O dólar rondava a estabilidade frente ao real nesta terça-feira, em linha com o alívio externo sobre as perspectivas de afrouxamento monetário nos Estados Unidos. No Brasil, o foco está no ritmo de redução da taxa Selic, a ser anunciado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em sua reunião desta semana.
Às 9h40 (de Brasília),o dólar à vista caía 0,06%, a R$ 5,0719 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,01%, a R$ 5,086.
“O mercado ainda está em um cenário de definição, depois da alta forte do dólar que a houve ao final do mês de abril”, disse Thiago Lourenço, operador da Manchester Investimentos.
Ele destacou um movimento de correção nos mercados desde que o dólar saltou para os picos do ano no mês passado, mas ponderou que a moeda americana tem encontrado certa resistência para continuar caindo.
“É preciso acompanhar o decorrer das próximas informações com relação à política monetária nos EUA; isso deve definir como vai ficar a dinâmica de preços”, acrescentou Lourenço.
Um relatório do mercado de trabalho dos EUA mais fraco do que o esperado na semana passada alimentou as apostas de que o banco central dos EUA afrouxará a política monetária ainda este ano, com os operadores prevendo cerca de dois cortes nos juros até o final de 2024.
Antes dos dados de emprego, a visão era bem mais pessimista, com previsão de apenas um ajuste nos juros –e com parte dos mercados até descartando alterações na política monetária.
No exterior, o índice que compara o dólar a uma cesta de pares fortes rondava a estabilidade.
Já no Brasil, a expectativa ficava pela reunião do Copom, que iniciará nesta terça-feira sua reunião de dois dias para definir os juros.
O boletim semanal Focus e os contratos futuros de juros mostram perspectiva de redução do ritmo de corte da Selic para 0,25 ponto percentual. A maioria dos economistas consultados em pesquisa da Reuters também acredita numa desaceleração para 0,25 ponto, embora parcela expressiva aposte na manutenção do passo de 0,50 ponto visto nas últimas seis reuniões.
Num geral, quanto mais o Federal Reserve cortar os juros e quanto menos o BC afrouxar a política monetária local, melhor para o real, devido ao efeito nos retornos para investidores em renda fixa.
No entanto, muitos participantes do mercado têm alertado que, caso eventual decisão do BC de desacelerar o afrouxamento seja motivada por elevadas incertezas fiscais, isso poderia anular o efeito positivo para o real, já que a saúde das contas públicas também é um fator levado em consideração para decisões de investimento.
Márcio Riauba, gerente da mesa de operações da StoneX, disse que os estragos no Rio Grande do Sul causados pelas chuvas, para além de uma tragédia humanitária, são um fator que colabora para a incerteza fiscal –em meio à mobilização do governo para prestar assistência ao Estado– e também para a incerteza inflacionária –já que a produção de muitos insumos foi afetada.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), indicou nesta terça-feira que o projeto de decreto legislativo que reconhece o estado de calamidade no Rio Grande do Sul deve ser aprovado. O decreto legislativo abre caminho para o envio de recursos federais ao Estado sem que isso afete a meta fiscal do governo.
O número de mortes causadas pelas chuvas devastadoras que atingiram o Rio Grande do Sul na semana passada subiu para 90 e outros quatro óbitos estão sob investigação, enquanto 132 pessoas seguem desaparecidas, informou a Defesa Civil do Estado em balanço divulgado na manhã desta terça-feira.
Segundo o comunicado do órgão, 388 municípios foram afetados pelos eventos climáticos, mais de dois terços das cidades gaúchas, além de haver mais de 155 mil pessoas desalojadas e 361 feridas.
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