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Finanças

Ibovespa perde os 120 mil pontos e fecha em queda após comunicado do BC

Apesar de tom considerado ‘duro’, mercado segue precificando corte de 0,25 ponto da Selic em agosto.

O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (22), em sessão de ajustes, uma vez que o Banco Central (BC) não se comprometeu com um corte da taxa Selic em agosto, embora na visão de economistas não tenha necessariamente excluído essa possibilidade.

Já dólar à vista fechou praticamente estável ante o real, com as cotações reagindo à aversão a ativos de risco no exterior, em um dia marcado por novas declarações do chair do Federal Reserve (Fed).

No dia, o Ibovespa recuou 1,23%, aos 118.934 pontos. O dólar subiu 0,08%, a R$ 4,7717.

Repercussão da Selic

A manutenção da Selic no anúncio desta quarta-feira (21) já era esperada pelo mercado, mas o comunicado ainda manteve um tom considerado duro ao avaliar o processo de desinflação no Brasil, sem indicar intenção de cortar juros em agosto, como aguardava boa parte do mercado financeiro.

“Em resumo, o comunicado é mais um passo na comunicação do BC rumo a uma postura mais ‘dovish’ (branda no combate à inflação, ou seja, propensa a baixa de juros), mas não é uma promessa de corte de juros na próxima reunião.”

David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America.

Apesar da surpresa pela falta de indicação de um corte em breve, operadores continuavam embutindo cerca de 80% de chance de o BC cortar a Selic em 0,25 ponto percentual em agosto, de acordo com probabilidades implícitas em contratos de juros futuros. Os contratos de opção de Copom também seguem precificando essa queda.

Fatores de risco para o dólar

A moeda brasileira tende a se beneficiar de juros mais altos, mas boa parte do mercado acredita que, ainda que o BC comece o processo de cortes da Selic no futuro próximo, os juros reais seguirão favoráveis à atração de investimentos, ainda mais num ambiente de arrefecimento da inflação. Isso, por sua vez, tem ajudado a derrubar o dólar para os patamares mais baixos em mais de um ano, bem como uma descompressão de receios fiscais.

Por outro lado, alguns operadores citaram receios de nova escalada nas tensões entre o governo e o Banco Central como um ponto de cautela. De fato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a condução da política monetária, dizendo em Roma que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, “joga contra a economia brasileira”.

Protesto pela queda dos juros na Avenida Paulista, em São Paulo 20/06/2023 REUTERS/Amanda Perobelli

Cenário externo

No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de moedas fortes teve leve alta, depois que o chefe do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, indicou que ainda há mais espaço para a taxa de juros dos Estados Unidos subir. O Fed optou na semana passada pela manutenção de sua taxa básica de forma a avaliar os efeitos do aperto monetário na economia. Em depoimento a parlamentares, Powell disse que a perspectiva de mais duas altas de 0,25 ponto percentual é “um bom palpite”.

Nesta quinta, Powell disse que o teste para que o Fed corte a taxa de juros é a confiança de que a inflação esteja caindo, e qualquer redução precisará esperar até que as autoridades estejam confiantes de que ela está desacelerando para a meta do banco central de 2%.

Chair do Fed, Jerome Powell 22/06/2023. REUTERS/Julia Nikhinson

“Não vemos isso acontecendo tão cedo”, disse Powell ao Comitê Bancário do Senado no segundo dia de depoimentos no Congresso. “O teste para isso é que estejamos confiantes de que a inflação está voltando para nossa meta de 2%. Queremos ter alguma confiança.”

Embora a projeção mediana mais recente entre as autoridades do Fed mostre que os juros podem começar a cair no próximo ano, Powell disse: “Teremos que esperar um momento em que estejamos confiantes de que a inflação cairá para 2%”.

Bolsas mundiais

Wall Street

Os índices S&P 500 e Nasdaq fecharam em alta nesta quinta-feira.

De acordo com dados preliminares, o S&P 500 ganhou 0,37%, para 4.381,84 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq subiu 0,95%, para 13.630,61 pontos. O Dow Jones caiu 0,01%, para 33.948,36 pontos.

Europa

As ações europeias atingiram brevemente seu nível mais baixo em quase três meses nesta quinta-feira, com as ações de Londres caindo após um aumento de juros maior do que o esperado pelo Banco da Inglaterra.

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 0,51%, a 454,70 pontos, depois de chegar a cair até 1,3% mais cedo no dia devido a temores de um aperto contínuo da política monetária por parte dos principais bancos centrais.

O índice britânico FTSE 100 caiu 0,8% depois que o banco central britânico anunciou um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa de juros, para 5%.

  • Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,76%, a 7.502,03 pontos.
  • Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,22%, a 15.988,16 pontos.
  • Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,79%, a 7.203,28 pontos.
  • Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 0,72%, a 27.410,08 pontos.
  • Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,76%, a 9.364,70 pontos.
  • Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,92%, a 5.946,18 pontos.

Ásia e Pacífico

O índice Nikkei do Japão caiu nesta quinta-feira, após dois dias de avanços, com os investidores realizando lucros depois de um recente aumento nas ações de semicondutores.

Os mercados de China e Hong Kong permaneceram fechados nesta quinta-feira devido a feriado.

  • Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,92%, a 33.264 pontos.
  • Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,43%, a 2.593 pontos.
  • Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,04%, a 3.222 pontos.
  • Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 1,63%, a 7.195 pontos.

*Com informações da Reuters.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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