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Finanças

Ação do Itaú sobe mais de 8% após balanço e provisionamento com Americanas

Um dia após o Itaú divulgar seu balanço do 4º trimestre de 2022,  o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, falou a investidores em teleconferência de resultados.

Um dia após o Itaú divulgar seu balanço do 4º trimestre de 2022, as ações do banco fecharam em forte alta nesta quarta-feira (8). O papel preferencial ITUB4 encerrou com ganho de 8,27%, a R$ 26,58, enquanto o ordinário ITUB3 avançou 6,55%, a R$ 22,62.

Apesar do resultado ter ficado abaixo do esperado por agentes do mercado, as margens mais elevadas dado a carteira de crédito mais rentável no período, “amorteceram” o impacto causado pelo evento com um cliente não informado dado o custo de crédito.

Na véspera, o banco reportou uma provisão extra de R$ 1,3 bilhão para perdas esperadas com inadimplência, citando “evento subsequente” sem citar a Americanas. O Itaú é um dos credores da varejista em recuperação judicial, mas um dos menos expostos, o que minimiza o impacto sobre os resultados.

Segundo o presidente do banco em teleconferência de resultados na manhã desta quarta-feira (8), foi feito um esforço para cobrir 100% deste “evento”, com impacto negativo de R$ 719 milhões no lucro recorrente e de R$ 1,3 bilhão no custo do crédito.

O custo de crédito do Itaú no 4º trimestre foi de R$ 9,805 bilhões, cifra esta 58,1% maior a reportada um ano antes.

Milton Maluhy Filho disse que as provisões previstas pelo Itaú para 2023 já contemplam uma piora conjuntural do crédito no atacado brasileiro, mas que o banco não espera que haja novos casos parecidos com o da Americanas. O presidente do Itaú também afirmou que o  rombo contábil que levou a Americanas à recuperação judicial foi resultado de uma  “fraude”.

“Todo evento traz um aprendizado, seja ele advindo de uma fraude ou de um advento que não aguardávamos. De tudo que vimos até agora, este foi um caso isolado, foi uma fraude, mas ainda assim fizemos uma revisão de várias empresas que estamos expostos avaliando o risco-sacado, e sem dúvida nenhuma esse evento trouxe muitos aprendizados”.

Milton Maluhy Filho
Milton Maluhy Filho, presidente do Itaú

Segundo o executivo, após o evento, os processos do banco foram revistos para avaliar o que poderia ser feito diferente. Maluhy disse que foi reduzida a exposição à companhia envolvida no montante de R$ 1 bilhão e que novas operações foram paralisadas.

“Uma vez por mês fazemos revisão nas provisões. E no caso específico, nossa exposição total é de R$ 2,8 bilhões. Temos exposição a derivativos, temos uma fiança [com a Americanas]. Se houver uma deterioração do cenário, haverá naturalmente a uma maior despesa e consumo imediato da alocação destinada ao caso”.

Ainda segundo o executivo, não está previsto o pagamento de um dividendo maior aos acionistas por receio da necessidade de maior provisionamento.

Já para o cenário macro, Maluhy apontou que o banco acredita que a Inflação em 2023 vai se manter em linha com os 5,8% de 2022, e para o câmbio, o real deve se manter mais desvalorizado para 2023.

Balanço foi positivo, dizem analistas

Segundo relatório da Genial Investimentos, apesar de o resultado do Itaú ter vindo um pouco menor que as expectativas da casa, o resultado “não foi fraco”. Em relatório, os analistas destacam que o banco provisionou 100% de sua exposição “aos créditos tóxicos de Americanas”, e se não fosse isso, o lucro seria de R$ 8,4 bilhões com um ROE (retorno sobre patrimônio líquido) de 21%, “em linha com as nossas estimativas”. Isso indica um crescimento de aproximadamente 4% na base trimestral e de 17,3% na base anual.

“Mas a melhor notícia vem que, com o balanço limpo, a agenda volta ser de crescimento. Pelo menos é isso que o guidance de 2023 nos guia. Na nossa simulação, chegamos a um lucro de R$ 35,9 bilhões, crescimento de 16,8% ao ano e ROE de 20,7% no meio da faixa do guidance de 2023 do banco”.

Genial investimentos

A tese dos analistas da XP, Renan Manda e Matheus Guimarães, também corroboram com a da Genial, uma vez que a provisão feita no caso “limpa os resultados de 2023 de qualquer impacto adicional. Esse revés momentâneo, que correspondeu a menos de 10% do lucro do banco, pressionou o ROAE (Retorno Sobre Patrimônio Médio) para 19,3%, ainda é positivo e com tendência de recuperação nos próximos trimestres”, disseram.

Apesar do lucro ter sido um pouco abaixo do esperado pela XP, os analistas enxergam os números gerais do banco como robustos, reiterando assim a visão positiva para os papeis do Itaú.

O BTG Pactual também considerou o resultado do Itaú como bom, destacando o provisionamento de exposição do banco à varejista.

“A provisão à Americanas mostra que  2023 parece ser um ano ‘mais limpoʼ, pois provisões extras deste evento não serão necessárias”.

BTG Pactual

O BTG, que recomenda compra para a ação de Itaú, avaliou ainda que, embora o momento dos bancos não seja positivo, o Itaú está se preparando melhor para competir em um ambiente mais difícil.

“Estamos cada vez mais confiantes de que o Itaú continuará a superar seus principais pares. Nós, assim, reiteramos como uma das nossas ações favoritas deste ano, ao lado de Banco do Brasil (BBAS3), BB Seguridade (BBSE3) e Cielo (CIEL3)”, disse o BTG em relatório.

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