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Finanças

Com queda de 41%, Via se destaca entre as quedas do Ibovespa em agosto

Analistas citam pontos de preocupação e desempenho inferior a concorrentes do setor em meio a cenário adverso.

Em um mês difícil para as ações do varejo na bolsa de valores, a ação da Via (VIIA3) foi destaque de queda entre os papéis do Ibovespa em agosto, com baixa de 41,2%, perdendo apenas para Pão de Açúcar (PCAR3), que despencou 42,3% em meio à distribuição de ações do Éxito. Com as perdas de agosto, a ação da Via passa a acumular queda de 47% em 2023 até agora. 

Loja Casas Bahia, do grupo Via 18/02/2013 REUTERS/ Nacho Doce (BRAZIL – Tags: BUSINESS)

Nesta quinta-feira (31), o grupo, dono das redes Casas Bahia e Ponto e do banco digital banQi, informou que contratou bancos para uma “potencial” oferta subsequente de ações para melhorar a estrutura de capital, em operação na qual pretende levantar pelo menos R$ 1 bilhão.

Caroline Sanchez, analista da Levante Corp, lista quatro fatores que puxaram a queda de Via em agosto. O primeiro deles é a aproximação da Assembleia Geral Extraordinária (AGE), nesta sexta-feira (1º), em que será discutida a aprovação de um aumento do capital social para até 3 bilhões de ações. “Isso em azedado muito porque, se for aprovada, a diluição dos acionistas atuais pode chegar a 88%”, diz Sanchez. 

Ela cita ainda a “problemas de liquidez, com dívidas vencendo e dificuldades em gerar caixa”, e acrescenta um outro ponto que inclui a concorrência: “excluindo a possibilidade da emissão de ações em breve, a varejista precisará rolar a dívida a um custo financeiro maior dentro de um setor em que o Mercado Livre (MELI34) praticamente já venceu”. 

Por fim, Sanchez cita dados da XP que mostraram que a taxa de aluguel da ação da Via subiu 56,7 pontos percentuais na semana terminada no dia 25, para 67%, “o que sinaliza uma demanda maior por se posicionar em um ativo no curto prazo, o que pode significar que os investidores estão apostando em uma futura queda de preço”.

Balanço e plano de reestruturação

Neste mês, o mercado também reagiu à divulgação do resultado do 2º trimestre da Via, que reportou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado de R$ 469 milhões, queda de 32,1% ano a ano. A receita líquida caiu 2,1% na base anual, para R$ 7,49 bilhões.

Após a divulgação dos números, o analista Breno Francis de Paula, do Inter Research, apontou que “a companhia enfrenta desafios operacionais e financeiros, somados ao cenário macro ainda restritivo”.

“A rentabilidade (que era nossa maior preocupação) perdeu a tendência de recuperação dos últimos trimestres.”

Breno Francis de Paula, do Inter Research

O especialista comparou ainda o desempenho de concorrentes do setor em meio ao cenário considerado adverso, com Via se destacando negativamente. “Entendemos o cenário macro restritivo como desafio para todas as empresas do setor, mas consideramos que outros players têm combatido esses percalços com mais sucesso”, disse em relatório.

Neste mês, junto da divulgação do balanço, a Via também anunciou um novo plano de negócios, que inclui a redução de até R$ 1 bilhão em estoques neste ano e uma alteração na forma de captação para financiar o crediário.

Paula chama a atenção para o fato de ser o terceiro plano em quatro anos. “Enxergamos o plano de reestruturação com ceticismo, pois apesar de inicialmente positivo, revisar a estratégia da companhia com frequência evidencia os erros da gestão nos últimos anos.”

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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