As ações da produtora de carnes Marfrig (MRFG3) e da fabricante de cosméticos Natura (NTCO3) ficaram entre os principais destaques de alta do Ibovespa, maior índice de desempenho da B3, na semana encerrada nesta sexta-feira (14). No outro extremo, a estatal de energia Eletrobras (ELET3; ELET6) sofreu os efeitos da “debandada” de membros da equipe econômica insatisfeitos com o ritmo dos projetos de privatizações do governo.
Mesmo acumulando queda na semana, o Ibovespa fechou em alta nesta sexta, com os investidores reagindo a incertezas quanto ao comprometimento do governo com o rigor fiscal, após a divulgação da prévia do PIB (IBC-Br) do mês de junho e em dia de agenda cheia nos resultados de empresas do segundo trimestre.
AS 5 MELHORES AÇÕES DA SEMANA NO IBOVESPA
AÇÃO | VARIAÇÃO NA SEMANA | VARIAÇÃO NO MÊS |
MARFRIG (MRFG3) | 10,10% | 53,21% |
NATURA (NTCO3) | 9,92% | 33,00% |
Suzano (SUZB3) | 9,33% | 27,24% |
KLABIN (KLBN3) | 9,02% | 36,61% |
JBS (JBSS3) | 7,52% | -9,69% |
A ação da Marfrig avançou mais de 10% na semana. A companhia surpreendeu ao apresentar um lucro líquido de R$ 1,59 bilhão no segundo trimestre, um avanço de nada menos de 1.740% ante o mesmo período do ano anterior. Para analistas do banco Credit Suisse, foi um resultado considerado “um ano em um trimestre”.
O resultado extraordinário da Marfrig em meio à pandemia do novo coronavírus foi atribuído à melhora no desempenho operacional da empresa e à constante demanda da China por carnes, ainda sob os efeitos da gripe suína.
Apontada por analistas entre os ações recomendadas para agosto, a Natura (NTCO3) acumulou uma valorização de quase 10% na semana. No ano, subiu mais de 60%. A alta do papel acontece mesmo após a divulgação de um prejuízo de R$ 338,5 milhões no segundo trimestre, divulgado nesta sexta, revertendo lucro obtido no mesmo período do ano anterior. Nem a queda de 13% na receita, para R$ 7 bilhões, reduziu o ânimo dos investidores.
O que explica a alta da Natura diante de resultados visivelmente negativos? Em relatório, analistas da equipe do BTG Pactual apontaram que alguns pontos positivos do balanço ajudaram a compensar as perdas durante a pandemia. Um deles foi o uso crescente de ferramentas digitais nas vendas da empresa durante o isolamento social.
Outro ponto que chamou a atenção dos investidores, segundo o BTG, foi o aumento na produtividade de 7% entre os representantes de vendas da Natura, na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.
AS 5 PIORES AÇÕES DA SEMANA NO IBOVESPA
AÇÃO | VARIAÇÃO NA SEMANA | VARIAÇÃO EM 2020 |
ELETROBRAS (ELET3) | -9,51% | -5,20% |
ELETROBRAS (ELET6) | -9,27% | -5,21% |
Energisa (ENGI11) | -8,29% | -3,39% |
ECORODOVIAS (ECOR3) | -8,05% | -4,84% |
BRF (BRFS3) | -7,67% | 1,92% |
A estatal de energia Eletrobras (ELET3; ELET6) ficou na ponta negativa do Ibovespa na semana terminada nesta sexta. A companhia caiu mais de 5% no dia seguinte à divulgação, na noite de quarta-feira, de um lucro líquido de R$ 4,59 bilhões no segundo trimestre de 2020, o que representa uma queda de 17% sobre o resultado em igual período do ano passado.
Mas o que mexeu fortemente com as ações da estatal foi a saída de membros da equipe econômica que repercutiu negativamente no começo da semana. Os secretários especiais de Privatizações, Salim Mattar, e de Desburocratização, Paulo Uebel, pediram as contas ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Ficou evidente o descontentamento dos dois com o andamento dos projetos no governo quando o próprio Guedes falou em “debandada”.
Em um artigo escrito ao “Brazil Journal”, Salim Mattar afirmou que as privatizações dependem de vontade política e disse que saiu do cargo por não se adaptar à “lentidão” do Estado. A Eletrobras está entre as prioridades na agenda de venda de ativos da gestão de Guedes, que afirmou recentemente que o governo faria ao menos quatro importantes privatizações até o fim deste ano.