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Finanças

Ação da Petrobras tem negociação suspensa após pedido de demissão de CEO

No início da tarde, os papéis da empresa passaram a operar em leve alta.

A ação preferencial da Petrobras (PETR4) teve as negociações suspensas na bolsa brasileira na abertura do mercado nesta segunda-feira (20), logo após a estatal enviar um comunicado ao mercado anunciando a demissão de seu atual CEO, José Mauro Coelho.

O papel voltou a ser negociado por volta de 10h50, mas segundo comunicado da B3, uma nova suspensão ocorreu entre 11h04 e 11h24. Na mínima do dia, a ação chegou a cair 5,12%, mas finalizou a sessão com avanço de 1,14%, para R$ 27,62. Já a ordinária PETR3 subiu 0,87%, cotada a R$ 30,19.

Na sexta-feira, a ação preferencial da Petrobras fechou em queda de 6,09% e a ordinária perdeu 7,25%. Os papéis chegaram a cair 10% na mínima do dia, com o mercado reagindo ao anúncio da empresa de elevar o valor do diesel e da gasolina nas refinarias. A perda em valor de mercado foi de R$ 27,3 bilhões, com preocupações de maior pressão política sobre a estatal.

Visão do mercado

Flávio Conde, analista da Levante Investimentos, aponta que a junção de fatores do cenário atual “é negativa para as ações da Petrobras porque o investidor vai ficar, como já estava, desconfiado que a paridade deve sair da política da empresa, seja neste governo ou seja num futuro governo, se o candidato Lula realmente ganhar (as eleições presidenciais)”.

“A Levante não recomenda as ações da Petrobras para os investidores, porque achamos que o risco político não compensa”, diz Conde.

Sidney Lima, analista da Top Gain, comenta que “o mercado foi pego de surpresa com o pedido de saída do José Mauro Coelho. Ele tem sofrido uma série de pressões por parte do governo. O Bolsonaro tem declarado uma guerra aberta ao presidente (da Petrobras), principalmente por questão dos combustíveis”.

O analista afirma, no entanto, que a saída de Coelho já estava precificada pelo mercado, já que o executivo havia sido demitido pelo presidente Jair Bolsonaro em maio e estava no cargo somente por questões burocráticas até sua substituição. O receio dos investidores, na verdade, é que o episódio abra portas para mais interferências na empresa.

“O mercado já estava muito assustado desde a última sexta-feira, com todo esse cenário de instabilidade, possibilidade de instauração de CPI. Mas a questão que o mercado fica de olho mesmo é na possibilidade de intervenção política nos resultados e eficiência do negócio da Petrobras“, explica Lima.

Idean Alves, socio e chefe da mesa de operações da Ação Investimentos, analisa que, “com a terceira mudança no cargo de CEO em menos de 2 anos, Roberto Castello Branco e Joaquim Silva e Luna, o sócio majoritário, o Estado, deu a atender que para presidir a empresa é preciso atender aos interesses do governo em relação a política de preços”.

“É essa tentativa de ingerência que o mercado está precificando negativamente, e colocando em dúvida por quanto tempo mais a governança da empresa vai conseguir manter a paridade internacional, o que pode implicar em repasse de custo direto para a Petrobras”, acrescenta Alves.

Segundo escrevam em nota, os analistas Felipe Ruppenthal e Rodrigo Diniz, da Eleven, acreditam que a renúncia do CEO da Petrobras “possa acelerar a troca de do conselho de administração que está em processo e que ruídos de interferência governamental na estatal continuem prejudicando a performance da ação, juntamente com um cenário de muita incerteza sobre o grau de arrefecimento das principais economias mundiais, que está ocasionando a queda do preço do petróleo.”

Pedido de demissão

José Mauro Ferreira Coelho é o novo presidente da Petrobras (Fotos: Jefferson Rudy/Agência Senado e Fernando Frazão/Agência Brasil)
José Mauro Ferreira Coelho é o novo presidente da Petrobras (Fotos: Jefferson Rudy/Agência Senado e Fernando Frazão/Agência Brasil)

O presidente-executivo da Petrobras, José Mauro Coelho, pediu demissão do cargo nesta segunda, em meio à pressão crescente de políticos depois que a estatal anunciou um novo reajuste de preços de combustíveis na semana passada.

O fato relevante divulgado pela empresa também disse que Coelho também renunciou da vaga de membro do conselho de administração.

Coelho foi nomeado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro no início de abril, mas demitido menos de dois meses depois, quando o governo escolheu o alto funcionário do Ministério da Economia Caio Mario Paes de Andrade para o principal cargo da Petrobras.

Paes de Andrade, no entanto, só pode assumir depois de eleito para o conselho de administração da Petrobras, e Coelho estava se mantendo no cargo até então. A saída do cargo de Coelho abre caminho para que o novo indicado pelo governo, Caio Paes de Andrade, tenha sua posse acelerada.

CPI da Petrobras

O presidente Jair Bolsonaro afirmou no sábado (18) que as ações da Petrobras voltariam a cair nesta segunda com a apresentação de um pedido de instalação de CPI na Câmara dos Deputados, e estimou que a petroleira pode perder R$ 30 bilhões em valor de mercado.

Bolsonaro defendeu a instalação de uma CPI para investigar o conselho da estatal petrolífera, após chamar de “traição” com o povo o mais recente aumento no preço dos combustíveis anunciado pela empresa.