote provocado pela valorização do dólar, mas prefere esperar a poeira baixar.

“Uma viagem de R$ 50 mil passa a custar R$ 53 mil. O orçamento dessa pessoa não é destruído por isso, mas é um susto. O cara começou a olhar o dólar e falou: não sei onde [o dólar] vai parar, não vou gastar.”

Luciano Guimarães, vice-presidente da BeFly. Crédito: Divulgação

No segmento midscale – categoria intermediária entre padrão e o luxo – também houve uma queda de 26% na comercialização dos pacotes, mas as viagens corporativas foram as mais afetadas nas duas últimas semanas: o recuo chegou a 40%. Nesse segmento, não foi só o dólar que minguou as vendas: a guerra no Oriente Médio também fez com que as empresas ficassem mais cautelosas na hora de embarcar seus funcionários.

“O turismo corporativo compra [viagens] com uma média de antecedência de 15 dias. Não compra para viajar em agosto, por exemplo, compra para agora. E algumas empresas falam assim: ‘você tem uma reunião importante em Paris, mas vamos tentar esperar mais uma semana. Vai que acontece alguma coisa'”, aponta Guimarães.

Além da guerra e da alta do dólar, outro entrave tem contribuído para um abril mais turbulento para o setor do turismo: o fim do Perse, programa de incentivo tributário para o setor de eventos e turismo criado durante a pandemia. O objetivo da iniciativa, que se estenderia até 2027, era aliviar os prejuízos do setor [o Congresso discute um projeto de lei para voltar a estabelecer alguns benefícios].

“O custo das agências de viagens aumenta 22%, em média, quando eu falo desse imposto que ninguém tinha programado. Com o dólar baixo e com guerra, é quase como uma tempestade perfeita. É tudo contra o cenário do turismo”, diz o executivo.

Viagem marcada?

Para quem já tem viagem marcada, o vice-presidente da BeFly orienta “travar” o câmbio o quanto antes. O que isso significa? Compre dólar assim que possível. Até porque os sinais sobre o que deve acontecer com a moeda americana não estão claros em meio às mudanças de metas fiscais no Brasil e conflitos no Oriente Médio.

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“As pessoas deixaram de fazer o câmbio antes de viajar, por conta da facilidade do cartão de crédito e das contas internacionais. Mas se você tem um orçamento programado, melhor já fazer o câmbio. Se o budget de viagem é US$ 2 mil, compre agora para não ter uma surpresa do que pode acontecer lá na frente”, diz Guimarães.

Uma das dicas para movimentar o dinheiro no exterior é usar uma conta internacional, sobre a qual incide um imposto sobre operações financeiras (IOF) fixo de 1,10% – taxa bem menor do que a cobrada pelo cartão de crédito, que é de 4,38%. No Brasil, Inter, BS2, Avenue, Nomad, C6, Wise e Nubank estão entre as plataformas que oferecem a modalidade.

Nas contas internacionais, o cliente pode fazer uma transferência em reais via PIX de sua conta corrente para a conta internacional e converter quase que imediatamente esses recursos em dólares, euros e várias outras moedas.

Uma alternativa comumente indicada pelos especialistas é a do dólar médio: não compre de uma só vez a moeda americana (ou euros). Vá comprando ao longo de semanas ou meses, de tal forma a diluir eventuais picos de valorização.

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