O dólar fechou quase estável e o Ibovespa recuou nesta sexta-feira (15), com o mercado digerindo novos dados da economia chinesa, enquanto investidores aguardam ansiosamente a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed) da semana que vem.
O dólar fechou em R$ 4,8706, em queda diária de 0,03%, acumulando na semana baixa de 2,24%. Já o Ibovespa terminou o dia aos 118.758 pontos, queda de 0,53 no pregão, mas na semana avançou 2,99%.
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Dados da China
A produção industrial da China aumentou 4,5% em agosto em relação ao ano anterior, segundo dados divulgados nesta sexta, acelerando em relação ao ritmo de 3,7% de julho, superando as expectativas de um aumento de 3,9% em pesquisa da Reuters com analistas e marcando o ritmo mais rápido desde abril.
As vendas no varejo, um indicador do consumo, também aumentaram em um ritmo mais rápido de 4,6% em agosto, o crescimento mais forte desde maio. Isso se compara a um aumento de 2,5% em julho e a uma alta esperada de 3%.
“Os números apresentaram alta em relação a julho e ficaram acima das expectativas do mercado. O ditado já diz que ‘um mês não qualifica uma tendência’, mas os números de hoje certamente serão vistos de forma positiva pelos investidores”
Dan Kawa, sócio da We Capital
Por outro lado, houve queda dos investimentos no setor imobiliário, o que chegou a pesar nas ações chinesas durante o pregão asiático.
De olho nos juros
Enquanto isso, investidores aguardavam a decisão do Fed, a ser divulgada no dia 20 de setembro, com ampla expectativa de que o banco central dos Estados Unidos deixe sua taxa de juros inalterada. Depois de dados de preços ao consumidor em linha com o esperado nesta semana, cresceram as apostas de que a autoridade monetária não promoverá mais altas nos custos dos empréstimos este ano.
Mesmo assim, “seguimos vendo espaço limitado para valorização do real à frente”, disseram a economista-chefe do Santander Brasil, Ana Paula Vescovi, e sua equipe em um relatório.
“De um lado, as perspectivas no exterior são de condições monetárias ainda restritivas, de acomodação nos preços de commodities e de lenta recuperação da economia chinesa. Por outro lado, no âmbito doméstico, há riscos associados à implementação da nova regra fiscal e a taxa Selic seguirá recuando.”
Santander, em relatório
Boa parte do mercado tem mostrado ceticismo em relação à capacidade do governo de atingir sua meta fiscal de déficit zero em 2024, diante de várias dificuldades para seguir com uma série de medidas pretendidas para elevar a arrecadação.
No que diz respeito aos juros básicos, uma pesquisa da Reuters com economistas mostrou apostas consensuais em nova redução de 0,50 ponto percentual da Selic quando o Banco Central se reunir na terça e na quarta da semana que vem, a 12,75%.
Juros mais baixos no Brasil, associados a uma postura de política monetária ainda apertada no exterior, tendem a reduzir a atratividade do real para uso em estratégias de carry trade, que consistem na tomada de empréstimo em país de taxas baixas e aplicação desse dinheiro em lugares de retornos maiores, de forma que se lucra com o diferencial de rendimento.
Varejo no Brasil
Ainda no cenário interno, o mercado repercute a notícia de que as vendas varejistas no Brasil ganharam força no início do terceiro trimestre e cresceram mais do que o esperado em julho, mas ainda seguem em ritmo lento em meio à pressão dos juros elevados e da desaceleração global.
Em julho as vendas no varejo registraram aumento de 0,7% em relação ao mês anterior, contra expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,3%.
Isso representa o ritmo mais forte desde março, quando mostrou expansão pela mesma margem, e deixa o comércio varejista do país 2,2% abaixo do nível recorde da série, de outubro de 2020, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“(O resultado de julho) assemelha-se a março em termos de patamar, pegando esse cenário de estabilidade, mas ainda não é o caso de um crescimento pronunciável”
gerente da pesquisa no IBGE, Cristiano Santos
O IBGE divulgou ainda nesta sexta-feira que as vendas tiveram alta de 2,4% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, contra expectativa de 1,8%.
(* com informações da Reuters)
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