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Finanças

Como (e quando) começar a preparar as finanças para aposentadoria? Veja 6 dicas

Planejadores financeiros explicam a importância de se organizar para essa fase.

“De acordo com o seu estilo de vida, se você quiser manter isso lá na frente, você vai precisar se programar. Muitos aposentados, que tinham um estilo de vida muito bom lá atrás e não se programaram para essa fase, hoje dependem da ajuda dos filhos.” É o que diz Ana Paula Carvalho, planejadora financeira CFP e sócia da AVG Capital.

O “Raio X do investidor brasileiro” de 2022, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), revelou que 26% dos brasileiros que responderam a pesquisa ainda não começaram a fazer uma reserva financeira para a 3ª idade, além de que as classes “D” e “E” lideraram esse percentual, com 59% das respostas.

A pesquisa ainda mostrou que 55% dos entrevistados não pensam em se aposentar. As principais justificativas dadas foram de que eles não se veem parados ou não conseguem pensar em aposentadoria porque não têm dinheiro para parar de trabalhar.

Esses números levantam algumas preocupações, visto que a expectativa de vida tem aumentado gradualmente nas últimas décadas. A longevidade no Brasil foi de 45,5 anos, em 1940, para 76,6, em 2019, ou seja, um aumento de 31,1 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para Carvalho, da AVG Capital, esse aumento da esperança de vida pode influenciar muito no futuro da população. Ela explica que isso traz duas informações: uma boa e uma ruim. A boa é que as pessoas vão viver mais e a ruim é que a reserva financeira vai precisar ser maior. 

Além disso, entre o grupo de pessoas aposentadas que responderam ao “Raio X do investidor brasileiro” de 2022, 43% afirmaram que a vida financeira piorou ao chegar na 3ª idade. Uma justificativa para as dificuldades com dinheiro durante a velhice é que a renda tende a cair e há um maior gasto com cuidados com a saúde, segundo a planejadora financeira. 

6 passos para planejar a vida financeira na 3ª idade

Idoso segurando dinheiro. Fonte: Freepik.

1 – Organizar o orçamento atual para definir a capacidade de poupança

O primeiro passo para planejar a vida financeira para a 3ª idade é organizar o orçamento atual para definir a capacidade de poupança, de acordo com Guilherme Baia, planejador financeiro. 

“Você tem que organizar a sua vida financeira [agora]”, também reforça Carvalho, da AVG Capital. 

Para isso, é importante rever os gastos que se tem e sempre tentar tomar as melhores decisões de consumo, pois só assim será possível saber o quanto se pode guardar e começar a tomar decisões para o futuro, recomendam os especialistas. 

2 – Estabelecer o padrão de vida que deseja ter na 3ª idade

Após organizar o orçamento atual e definir a capacidade de poupança, é hora de pensar sobre qual é o padrão de vida que se deseja ter na 3ª idade, segundo os especialistas. Para isso, é importante questionar o seguinte: 

  • Que valor mensal quero ter?
  • De onde esse dinheiro virá?
  • Quais custos podem aumentar? 
  • Quais custos podem diminuir? 

“É preciso definir como será o orçamento (a preço de hoje) na idade em que se pretende aposentar e levar em conta as mudanças ao longo do tempo.”

Guilherme Baia, planejador financeiro.

3 – Planejar a aposentadoria 

Uma das opções de renda para a 3ª idade é a aposentadoria. Todos os contribuintes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), por exemplo, têm o direito de receber o benefício quando se enquadram nos critérios determinados. 

Em valores de 2022, o mínimo da aposentadoria do INSS é R$ 1.212 e o máximo, R$ 7.087,22. A quantia que cada contribuinte deve ganhar depende de diversos fatores, como média salarial, idade, tempo de contribuição e outros. Por isso, é importante ficar atento às regras, para que no futuro se possa receber o planejado do benefício, segundo os especialistas. 

Por outro lado, Baia lembra que a maior parte da população brasileira está envelhecendo e há uma enorme pressão sobre a aposentadoria. “Em 2004, o teto do INSS era de 10 salários mínimos, atualmente está em 5,9 e a tendência é que venha a cair ainda mais, forçando a necessidade de gerarmos algum patrimônio que possa virar renda no futuro”, pontua o planejador financeiro.

Em 2021, o Brasil tinha uma população estimada em 212,7 milhões, com pessoas de 30 anos ou mais representando 56,1% do grupo, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE.

Além disso, Carvalho, da AVG Capital, comenta que com a reforma da previdência ficou mais difícil se aposentar porque “o período de contribuição aumentou de forma considerável”. Desse modo, ela acrescenta que é importante pensar em uma renda complementar. 

4 – Investir

Como se sabe, a aposentadoria é um elemento questionável para o futuro e pode não ser o suficiente, por isso, os especialistas recomendam que investimentos sejam feitos. 

“Muitas vezes, o jovem não começa a investir quando mais novo porque ele fala: ‘não vou investir porque hoje eu não tenho uma sobra tão grande para fazer investimentos’. Se eu pudesse dar um conselho para os jovens é: comece cedo. Os R$ 100 que você consegue investir hoje, lá na frente vão fazer muita diferença. Mesmo que você não consiga investir muito, comece com pouco.” 

Ana Paula Carvalho, planejadora financeira CFP e sócia da AVG Capital. 

Onde investir? 

Para Eduardo Perez, analista de renda fixa da NuInvest, os investimentos mais interessantes para resgatar na 3ª idade são planos de previdência privada e títulos de longo prazo. 

“Quando pensamos em tranquilidade na 3ª idade, faz sentido ter investimentos em títulos atrelados à inflação e de baixo risco de crédito. Claro que, dependendo do perfil do investidor, é viável correr riscos maiores do que em títulos do Tesouro Direto, considerados sem risco de crédito, em busca de um retorno maior, mas é importante saber ponderar para não correr riscos exageradamente.” 

Eduardo Perez, analista de renda fixa da NuInvest.

No caso de planos de previdência privada, ele menciona que é sempre importante pensar antecipadamente em como será o rendimento do investimento, que pode ser um valor fixo ou um valor variável e de renda por prazo definido ou de renda vitalícia. 

Agora, quanto à criação de uma carteira de investimentos, o analista diz que não existe uma regra cravada de ativo e percentual de alocação, já que isso depende do apetite ao risco, realidade financeira e prazo de cada investidor. Mas ele acrescenta que um bom começo “poderia ser o investidor simular qual seria a renda dele com uma carteira teórica de 70% em títulos indexados ao IPCA, 20% indexados ao CDI e 10% prefixados”.

Por último, Perez menciona que o investidor pode montar uma carteira só para a vida financeira na 3ª idade, mas que é totalmente viável ter apenas um portfólio de investimentos para mais de um objetivo. 

5 – Construir uma reserva financeira

Além de investir, os especialistas ainda recomendam fazer uma reserva financeira para o caso de alguma emergência. Lembrando que esse valor idealmente também precisa ser investido, para que se possa ganhar com rentabilidade e não perder com a alta da inflação. 

“A reserva de emergência tem que ser feita com investimentos de alta liquidez, quando você pensa a longo prazo”, menciona Carvalho, da AVG Capital. 

6 – Cuide da saúde hoje 

Para os especialistas, cuidar da saúde hoje também é um passo para planejar a vida financeira na 3ª idade. Isto porque bons hábitos na juventude tendem a promover uma velhice com menos dificuldades. 

“Um estilo de vida saudável, alimentação, treino… são como investimentos, porque lá na frente você vai colher os frutos disso”, pontua Carvalho, da AVG Capital. 

Depois dos 30 anos, ainda dá para planejar a vida financeira para a 3ª idade? 

Aposentado fazendo contas. Fonte: Freepik.

Depois dos 30 anos ainda não é tarde para planejar a vida financeira para a 3ª idade. É o que dizem os planejadores financeiros, mesmo reforçando que, quanto mais cedo for a organização, melhores serão os resultados. 

Veja algumas simulações de planejamento a partir dessa idade:

Dos 30 aos 65 anos 

Dos 30 aos 65 anos, para quem tem uma renda de R$ 10 mil ao mês e deseja mantê-la na velhice, Carvalho, da AVG Capital, sugere um aporte mensal de 14% (R$ 1.403,79) deste valor em um investimento com taxa de juros reais que dê retorno de 0,5% ao mês. 

Se a tarefa for seguida à risca, durante esses 35 anos de economia, o valor investido será de R$ 589.593,54 e terá rendido R$ 1.410.406,46 – efeito dos juros sobre juros –, totalizando R$ 2 milhões. 

Mas isso não quer dizer que ao conseguir o feito o investidor deverá resgatar o valor total e ir viver com isso, segundo a planejadora financeira. Na verdade, o ideal é que ele faça resgates da renda mensal que havia planejado manter. Neste caso, R$ 10 mil. 

Com a orientação seguida, o valor continuará rendendo e a receita mensal será vitalícia. 

“Para efeitos de simulação, gostamos de considerar o objetivo de retorno de 0,5% ao mês acima da inflação. Mas vale lembrar que podemos ter um período que sua carteira renda um pouco mais ou menos do que isso, o mais importante é que durante os 35 anos ela fique o maior tempo possível acima da inflação”, comenta Carvalho, da AVG Capital.

Ela ainda sugere que essa carteira de investimentos pode ser feita através do aporte no Tesouro Direto, fundos de investimentos ou previdência complementar.

Por outro lado, esse planejamento é apenas com a perspectiva de resultados de investimentos. Ela lembra que também é importante contribuir com alguma das aposentadorias oficiais e criar uma reserva de emergência. 

Dos 32 aos 65 anos 

Dos 32 aos 65 e com expectativa de vida até os 100 anos, quem deseja ter uma renda de R$ 4 mil ao mês ao se aposentar pode se programar para receber dois salário mínimos (R$ 2.424) do INSS e o restante (R$ 1.576) de rentabilidade de investimentos, recomenda Baia, planejador financeiro. 

Para isso, ele menciona que uma possibilidade pode ser começar a investir R$ 1.060 mensais em ativos com rendimentos médios de IPCA +2% ao ano. 

Se a recomendação for colocada em prática, durante esses 33 anos de economia, o valor investido será de R$ 419.760 e terá rendido R$ 242.160 – efeito dos juros sobre juros –, totalizando em R$ 661.160, além da inflação no periodo. 

Desse modo, o valor estipulado (R$ 1.576) mensalmente para completar a renda irá durar até os 100 anos previstos. 

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