A rentabilidade de um CDB (Certificado de Depósito Bancário) pode variar mais de 100% conforme o banco emissor e seu vencimento. Um levantamento feito pela plataforma financeira Magnetis, a pedido do InvestNews, concluiu que os papéis com prazo de 90 dias e também os de liquidez diária oferecem um retorno médio mais vantajoso. O estudo incluiu todo tipo de banco e produtos atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), com prazo de até 120 dias.

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CDBs são títulos de dívidas emitidos por bancos. O investidor empresta dinheiro para a instituição financeira e, depois de um certo prazo, o banco devolve o valor investido, com o acréscimo do rendimento. Eles podem ser prefixados (quando oferecem um percentual fixo) ou também pós-fixados, quando o retorno é atrelado ao CDI – o tipo mais comum. 

Segundo a Magnetis, os CDBs que vencem em 90 dias oferecem, em média, um retorno bruto de 116% do CDI, o mais alto entre os produtos com vencimentos entre 1 e 180 dias. Quando se desconta a alíquota de 22,5% do Imposto de Renda (IR), o retorno líquido médio continua sendo o mais alto: 90% do CDI.

Os CDBs com prazo de 180 dias mostraram o segundo melhor retorno médio, com taxa líquida de 85%. Vale lembrar que o IR cobrado para investimentos a partir deste prazo é menor, de 20%, portanto desconta um pouco menos dos ganhos do investidor.

Vale destacar que o CDI é uma taxa de empréstimo entre os bancos, mas passou a ser usado como referência nos investimentos de renda fixa, já que ele acompanha a taxa Selic. Em 2020, ele acumulou uma rentabilidade de 2,75%, mas perdeu feio da inflação medida pelo IPCA, com retorno real negativo de 1,68%. Já a poupança, por exemplo, fechou o ano com rentabilidade real negativa de 2,71%.

Veja abaixo o levantamento com as diferentes rentabilidades de CDBs no mercado, segundo a Magnetis:

Produto Prazo (dias) Liquidez Taxa de retorno
CDB – Paraná Banco 1 Vencimento 105,00%
CDB – Paraná Banco 1 Vencimento 110,00%
CDB – Banco Sofisa 1 Diária 110,00%
CDB – Banco Sofisa 1 Diária 110,00%
CDB – Banco Modal 30 Vencimento 103,00%
CDB – Paraná Banco 30 Vencimento 106,00%
CDB – Even 34 Vencimento 102,50%
CDB – BTG Pactual 34 Vencimento 106,00%
CDB – Even 60 Vencimento 102,50%
CDB – Banco Sofisa 60 Vencimento 102,50%
CDB – BTG Pactual 60 Vencimento 103,00%
CDB – Banco Modal 60 Vencimento 104,00%
CDB – BTG Pactual 60 Vencimento 104,00%
CDB – Paraná Banco 60 Vencimento 107,00%
CDB – BTG Pactual 60 Vencimento 108,00%
CDB – Lecca Financeira 60 Vencimento 109,00%
CDB – Even 60 Vencimento 110,00%
CDB – Voiter 61 Vencimento 102,00%
CDB – ICBC Brasil 90 Vencimento 102,00%
CDB – Even 90 Vencimento 102,50%
CDB – Banco Caixa Geral 90 Vencimento 103,00%
CDB – Banco Caixa Geral 90 Vencimento 103,50%
CDB – Banco Daycoval 90 Vencimento 104,00%
CDB – Even 90 Vencimento 104,50%
CDB – Banco PAN 90 Vencimento 105,00%
CDB – BTG Pactual 90 Vencimento 105,00%
CDB – Banco Daycoval 90 Vencimento 105,00%
CDB – BTG Pactual 90 Vencimento 106,00%
CDB – Paraná Banco 90 Vencimento 106,00%
CDB – Paraná Banco 90 Vencimento 108,00%
CDB – Lecca Financeira 90 Vencimento 121,00%
CDB – Banco BS2 90 Vencimento 124,00%
CDB – Banco BS2 90 Vencimento 125,00%
CDB – Even 90 Vencimento 125,00%
CDB – Banco BS2 90 Vencimento 127,00%
CDB – Banco Máxima 90 Vencimento 135,00%
CDB – Banco Modal 90 Vencimento 200,00%
CDB – CCB BRASIL S/A CREDITO
FINANCIAMENTOS E INVESTIMENTOS
91 Vencimento 98,00%
CDB – Banco Daycoval 91 Vencimento 99,00%
CDB – Banco PAN 91 Vencimento 100,00%
CDB – Banco Sofisa 91 Vencimento 103,00%
CDB – Banco BS2 91 Vencimento 105,00%
CDB – Voiter 91 Vencimento 108,00%
CDB – Voiter 91 Vencimento 108,00%
CDB – Voiter 91 Vencimento 108,00%
CDB – Voiter 91 Vencimento 108,00%
CDB – Banco Máxima 91 Vencimento 132,00%
CDB – Banco Modal 120 Vencimento 102,00%
CDB – Even 120 Vencimento 102,50%
CDB – Banco Daycoval 120 Vencimento 104,00%
CDB – Even 120 Vencimento 104,50%
CDB – Even 120 Vencimento 104,50%
CDB – Banco Daycoval 120 Vencimento 105,00%
CDB – Banco Modal 120 Vencimento 106,00%
CDB – BTG Pactual 120 Vencimento 107,50%
CDB – Paraná Banco 120 Vencimento 110,00%
CDB – BTG Pactual 120 Vencimento 111,50%
CDB – Banco Máxima 120 Vencimento 133,00%
CDB – Banco Daycoval 121 Vencimento 100,00%
CDB – Banco CNH Industrial 179 Vencimento 105,00%
CDB – Banco ABC Brasil 180 Vencimento 100,00%
CDB – Agibank 180 Vencimento 101,00%
CDB – Banco Daycoval 180 Vencimento 101,00%
CDB – Banco Pine 180 Vencimento 103,00%
CDB – Banco Daycoval 180 Vencimento 106,00%
CDB – Banco Caixa Geral 180 Vencimento 106,50%
CDB – Banco BS2 180 Vencimento 107,00%
CDB – Banco BMG 180 Vencimento 108,00%
CDB – Banco BMG 180 Vencimento 108,00%
CDB – Banco BMG 180 Vencimento 108,00%
CDB – Banco BMG 180 Vencimento 108,00%
CDB – Banco BMG 180 Vencimento 108,00%
CDB – Banco BMG 180 Vencimento 108,00%
CDB – Banco Daycoval 180 Vencimento 108,00%
CDB – BTG Pactual 180 Vencimento 109,00%
CDB – Paraná Banco 180 Vencimento 112,00%

Fonte: Magnetis

Por que varia tanto de banco para banco?

O investidor precisa ter atenção redobrada ao escolher um CDB, já que o retorno e os riscos variam bastante de um produto para outro. Entre as aplicações de 90 dias, é possível encontrar tanto um CDB que remunera 102% do CDI, como o do ICBC Brasil, quanto 200% do CDI, emitido pelo Banco Modal. Hoje, isso dá uma diferença de 96,8% na rentabilidade.

E por que o retorno do CDB varia tanto de um banco para outro, se eles são basicamente o mesmo produto financeiro?

Via de regra, os CDBs com prazos mais longos oferecem retornos mais elevados e costumam ser emitidos por bancos menores, que por sua vez costumam possuir notas de crédito mais baixa (o rating que mede o risco de calote). Em outras palavras, nestes bancos o perfil de risco é maior, por isso a rentabilidade também é.

CDB de liquidez diária vale a pena?

Já os CDBs com liquidez diária (que podem ser resgatados em qualquer data) surpreenderam no estudo da Magnetis com um retorno líquido de 84%, quando, em tese, eles apresentam taxas menores justamente pela facilidade do resgate. Eles superaram, por exemplo, o desempenho dos papéis com vencimentos mais longos, como os de 30 dias, e se igualaram aos de 120 dias.

Segundo Daniel Januzzi, planejador financeiro e gestor de renda fixa da Magnetis, o retorno mais alto das aplicações com este perfil pode ser explicado pelo fato de que, geralmente, são bancos menores que emitem o produto, via de regra os que precisam pagar taxas maiores para conseguir captar.

“Apesar destes CDBs terem liquidez de 1 dia, eles são emitidos com prazo de vencimento que podem ter 2 ou 3 anos. Ou seja, é possível resgatar antes ou ficar com ele até o final e até renová-lo”, explica Januzzi. Segundo o especialista, elevar o retorno é uma forma de o banco emissor tornar o produto mais atraente e também de ter mais facilidade de se financiar, mesmo que a um custo mais alto.

Vale ressaltar que os CDBs estão sujeitos à tributação pela tabela regressiva do Imposto de Renda, assim como boa parte dos investimentos de renda fixa, com exceção das LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio). A tabela começa com alíquota de 22,5% para aplicações com até 180 dias e vai caindo até chegar à cobrança mínima de 15%, quando a aplicação passa de 720 dias.

CDB é bom para reserva de emergência?

Apesar de os CDBs contarem com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), uma espécie de “seguro” caso o banco quebre, eles estão sujeitos ao risco de liquidez, mesmo os de liquidez diária. Januzzi dá um exemplo prático: se você precisar fazer uma viagem de última hora e o banco que emitiu o papel onde está sua reserva falir, o FGC precisará intervir e o dinheiro pode ficar preso por um tempo até levantar os dados dos credores e fazer o pagamento.

“No momento de emergência, posso não conseguir usar esse recurso pela demora no FGC”, aponta o planejador da Magnetis. O FGC cobre algumas aplicações financeiras de até R$ 250 mil por CPF. Por esse motivo, ele recomenda como primeira opção para a reserva o Tesouro Selic, que embora possa pagar menos que um CDB, o risco de crédito é praticamente nulo. Isso porque, diferentemente de um banco, se o país quebrar, o governo ainda pode emitir dinheiro e pagar os credores, no pior dos cenários.

O risco em deixar a reserva de emergência nos títulos públicos é o de marcação a mercado, movimento de saída e entrada de investidores que pode fazer o papel oscilar no curto prazo. Ainda assim, define Januzzi, é a melhor garantia de que o dinheiro será resgatado quando o investidor precisar. “A reserva não deve ser usada para pagar a fatura do cartão de crédito, e sim caso você perca o emprego ou precise fazer uma cirurgia. Por isso, é importante deixar o dinheiro em uma aplicação líquida”, complementa.