A Americanas (AMER3) divulgou nesta quarta-feira uma lista de 7.720 credores, e dívidas totalizando R$ 41,2 bilhões, com o Deutsche Bank respondendo pela maior exposição à varejista. O banco alemão, que tem US$ 1 bilhão de dólares (o equivalente a R$ 5,2 bilhões) com a varejista, informou que não tem exposição direta de crédito com a companhia. Segundo fontes, o Deutsche atua como agente fiduciário (trustee) de dois títulos de dívida (bonds) que a Americanas emitiu no exterior no segundo semestre.
A companhia, que tem como acionistas de referência o mesmo trio bilionário de investidores que fundou a 3G Capital, pediu recuperação judicial na semana passada, após revelar “inconsistências” contábeis. O movimento levou grandes investidores, como BlackRock e Capital International, a reduzirem suas posições na empresa.
Veja abaixo outros bancos com exposição à varejista:
- Bradesco: R$ 4,51 bilhões
- Santander Brasil: R$ 3,65 bilhões
- BTG Pactual: R$ 3,5 bilhões
- BV: 3,28 bilhões
- Itaú Unibanco: R$ 2,73 bilhões
- Safra: R$ 2,5 bilhões
- Banco do Brasil: R$ 1,3 bilhão
- Daycoval: R$ 509 milhões
- Caixa Econômica Federal: R$ 501 milhões
- ABC Brasil: R$ 415,6 milhões
- BNDES: R$ 276 milhões
Em nota, o BV informou a agência Estado que os valores que a Americanas disse dever a ele estão inflados, e que vai reiterar a informação à varejista. Segundo o BV, no último dia 11, quando a Americanas informou um rombo contábil de R$ 20 bilhões, a exposição do BV era de cerca de R$ 206 milhões.
Entende-se que a lista apresentada ainda não deve ser definitiva. Como a empresa não estava preparada para uma recuperação judicial, ainda há informações sendo levantadas.
Americanas deve até à Ame
A Americanas deve R$ 974,8 milhões à fintech do grupo, a Ame Digital, de acordo com dados da lista de credores da recuperação judicial da varejista. O montante é superior ao devido a alguns bancos, como o Daycoval e à Caixa.
A lista não detalha a que tipo de operação se refere o débito com a Ame. A empresa é a fintech do grupo e, além de atuar no chamado “mar aberto”, também é meio de pagamento de operações nos canais da Americanas.
Entre os credores da recuperação judicial, o documento coloca a Ame na classe III, de credores sem garantias reais. É a mesma classe em que estão os bancos, que são os maiores credores da companhia.
Na véspera, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro suspendeu o bloqueio de cerca de R$ 1,2 bilhão da Americanas em poder do BTG Pactual, que havia sido obtido via mandado de segurança impetrado pelo banco de investimentos.
O BTG entrara na Justiça contra decisão que, entre outras matérias, concedia à varejista o direito de reaver valores compensados por credores no âmbito de decisão judicial de 13 de janeiro.
A Americanas também conseguiu decisão favorável contra “arresto/sequestro dos valores reclamados pela companhia e que tinham sido bloqueados pelos Bancos Safra e Votorantim”. O dinheiro bloqueado voltará a ser de propriedade da companhia, no entanto, deverá ser mantido em depósito judicial.
Na véspera, Itaú Unibanco e Bradesco rejeitaram alegações de que os bancos têm responsabilidade na situação da Americanas.
As ações da Americanas subiam 30% na máxima do dia na bolsa paulista nesta quarta-feira. Antes do anúncio sobre a descoberta dos problemas contábeis, o papel valia R$ 12.
Mais cedo nesta quarta-feira, a Americanas divulgou que a BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, reduziu sua participação na empresa para cerca de 0,12% das ações, mais 0,36% via instrumentos de derivativos. Em dezembro, segundo dados no site da Americanas, essa fatia era ao redor de 5,05%.
No começo da semana, a Capital International Investors (CII) comunicou a companhia sobre a redução de sua participação acionária na varejista de 7,04% para 4,07%.
Com Reuters e agência Estado
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