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Finanças

Educação: como ficam os investimentos do setor após a eleição presidencial?

Especialistas recomendam cautela ao fazer investimentos antes da eleição presidencial, isto porque disputa está muito acirrada.

Em meio às expectativas do 2º turno da eleição presidencial no Brasil, investidores se preocupam com os seus portfólios de investimentos antes do resultado da votação. No caso dos ativos relacionados à educação, especialistas apontam que há uma tendência de alta se a vitória for de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com expectativas de preocupação social maior com o tema. Já no caso da eleição de Jair Bolsonaro (PL), eles esperam que haja queda dos ativos. 

Para Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, o setor de educação irá se beneficiar mais se Lula vencer, pois é esperado que governo petista volte com mais investimentos para a área. Ele ainda lembra que, durante o mandato de Bolsonaro, o presidente decidiu fazer alguns cortes de orçamento do setor. “Acredita-se que uma vitória do Lula beneficiaria as ações do segmento de educação, enquanto que uma vitória do Bolsonaro as depreciaria”, comenta. 

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, traz o mesmo ponto de vista. Para ele, o setor de educação tende a se valorizar com a entrada de Lula como presidente, visto que o candidato teria uma preocupação maior com o tema e encaminharia mais recursos para a área. O analista ainda menciona que, se Bolsonaro for reeleito, não deve haver uma mudança em relação ao que se tem hoje na área. “O setor deve continuar sofrendo, com dificuldades para crescer”, acrescenta. 

Além do cenário político, Komura também lembra que “uma coisa que tem pressionado o setor é a inflação de custo, alta competitividade do mercado, principalmente quando se fala do ensino à distância e, também, a baixa renda disponível da população”. 

Na mesma linha, Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, também menciona que, no caso de vitória de Lula, a educação tende a se beneficiar mais porque deverá haver aumento nos investimentos destinados à área e fortalecimento de programas sociais relacionados – como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) –, o que pode acelerar a retomada do setor. 

O que aconteceu com as ações de educação depois das últimas eleições

Em 2014, Dilma Rousseff (PT) foi reeleita presidente. Ela sofreu impeachment em 2016. Após esse episódio, Michel Temer (MDB) assumiu o cargo. Em 2018, Bolsonaro foi eleito.

Durante esses períodos de decisões presidenciais, as ações listadas na bolsa de valores brasileira ligadas à educação tiveram desempenhos distintos um dia após o anúncio do candidato escolhido pela maioria da população.

Confira quais foram os movimentos dos ativos após os eventos políticos de eleição presidencial. O levantamento foi feito pela provedora de informações financeiras Economatica.  

Dilma eleita em 26 de outubro de 2014

TickerVariação em % após o 1º dia da eleição (27/10/2014)Valor de fechamentoVariação em % entre eleições (até 29/10/2018)
ANIM35,19% R$ 8,87 – 37,92%
COGN37,89% R$ 13,77 – 23,07%
SEER310,35% R$ 19,44 – 30,71%
YDUQ39,24% R$ 19,65 – 2,95%

*Lembrando que Temer assumiu o posto de presidente no meio do mandato de Dilma.

Bolsonaro eleito em 28 de outubro de 2018

TickerVariação % após 1º dia da eleição (29/10/2018)Valor de fechamentoVariação % entre eleições (até 24/10/2022)
ANIM3-2,88% R$ 5,50 4,27%
COGN3-7,22% R$ 10,60 – 72,82%
SEER3-0,70% R$ 13,47 – 47,66%
YDUQ3-1,83% R$ 19,07 – 34,08%

Como se preparar com os investimentos antes do 2º turno das eleições

Para Jorge, da Quantzed, o ideal é “evitar alocações em empresas que são críticas, por exemplo as que são relacionadas à educação e saúde ou as estatais”, áreas muito mencionadas distintamente nos planos de governo dos candidatos. Isto porque a disputa presidencial está muito acirrada e uma aposta errônea poderia levar a perdas. 

“O investidor tem que sair desse viés da disputa. Fugir dessas ações que vão ter um impacto muito grande ou na vitória do Lula ou na vitória do Bolsonaro – a menos que ele queira de fato especular em cima disso e assumir o risco que está correndo”, comenta. 

Ele ainda recomenda esperar o resultado da eleição e deixar para “investir o dinheiro em uma ação ou segmento que de fato vai ter sustentação a médio e longo prazo“. 

Da mesma maneira, Komura, da Ouro Preto Investimentos, acredita que “o resultado [da eleição] é quase jogar uma moeda para o alto e apostar se é cara ou coroa”, já que é esperada uma votação bastante disputada. Para ele, em meio a esse contexto, é importante tomar cuidado com as apostas de investimento antes da eleição.

No entanto, para quem ainda assim quiser tomar um partido e investir, o analista conta que uma alternativa seria através do investimento em “opções” – que são negociações que não envolvem a compra e venda de ações, mas o direito de fazer isso em uma data futura, com o preço atualizado.

“Agora, se for fazer à vista… é preciso fazer posições bastante moderadas, pensando que o resultado pode ser desfavorável à sua escolha”, conclui Komura. 

Gonçalvez, da Box Asset Management, menciona que “o mais recomendado em ambos os cenários é a diversificação de ativos, setores e até moedas, assim o investidor consegue se proteger de qualquer cenário que venha ocorrer”.

Lula: o que ele planeja para a educação? 

No plano de governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), realizado com a Coligação Brasil da Esperança, um dos tópicos é “desenvolvimento social e garantia de direitos”, no qual se discute a educação. 

O texto fala em elevar os investimentos na área, para que se garanta a qualidade do ensino desde a creche à pós-graduação. Segundo o programa, isso será feito por meio de ações articuladas entre a União, estados, Distrito Federal e municípios, a fim de que se retome as metas do Plano Nacional de Educação e reverta “os desmontes do atual governo”. 

O plano de governo também promete um programa de recuperação educacional para aqueles que ficaram defasados durante a pandemia de covid-19, que seja concomitante à educação regular. “A educação é investimento essencial para fazer do Brasil um país desenvolvido, independente e igualitário, mais criativo e feliz”, menciona o texto. 

O plano de governo ainda fala que tem o objetivo “de resgatar e fortalecer os princípios do projeto democrático de educação, que foi desmontado e aviltado”.

Também é visto na proposta de governo os programas Creche e ensino em tempo integral e o Mais universidade, que ampliaria o acesso a cursos superiores por meio do fortalecimento do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), Programa Universidade para Todos (Prouni) e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Além disso, o texto também menciona a expansão da Lei de Cotas Raciais e Sociais e a implementação da Bolsa Permanência, que é um incentivo para estudantes de baixa renda permanecerem na universidade.

Bolsonaro: o que ele planeja para a educação? 

No plano de governo de Bolsonaro, um dos tópicos descritos é “saúde, educação e social”, em que se discute os projetos para as áreas. 

Inicialmente, o texto pontua que “deverá ser dada continuidade a um conjunto de ações no sentido de melhorar a posição brasileira nos diversos rankings, como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), em sua próxima edição”.

No texto, também se fala em dar atenção aos professores por intermédio de cursos presenciais ou à distância que os qualifiquem a ensinar novas disciplinas na educação básica. 

Um dos pontos apontados entre preocupações no plano de governo é permitir que os alunos possam “exercer um pensamento crítico sem conotações ideológicas que apenas distorcem a percepção de mundo, em particular aos jovens…”. 

“É preciso ampliar o combate à violência institucional contra crianças e adolescentes, sob a premissa de que os pais são os principais atores na educação das crianças e não o Estado”, afirma o plano de governo.

No texto também se fala em usar o dinheiro público para o desenvolvimento de pesquisas que atendam às necessidades do país em áreas estratégicas, para a democratização da internet nas escolas e para a recuperação do ensino das crianças e jovens que foram prejudicados com o fechamento das escolas durante a pandemia da covid-19.

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Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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