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13º salário caiu na conta? Veja 5 dicas para investir e usufruir do dinheiro

Em tempos de crise, especialistas recomendam fazer um planejamento financeiro antes de sair gastando como se não houvesse amanhã.

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A temporada de pagamentos do 13º salário está oficialmente aberta a partir desta segunda-feira (30). Todos os brasileiros empregados em 2020, incluindo os que tiveram jornada laboral reduzida na pandemia, têm direito ao beneficio. O pagamento é feito em duas parcelas: a primeira com data limite em 30 de novembro e a segunda até o dia 20 de dezembro.

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Embora o recurso seja visto tradicionalmente como uma alternativa para movimentar a economia — incentivando o brasileiro a ir às compras no Natal e Ano Novo — é importante lembrar que 2020 foi um ano atípico e há pela frente um futuro incerto em 2021.

Se nos anos anteriores os educadores financeiros recomendavam cautela com o uso deste dinheiro, agora todo cuidado é redobrado, segundo eles. Sair gastando todo o 13º sem separar uma parte para formar uma reserva de emergência é praticamente um ato suicida. “Em 2021, a inflação e juros devem subir. Não há nada concreto com as vacinas e existe o risco de uma segunda onda da pandemia. Sem reserva, ficamos expostos a qualquer problema”, afirma Márcia Silva, gerente de investimentos na Sicredi Vale do Piquiri.

Além dos riscos macroeconômicos, a pandemia deixou uma herança problemática na saúde financeira dos brasileiros. É o caso da inadimplência: segundo um levantamento da Serasa, há 62 milhões de brasileiros com dívidas em atraso.

Outro problema é o desemprego crescente, que chegou no seu patamar recorde de 14,6% no trimestre terminado em setembro, com 14,1 milhões de desempregados. Com profissionais à disposição e poucos recursos nas empresas, o mercado de trabalho se torna feroz e planejamento financeiro é vital para sobreviver. Afinal, por quanto tempo um trabalhador conseguiria se manter se perdesse toda sua renda amanhã?

De olho nestas situações, o InvestNews elaborou um passo a passo para que o brasileiro possa usufruir do seu 13º de forma inteligente, satisfazendo os desejos de consumo, mas sem arrependimentos no futuro. Confira:

1 – Pague as dívidas

Murilo Breder, analista da Easynvest, explica que a prioridade para todo brasileiro que recebe o 13º deve ser pagar suas dívidas em primeiro lugar, já que os juros do crédito costumam ser exorbitantes e nenhum investimento, seja na renda fixa ou na variável, consegue superar isso.

Segundo dados do Banco Central, até o mês de outubro, a taxa média de juros para o cheque especial era de 112,9% ao ano enquanto os juros do rotativo do cartão de crédito chegavam a 317,5% ao ano.

Este é o motivo pelo qual, se você está endividado, deve concentrar a sua energia em quitar as dívidas ou parcelamentos em aberto, começando pelas dívidas mais caras: cheque especial e rotativo do cartão de crédito. Sabe aquela fatura do cartão que você parcelou em mil vezes? Os juros podem virar uma bola de neve.

Segundo o último boletim Focus do Banco Central, a taxa Selic deve terminar 2020 em 2% ao ano e a perspectiva para o final 2021 é de juros de 3% ao ano. Desta forma, um investimento em renda fixa que pague 100% do CDI entregaria em média um retorno de 1,94% ao ano para o investidor.

Depois de ter quitado as dívidas mais caras, se você tiver outras dívidas é preciso analisar qual é a situação dos juros, qual é o valor das parcelas em aberto e se haveria a chance de usar o 13º para pagar à vista com um bom desconto.

Márcia Silva recomenda sempre comparar com os juros do mercado. Por exemplo, se você pegou um empréstimo pessoal com juros de 6,08% ao mês, considerando que a Selic é de 2% ao ano, a conta pode ficar bem cara no acumulado de 12 meses. Talvez seja o caso de buscar um bom desconto à vista e zerar a dívida.

Agora, se o seu parcelamento tiver juros baixos, pode ser melhor pagar as parcelas e guardar o 13º para as despesas de janeiro ou a reserva de emergência. Um exemplo é o crédito Pronampe, oferecido pela Caixa Econômica, para microempresários. O empréstimo permitia optar por até 36 parcelas com juros anuais de 1,25% ao ano (abaixo da Selic). Neste caso, a especialista recomenda continuar com o parcelamento.

Além de avaliar se deve zerar a dívida ou parcelar, Márcia aconselha olhar para o valor mensal das parcelas e refletir se em 2021 haverá condições de pagar este valor com os juros embutidos. Se está em dúvida sobre honrar o compromisso, talvez seja melhor pagar à vista ou até mesmo guardar uma parte do 13º para isso.

Outra alternativa é adiantar as parcelas, sempre optando por pagar as últimas do financiamento/parcelamento. Segundo a especialista este é um direito do consumidor e as instituições financeiras não podem se recusar.

Suponhamos que você fez uma compra e parcelou em 36 vezes. Pagar a sétima parcela não deve trazer muito desconto nos juros. Mas se você pagar a parcela 36, vai sentir uma baita diferença. “Em financiamento de carro, a distância entre as primeiras e últimas parcelas chega a ser de até R$ 9 mil”, explica.

Uma dica é ligar para as instituições para as quais você deve, comentar que recebeu o 13º e informar que deseja pagar as 5 últimas parcelas sem juros.

2 – Separe o valor das contas de janeiro

O segundo passo para usar bem o seu 13º é separar com antecedência o valor das contas que serão pagas em janeiro. No começo do ano surgem gastos extras como IPTU, IPVA, matrícula e material escolar.

Estas contas não podem ficar em atraso porque há o risco de ter um protesto no seu nome. Muitos brasileiros cometem o erro de torrar o 13º em dezembro e, quando chega janeiro, entram no tempo de vacas magras. Sem recursos para arcar com as contas, acabam recorrendo a empréstimos com juros elevados.

Márcia aconselha fazer um planejamento antes mesmo que o 13º caia na conta, separando o recurso específico para o pagamento. “Se você tem carro sabe que o IPVA corresponde a 4% do valor do seu veículo. Olhe a tabela Fipe para fazer o cálculo com antecedência”, recomenda.

Ela acrescenta que, caso não seja possível pagar o IPVA em janeiro, há ainda a oportunidade de fazer isso em fevereiro. Mas, sempre que possível, fuja das parcelas porque não terá economizado nada.

3 – Monte a reserva de emergência

O terceiro passo, porém o mais importante, é guardar parte do dinheiro do 13º para criar ou engordar a sua reserva de emergência.

Sabe aquele recurso extra que você precisa para alguma eventualidade? Seja perda de emprego, redução de renda, projetos, entre outros. Se você ainda não começou, crie um plano estratégico para guardar pelo menos de 3 a 6 meses das suas despesas básicas e utilize o 13º para contribuir com este acumulo de reservas.

Mesmo que você já tenho acumulado os 6 meses de despesas, Márcia recomenda fortalecer a reserva de emergência com o 13º, porque nunca se sabe por quanto tempo será necessário usar este recurso na crise.

Entre as alternativas para guardar este recurso, opte por investimentos com baixo risco e alta liquidez. Por exemplo, Tesouro Selic, Fundo DI simples e CDB de grande banco (rende 100% do CDI e tem liquidez diária).

Além da reserva de emergência, quem faz declaração completa do Imposto de Renda pode utilizar o 13º para fazer diferimento fiscal. “Uma alternativa é falar com seu contador e avaliar qual fundo de previdência PGBL seria ideal para ter redução no imposto”, aconselha ela.

4 – Cuidado com as compras de Natal e viagens

É natural que você também queira aproveitar da grana extra para satisfazer alguns desejos de consumo. Afinal, ninguém é de ferro. O Natal e Ano Novo são datas comemorativas que requerem mais dinheiro.

Quando se trata de presentes, a dica da especialista para não se exceder nos gastos é comprar sempre à vista. E em 2020 também é importante priorizar para quem realmente você vai dar presente, de preferência pessoas próximas da família.

Estes presentes devem ser de preferência simples e baratos. Opte por lembrancinhas que possam ser pagas à vista. “Nada de Iphone 12”, brinca Márcia.

Para quem está pensando em viajar aproveitando que as agências de turismo devem estar com bons descontos nos pacotes, a especialista recomenda cautela. Não apenas por causa da pandemia e sim pelo custo dos serviços nos estados que podem ficar caros. “As cidades turísticas sofreram com poucas pessoas circulando e o valor dos serviços pode ficar pelas nuvens, pela necessidade de movimentar a economia local”, alerta.

Se você não planejou a viagem com antecedência, não caia na furada de usar o cartão de crédito para gastar um dinheiro que você não tem. Porque não tentar o caminho inverso? Aproveite que as agências estão com desconto e comece a planejar desde agora sua viagem para 2021.

5 – Aproveite para investir

Se você já pagou as dívidas, separou o dinheiro das contas de janeiro e reforçou a reserva de emergência, uma ótima alternativa para a sua saúde financeira é investir. Ou até mesmo se você não fez isso antes, o 13º pode ser uma boa oportunidade para começar a jornada.

Para isso, Murilo Breder, analista da Easynvest, explica que o primeiro passo é descobrir qual é o seu perfil do investidor: conservador, moderado ou agressivo. Na sequência, é importante estabelecer objetivos, seja de curto, médio ou longo prazo.

Retomando o exemplo acima, um erro comum de muitos brasileiros é não organizar as viagens com antecedência. E quando chega o final do ano, com os valores pelas nuvens, optam por usar o cartão de crédito para bancar as sonhadas férias. Mas vale mesmo a pena gastar um dinheiro que mal sabemos se teremos amanhã?

Uma alternativa seria investir para planejar a sua próxima viagem. Suponhamos que você pretende fazer isso daqui a 12 meses. Breder aconselha optar por aplicações de baixo risco e com facilidade de resgate, entre elas Tesouro Selic ou CDB com liquidez diária.

Existe a opção também de procurar por um CDB com vencimento em 1 ano, para garantir uma rentabilidade maior.

Uma terceira alternativa, com retorno superior é investir via fundos, seja de renda fixa ou multimercados. Todos eles oferecem um retorno superior do que a renda fixa e menos volatilidade do que a renda variável.

Breder destaca dois pontos de atenção ao optar por estes investimentos: o prazo de resgate pode ser superior, tem fundos que demoram até 30 dias para reembolsar o dinheiro e os lucros. E, muitas vezes, os fundos podem ficar negativos em 1 ou 2 meses, mas isso não significa que, no ano, o retorno seja negativo. “A maioria dos fundos multimercado e de renda fixa tem bons retornos”, explica o analista.

O analista da Easynvest recomenda combos para investir em fundos, com bom retorno e com menos de R$ 1.000. Veja algumas alternativas:

Obs: As opções acima refletem recomendações dos analistas da Easynvest e não são de responsabilidade do InvestNews.

Agora, se você tem uma vida estável, as contas em dia e não pretende usar o 13º no curto prazo, uma boa opção é começar a construir a sua aposentadoria. Breder afirma que uma alternativa efetiva para isso é comprar ações. “Mesmo com a economia saindo da crise, 2021 tem um cenário otimista para a bolsa de valores. Tem muito ativo barato”, explica.

Segundo ele, nada melhor para a aposentadoria que uma carteira de ações bem diversificada. O analista de renda variável da Easynvest, José Falcão, recomenda as seguintes 10 ações para o mês de dezembro, na carteira mensal Easy Top 10:

AçãoCódigo Setor
Itaú Unibanco ITUB4 Financeiro​
Qualicorp QUAL3 Saúde
Vale VALE3 Mineração
SLC Agrícola SLCE3 Agrícola​
Taesa TAEE11 Energia
Eneva ENEV3 Energia​
B3 – Brasil Bolsa Balcão B3SA3 Financeiro
MultiplanMULT3Shoppings
Lojas Renner LREN3 Consumo
Magazine Luiza MGLU3 Consumo

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