Inovações são constantes no mundo das criptomoedas, e a mais nova delas é o padrão de token ERC-404. Desenvolvido por programadores pseudônimos conhecidos como “ctrl” e “Acme” em um projeto chamado Pandora (PANDORA), o ERC-404 é uma mistura dos padrões de token ERC-20 e ERC-721.
Os padrões de token são conjuntos formais de regras e protocolos que determinam o comportamento de tokens em redes blockchain. O ethereum (ETH), por exemplo, tem dois padrões de tokens: ERC-20, os fungíveis, e os ERC-721, os não fungíveis (NFTs). O ERC-404 combina recursos desses dois padrões, permitindo a criação de tokens “semifungíveis”.
Tradicionalmente, os NFTs são indivisíveis, o que dificulta o compartilhamento e a negociação de partes de ativos digitais únicos. Ao explorar a interseção entre tokens fungíveis e não fungíveis, o ERC-404 visa resolver uma limitação central dos NFTs: a falta de divisibilidade independente da administração de terceiros.
A empolgação com os “semifungíveis” foi tanta que o projeto Pandora – o primeiro token ERC-404, lançado em 2 de fevereiro – disparou 12.000% em apenas uma semana de negociação. Duas semanas após o surgimento da ideia, o CoinMarketCap já lista 19 projetos criados com a tecnologia.
Entendendo o ERC-404
Um dos principais benefícios da introdução do ERC-404 é seu potencial de democratizar o acesso a ativos digitais exclusivos. A tecnologia contorna a limitação do padrão ERC-721 usando a mecânica de emissão e queima de tokens para permitir transferências fracionárias de um NFT – e isso significa que várias carteiras podem compartilhar partes de um único ativo. A Ideia é simples:
- Primeiro, os tokens emitidos no padrão ERC-404 são vinculados a um NFT.
- Se uma pessoa comprar um token completo, o NFT vinculado será cunhado na carteira (wallet) referente.
- Mas, se vender uma fração do token, o NFT vinculado será queimado.
- Se uma carteira que contém frações de um token comprar frações suficientes para manter um token completo, um novo NFT será cunhado automaticamente.
Alguns NFTs possuem preço elevado do qual boa parte dos investidores menos capitalizados ficam sem acesso. Com a possibilidade de fracionamento, uma gama maior de pessoas passará a conseguir adquirir participações em ativos digitais de alto valor, sejam elas obras de Arte ou imóveis e insumos agrícolas tokenizados.
Essa mecânica de emissão e queima de tokens é uma inovação significativa no espaço dos ativos digitais. Ela permite que os usuários tenham uma maior flexibilidade na forma como usam e negociam seus NFTs, abrindo novas possibilidades para sua economia.
O Neymar, por exemplo, adquiriu seu NFT da Bored Ape Yacht Club (BAYC) por uma bagatela de RS 6 milhões em 2022. Com o padrão ERC-404 ele poderia colocar frações do NFT à venda para seus fãs e os interessados poderiam negociar tais frações para revendê-las a um valor mais alto ou para tomar empréstimos.
Mas cuidado: nem tudo que reluz é ouro
O ERC-404 é “experimental” e não oficial. Isso significa que ele não foi submetido para revisão como uma Proposta de Melhoria Ethereum (EIP) ou passou por uma auditoria externa completa. Ele pode ter falhas não descobertas, representando um risco significativo para investidores. Portanto, um simples bug pode abalar os investimentos que, até agora, estão indo muito bem.
Além disso, como o ERC-404 é extremamente novo e ainda não se sabe ao certo seus riscos, muitas plataformas e marketplaces NFT não possuem compatibilidade com a tecnologia. Isso pode limitar a utilidade e a liquidez dos tokens cunhados com o padrão – pelo menos até que tais locais decidam adotá-lo.
Em última análise, o sucesso do ERC-404 dependerá da colaboração e do compromisso da comunidade, sobretudo, dos desenvolvedores. Com o devido cuidado e atenção aos desafios, a tecnologia pode se tornar não apenas um novo padrão oficial do ethereum, mas também uma ferramenta fundamental na construção de um futuro financeiro mais inclusivo e descentralizado.
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