Juros e dólar nas mínimas e o Ibovespa no seu patamar máximo, foi este o cenário que deixou os investidores eufóricos no primeiro dia de dezembro. Após ter o melhor novembro desde 1999, o índice da B3 começou dezembro com o pé direito e fechou em alta de 2,30% aos 111.399,91 pontos nesta terça-feira (1), renovando máximas desde fevereiro.
Hoje foi um dia no qual os mercados tomaram risco, reagindo positivamente a anúncios sobre as vacinas contra o coronavírus, entre estes o pedido de autorização da Pfizer e BioNTech para aprovação de uso emergencial da sua vacina na Europa.
Além do otimismo com as vacinas, dados da China surpreenderam o mercado. O PMI industrial subiu para 54,9 pontos em novembro, acima da expectativa de queda para 53,5 pontos depois dos 53,6 pontos registrados em outubro.
Nos Estados Unidos, os índices S&P 500 e Nasdaq fecharam em máximas recorde nesta terça-feira, valorizando 1,13% e 1,28%, respectivamente. Dow Jones avançou 0,64%,
A sinalizações sobre o pacote de estímulos para a economia americana foram essenciais para sustentar estes ganhos.
O secretário do Tesouro Americano, Steven Mnuchin concordou hoje com a proposta de um pacote de US$ 908 bilhões que deve debater ainda com Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados. Enquanto Jerome Powell, presidente do Fed, voltou a defender o uso de todos os instrumentos possíveis para a recuperação da economia americana. “ainda tem um longo caminho a percorrer”, frisou. A expectativa é de juros baixos e estímulos econômicos por um bom tempo.
No cenário doméstico, o viés comprador na bolsa foi apoiado pela declaração do presidente Jair Bolsonaro de que ‘não é possível dar continuidade aos benefícios concedidos durante a pandemia’, exigindo a definição desta situação.
O mercado encarou de forma positiva a notícia da bandeira 2 da Aneel, enxergando no aumento de preços um crescimento da inflação IPCA acima da meta de 4% para 2020, mas com redução no próximo ano.
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O dólar caiu com força frente ao real e teve sua mínima em 4 meses. O dólar comercial fechou em queda de 2,21%, cotado a R$ 5,227. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,325.
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Destaques da Bolsa
Entre os destaques positivos do dia subiram: Yduqs (YDUQ3) com alta de 7,90%; Ecorodovias (ECOR3) que valorizou 7,23% e o Banco Santander (SANB11) que avançou 7,15%.
Papéis das concessionárias avançaram com otimismo por vacinas. Além de Ecorodovias, Rumo (RAIL3) e CCR (CCR03) fecharam em alta de 3,74% e 4,83%, respectivamente.
No lado oposto do Ibovespa recuaram: Totvs (TOTS3) com baixa de 3,70%, seguido de Via Varejo (VVAR3) que caiu 3,38% e Raia Drogasil (RADL3) com desvalorização de 3,37%.
Ainda no cenário corporativo, os papéis de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) valorizaram pela procura de investidores estrangeiros, com alta de 2,81% e 4,17%, respectivamente.
Segundo Murilo Breder, analista da Easynvest, os papéis da Vale ultrapassaram a marca dos R$ 80 repercutindo os dados positivos da China e a forte alta do minério de ferro em 2020. Já a Petrobras subiu apesar da queda nos preços do petróleo internacional. “Na segunda-feira (30), a Petrobras apresentou maiores detalhes do plano de negócios 2021-2025, divulgado na semana passada”, reforça.
Breder destaca que a alta das blue chips no Ibovespa é um indicativo de que o capital estrangeiro continua chegando ao Brasil.
Além destas companhias, ele lembra que a B3 divulgou hoje a primeira prévia da carteira teórica do Ibovespa para o período de janeiro a abril de 2021. Copel (CPLE6), Eneva (ENEV3), JHSF (JHSF3) e Unidas (LCAM3) foram incluídas e nenhuma ação foi excluída.
Com esta nova composição o Ibovespa será formado por 81 ações.
Bolsas americanas
Os índices S&P 500 e Nasdaq fecharam em máximas recordes nesta terça-feira, com investidores apostando que uma vacina contra a Covid-19 estará disponível em breve e também mostrando mais confiança sobre uma rápida recuperação econômica após dados positivos de fábricas chinesas.
Investidores permaneceram focados em novidades sobre uma série de candidatas a vacina contra a Covid-19 e no início dos embarques globais, enquanto fabricantes de medicamentos encaminham documentações para aprovações regulatórias.
Segundo dados preliminares, o Dow Jones subiu 0,64%, para 29.827,14 pontos, o S&P 500 ganhou 1,13%, para 3.662,45 pontos, e o Nasdaq valorizou-se 1,28%, para 12.355,11 pontos.
Bolsas na Europa
Os principais índices das bolsas da Europa reverteram as perdas de ontem e fecharam em alta nesta terça-feira (1), em dia marcado por apetite por risco nos mercados internacionais por conta do noticiário envolvendo as vacinas contra a covid-19. O otimismo de investidores prevaleceu, inclusive, ante à queda dos índices gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da zona do euro e da Alemanha, que ainda revelam fragilidades na economia da região. O índice pan-europeu Stoxx 600 encerrou o dia em alta de 0,65%, a 391,90 pontos.
Duas notícias envolvendo o desenvolvimento de vacinas impulsionaram as bolsas europeias hoje. Logo no começo do dia, Pfizer e BioNTech informaram que submeteram o seu potencial imunizante contra a covid-19 à União Europeia para a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) aprovar o seu uso emergencial. O órgão confirmou o recebimento da solicitação e disse que a aprovação pode ocorrer já no dia 29 de dezembro.
O diretor de estudos de países do departamento de economia da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Alvaro Pereira, afirmou hoje que o PIB mundial em 2021 deve crescer entre 2% e 4%, a depender de como se sairá o processo de vacinação da população mundial. A OCDE divulgou hoje previsões atualizadas para a economia mundial e cortou a estimativa de contração da zona do euro de 7,9% para 7,5% em 2020.
Na França, o governo do presidente Emmanuel Macron começou a planejar uma campanha de vacinação em massa para ocorrer ainda no primeiro semestre de 2021. O CAC 40, principal índice da Bolsa de Paris, avançou 1,14% nesta terça, atrás apenas do FTSE 100 de Londres, que fechou em alta de 1,89%. Na Inglaterra, o setor bancário foi destaque positivo, com o Lloyds Banking fechando em alta de 7,45% e o Barclays avançando 1 ponto porcentual a menos. A Taylor Wimpey, do setor imobiliário, teve o melhor desempenho do FTSE 100 ao fechar com ganhos de 7,86%.
Com avanço mais modesto em relação às bolsas de Paris e Londres, o alemão DAX, de Frankfurt, fechou em alta de 0,69%. O setor automotivo sustentou a alta do índice, com Volkswagen (+4,26%) e Continental (4,07%) entre as maiores altas do dia, enquanto o setor imobiliário teve um desempenho geral ruim, com a Deutsche Wohnen (-2,31%) registrando o maior recuo nesta segunda-feira.
O Ibex 35 de Madri subiu 0,79%, sustentado especialmente por empresas dos setores aéreo e hoteleiro, muito prejudicados com pandemia, e por ações de bancos, como o Santander e o Sabadell, que cresceram 5,83% e 5,25%, respectivamente. Já o português PSI 20, de Lisboa, amargou a única queda dentre os principais índices acionários europeus, com recuo de 0,37%. Por fim, o FTSE MIB de Milão terminou as negociações com alta de 0,18%, com ganhos contidos após o anúncio da saída do CEO do Unicredit, Pierre Mustier. As ações do banco recuaram 8,02% no pregão de hoje.
*Com Reuters e Agência Estado