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De ETFs a Trump: o que fez o bitcoin subir 120% em 2024

Bitcoin fecha o ano abaixo dos US$ 100 mil, mas mercado ainda comemora um 2024 com grandes notícias para o futuro da criptomoeda

Moedas virtuais flutuam contra um fundo preto, com um Bitcoin destacado no centro, rodeado por tons metálicos de azul, vermelho e dourado.
Foto: AdobeStock

Com uma alta de 120% em 2024, partindo de US$ 42 mil para US$ 93 mil, o bitcoin (BTC) não chegou a superar o ganho de 160% de 2023, mas, ainda assim, o ano que acaba de terminar pode ser considerado um dos mais importantes da história da mãe de todas as criptomoedas, com eventos que mudaram completamente o cenário dela.

Ainda que uma ressaca de 15% de queda tenha ocorrido nas últimas semanas do ano, o que realmente está marcado é: o bitcoin finalmente atingiu os US$ 100 mil, patamar que, apesar de não ter se sustentado até esta virada de ano, já não é mais uma barreira psicológica a ser rompida.

Mas 2024 foi guiado por uma outra novidade: o lançamento dos ETFs de bitcoin à vista nos Estados Unidos. Um marco que era esperado há anos e que destravou uma injeção massiva de capital, principalmente dos grandes investidores institucionais, para a criptomoeda.

Lançados em 11 de janeiro, esses fundos negociados em Bolsa deram mais liquidez e elevaram a demanda por BTC, o que puxou o preço da criptomoeda entre fevereiro e março –de US$ 42 mil antes do lançamento dos ETFs, para US$ 73 mil em menos de dois meses.

O sucesso dos ETFs foi tão grande que eles já superaram a marca de US$ 105 bilhões em ativos sob gestão, com os fundos possuindo, juntos, em torno de 1,1 milhão de bitcoins – 5,5% do estoque global, atualmente em 19,8 milhões de unidades (e limitado a 21 milhões quando a parte ainda a ser minerada se “exaurir”).

LEIA MAIS: ETF de Bitcoin da BlackRock já supera em US$ 10 bilhões o ETF de ouro

Bom, a pesar da euforia criada pelos fundos de BTC, a criptomoeda não conseguiu ganhar mais força e passou os sete meses seguintes entre US$ 50 mil e US$ 70 mil. Foi só em novembro que o segundo grande evento do ano aconteceu: a eleição de Donald Trump.

Trump pró-cripto

Trump foi eleito em 5 de novembro, e um dia depois o bitcoin já batia uma nova máxima histórica acima de US$ 75 mil. Um mês depois, o tão esperado US$ 100 mil foi atingido.

A festa dos investidores ocorreu porque o republicano ganhou o pleito prometendo substituir o ceticismo da administração Biden em relação às criptomoedas ao colocar pessoas favoráveis ao setor em cargos importantes de seu governo, o que ajuda a indústria cripto.

“A vitória de Trump nas eleições sinaliza que estamos no meio de uma possível mudança de paradigma para a próxima fase de crescimento do mercado cripto”, avaliou Hong Fang, presidente da exchange OKX, após o resultado da eleição em novembro.

LEIA MAIS: Governo Trump: o que realmente pode mudar no mercado cripto com o republicano no poder

Dentre as propostas de Trump a de maior impacto nas criptomoedas é a mudança do presidente da SEC (a CVM americana). Ainda que ele não tivesse poder para demitir o atual chefe do órgão regulador, Gary Gensler já anunciou que a partir de 20 de janeiro – dia da posse de Trump –, deixará o cargo.

Por si só isso animou o mercado, já que nos últimos anos, a autarquia que regula o mercado de capitais dos EUA processou exchanges e empresas ligadas ao mercado de criptomoedas, como a Binance, a Coinbase e a Kraken – pelo fato de as plataformas negociarem ativos não-regulados pela SEC. Ou seja: focou mais em bater de frente com o mercado cripto do que em buscar acordos.

E Trump já escolheu o substituto. Foi anunciado que Paul Atkins, um regulador financeiro veterano e uma referência nos círculos financeiros conservadores de Washington, irá liderar a SEC a partir de 2025. A expectativa é que Atkins se concentre em reduzir as regulamentações e cobrar penalidades mais baixas por violações, o que favorece o setor cripto.

O presidente eleito também já anunciou a escolha do investidor de capital de risco David Sacks, da Craft Ventures, para atuar como seu czar de inteligência artificial e criptomoedas, uma nova posição do governo que reforça a intenção de Trump de impulsionar as duas indústrias.

“David orientará a política da administração em inteligência artificial e criptomoedas, duas áreas críticas para o futuro da competitividade americana. David se concentrará em tornar os Estados Unidos o líder global incontestável em ambas as áreas”, disse Trump.

Aumento da adoção

O futuro é sempre incerto, e com as criptomoedas essa incerteza é levada ao extremo, mas mesmo que o bitcoin não termine 2024 acima de US$ 100 mil, o clima é de otimismo sobre o que vem pela frente.

Se os ETFs levaram a uma grande adoção institucional, o debate agora é sobre empresas comprando diretamente o bitcoin. O caso mais famoso é a MicroStrategy, que se tornou basicamente um repositório da criptomoeda, com mais de 400 mil bitcoins em carteira. Seu fundador, Michael Saylor, se tornou um dos maiores defensores de que outras companhias sigam o mesmo caminho.

Os acionistas da Microsoft votaram recentemente sobre a proposta de ter uma reserva em bitcoin, e rejeitaram. E no início de 2025 será a vez da Amazon definir se irá comprar a criptomoeda para deixá-la em caixa ou não.

E a história das reservas em bitcoin vai além. Existe uma proposta no Congresso americano para avaliar a chance de o país comprar, em cinco anos, um milhão de BTCs para ter como reserva de valor – papel que hoje, no caso dos EUA, é exclusivo do ouro. Mais: Trump apoia a ideia.

Também há um debate sobre o uso do BTC como reserva no Brasil – onde esse papel é cumprido majoritariamente pela moeda americana. O deputado federal Eros Biondini (PL-MG) apresentou um Projeto de Lei na Câmara dos Deputados para a criação de uma “reserva estratégica de bitcoin” pelo governo federal.

LEIA MAIS: Deputado apresenta Projeto de Lei para Brasil ter reservas de Bitcoin. Faria sentido?

E agora?

Especialistas lembram que o bitcoin subiu muito em pouco tempo, chegando a um ganho de mais de 50% em pouco mais de um mês após a eleição nos EUA. Com isso, é comum que algum tipo de correção ocorra, pois não falta quem aproveite para embolsar lucros recentes.

Desde a máxima histórica de US$ 108.268, atingida em 17 de dezembro, o bitcoin caiu 12% e encerrou o ano na casa dos US$ 93 mil.

“Quando você olha de forma mais ampla e considera o crescimento ano a ano do bitcoin, uma queda como essa parece saudável”, disse Azeem Khan, cofundador e COO da rede Morph.

Ryan McMillin, diretor de investimentos da gestora de fundos de criptomoedas Merkle Tree Capital, diz que os investidores devem esperar correções de 20% durante um mercado em alta. “Não vejo razão para pensar que o bull market já tenha acabado”, disse ele.

Por outro lado, é preciso estar sempre atento ao caráter volátil da cripto. Não existe um “valor justo” para o Bitcoin. Uma ação, por exemplo, tem valor justo. Ele é baseado no tanto que ela rende (ou poderá render um dia) na forma de dividendos. Isso não existe quando o assunto é bitcoin. Para alguns, a começar por Warren Buffett, o valor justo do BTC é zero.

Por essas, os momentos de queda são tão violentos quanto os de alta. Entre o final de 2021 e o de 2022, por exemplo, o bitcoin desabou de US$ 64 mil para US$ 16 mil. Um tombo de 75%.

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