SÃO PAULO (Reuters) – Analistas do BTG Pactual cortaram a recomendação das ações da Vale para “neutra” e reduziram o preço-alvo do ADR de 19 para 16 dólares, em um “mea culpa” no qual afirmam que estiveram errados sobre a visão positiva da casa para a mineradora por mais de um ano.
Em relatório a clientes, Leonardo Correa e Caio Greiner afirmaram que uma postura construtiva em relação à companhia valeu a pena durante vários anos, desde 2017, “mas tem sido muito dolorosa há mais de um ano”.
“Há algumas semanas, admitimos que o cenário para tese de investimentos Vale havia se deteriorado acentuadamente ultimamente. Agora, com o ruído recorrente e o contínuo descolamento das ações dos fundamentos, não temos certeza do que faria esta tese funcionar.”
“Com tantas pendências iminentes e a nossa capacidade limitada de prever os resultados, a nossa confiança na tese de investimento diminuiu materialmente.”
Eles elencam que a Vale tem enfrentado um ruído intenso nas últimas semanas, que se intensificou recentemente em meio às discussões do conselho de administração sobre quem será o próximo CEO. Também apontam que o fluxo de notícias em torno da Samarco/Renova piorou, com a empresa reconhecendo provisões adicionais, que ainda podem ser materialmente mais elevadas, uma vez que uma resolução final ainda pode levar meses.
A empresa, de acordo com a equipe do BTG, ainda passou por uma série de interrupções operacionais no Estado do Pará, indicando animosidade das autoridades locais em relação à companhia.
“Para ser justo, a Vale tem estado sujeita a um alto grau de ruído e pressão política ultimamente, o que acreditamos ser injusto e claramente excessivo”, avaliam, ressaltando ainda que existe uma clara divisão entre os membros do conselho sobre a direção futura da empresa, o que veem como “preocupante para uma empresa com tantos desafios pela frente”.
Os riscos, de acordo com a equipe do BTG, aumentaram recentemente, pressionando a geração de fluxo de caixa livre e o potencial de dividendos da empresa — e ainda não foram totalmente precificados pelo mercado. E embora considerem as ações subvalorizadas, avaliam que agora parecem mais uma “value trap” (armadilha de valor) do que uma oportunidade atraente.
“Preferimos adotar uma postura cautelosa e aguardar a resolução de pendências e incertezas políticas antes de restabelecer nosso viés historicamente positivo”, afirmaram Correa e Greiner no relatório com data de segunda-feira.
Na B3, por volta de 11:40, as ações da Vale eram negociadas em baixa de 1,2%, a 65,93 reais, acumulando em 2024 uma perda de 14,6%, contra um declínio de 4,35% do Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro e que tem a Vale como o papel com o maior peso em sua composição.
(Por Paula Arend Laier)
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