O Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, fechou em alta nesta terça-feira (11), puxado pelo avanço das ações da Vale, enquanto o dólar terminou o dia em baixa, com o mercado de olho em preocupações sobre os juros e a inflação nos Estados Unidos.
O Ibovespa subiu 0,87%, aos 122.964 pontos. Já o dólar caiu 0,12%, a R$ 5,2222. Veja mais cotações.
“O mercado sofreu um ajuste depois da última decisão do Copom, (com o dólar) aproximando-se de R$ 5,20″, disse à Reuters João Manuel Campanelli, COO do Travelex Bank. “Agora, ele vai flutuar ao sabor dos acontecimentos, principalmente políticos.”
O dia também foi de repercussão da divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu por uma segunda alta consecutiva de 0,75 ponto percentual na taxa Selic, para 3,5% ao ano, e sinalizou a intenção de fazer um terceiro aperto da mesma magnitude em seu próximo encontro em junho.
A ata do último encontro do colegiado, divulgada nesta terça, mostrou a avaliação dos membros do Copom de que levar a taxa Selic, sem interrupção, até o nível considerado neutro empurraria a inflação “consideravelmente” para abaixo da meta.
Segundo dados divulgados pela manhã, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial no país, desacelerou em abril, mas em 12 meses chegou ao nível mais alto em quase quatro anos e meio.
No exterior
Investidores aguardavam ainda a divulgação de dados sobre preços ao consumidor dos EUA, na quarta-feira, em busca de pistas sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed) em relação a seu apoio de política monetária.
Um relatório de empregos norte-americano pior do que o esperado da semana passada ajudou a abafar temores de um aperto mais cedo do que o esperado, elevando as apostas de que o banco central dos EUA vai manter suas ferramentas de estímulo sem elevar os juros por um bom tempo.
Cenário político
Enquanto isso, em Brasília, a CPI da Covid ouve nesta terça o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, depois que os depoimentos da semana passada mostraram desarticulação, segundo analistas consultados pela Reuters. A investigação da abordagem adotada pelo governo Jair Bolsonaro diante da pandemia tem sido apontada por agentes dos mercados financeiros como grande fonte de risco político no curto prazo.
Também colaborando para o risco-Brasil, Campanelli, do Travelex, chamou a atenção para “reformas que não saem do papel”, comentário que vem em meio a atraso na agenda reestruturante e de privatizações do governo.
“Estímulos fiscais e monetários continuam nos Estados Unidos, há muito dinheiro circulando, e o fator (da alta das) commodities também faz com que nossa moeda resista ao risco-Brasil, mas poderíamos surfar melhor se tivéssemos alinhamentos melhores, como as reformas”, opinou.
Destaques da bolsa
A VALE (VALE3) subiu 3,51% e puxou o Ibovespa, devido ao peso importante que tem sobre a composição do índice. A ação foi impactada pela alta dos preços do minério nesta terça. Os preços do minério de ferro com 62% de teor para entrega na China avançaram US$ 19, para US$ 231 por tonelada na segunda-feira, segundo dados da consultoria SteelHome.
Da temporada de balanços, entre as empresas do Ibovespa, o BTG Pactual (BPAC11) reportou alta de mais de 50% no lucro do primeiro trimestre, enquanto Klabin (KLBN11, KLBN4 e KLBN3) reverteu prejuízo bilionário de um ano antes e apresentou lucro de R$ 421 milhões. A ação BPAC11 caiu 1,83% neste pregão. Já KLBN11 subiu 1%. Já KLBN3 e KLBN4 subiram 1,72% e 0,91%, respectivamente.
Bolsas internacionais
O índice S&P 500 fechou em baixa, com o aumento dos preços das commodities e a escassez de mão de obra gerando temores de que elevações de preços no curto prazo possam se transformar em inflação de longo prazo, apesar das garantias do banco central norte-americano de que isso não acontecerá.
- O índice Dow Jones caiu 1,36%, a 34.269 pontos
- S&P 500 perdeu 0,867389%, a 4.152 pontos
- O índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,09%, a 13.389 pontos.
As bolsas europeias caíram de máximas históricas nesta terça-feira, com as ações de viagens, varejo e tecnologia ficando entre as maiores perdedoras, também de olho na inflação dos EUA.
- Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 2,47%, a 6.947,99 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 1,82%, a 15.119,75 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 1,86%, a 6.267,39 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 1,64%, a 24.396,01 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 1,72%, a 8.987,20 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 1,82%, a 5.083,02 pontos.
(*Com Reuters)