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Finanças

Ibovespa na semana: frigoríficos e siderúrgicas lideram; educação cai sem norte

Vivemos tempos de juros baixos, câmbio alto e risco fiscal latente

B3 Bolsa Ibovespa
Crédito: Shutterstock

Uma semana intensa chegou ao fim e o Ibovespa fechou em queda de 0,75% aos 98.309 pontos nesta sexta-feira (16). Apesar do resultado negativo, o índice conseguiu manter os ganhos na semana, com alta acumulada de 0,85%.

Esta é a segunda semana consecutiva de alta do Ibovespa, no entanto o índice teve o desempenho mais fraco frente a países emergentes.

Coincidentemente ou não o mercado traduz as falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, que em live nesta sexta-feira afirmou “Temos que nos acostumar ao novo padrão de juros baixos e câmbio alto”. E o câmbio permanece pelas nuvens, nesta semana apresentou alta de 2,20% com o dólar chegando aos R$ 5,65. Enquanto o Ibovespa teve alta de 0,85%.

O discurso de juros baixos não acalma os investidores, as preocupações com o risco fiscal comandam a incerteza no cenário interno. No exterior, o aumento de casos de covid-19 na Europa além da indefinição com o pacote fiscal nos Estados Unidos impactaram no desempenho do mercado.

Nas próximas semanas o Ibovespa deve permanecer lateralizado, repercutindo ainda o conflito fiscal brasileiro, além da inflação elevada que deve ficar notória no IPCA-15. Enquanto as eleições americanas e o interminável debate sobre o pacote fiscal continuam no radar.

Maiores altas

As maiores altas da semana estão representadas pelo setor de frigoríficos e siderurgia que acompanham a alta do dólar.

O destaque positivo da semana foi a JBS (JBSS3) que disparou 20,21%. Cristiano Correa, professor de finanças do Ibmec avalia que a alta expressiva do papel tem dois fundamentos: o primeiro é o fato de JBS ser uma companhia exportadora que se beneficia com a valorização do dólar. E o segundo e mais importante é a vitória que JBS teve nos Estados Unidos. A sua subsidiária Pilgrim’s Pride Corporation conseguiu um acordo com a divisão antitruste do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, após investigação sobre concorrência em vendas de frango.

“O mercado americano é bem considerado pelo investidor e com esta vitória a JBS se livra de pressões e pode ter novos parâmetros de governança”, explica Correa. Apesar da alta expressiva, os papéis fecharam a semana cotados a R$ 23,20. “A companhia ainda não recuperou 100% as perdas da pandemia, antes as ações eram negociadas na faixa dos R$25”, reforça.

A segunda maior alta da semana foi de Usiminas (USIM5), as ações valorizaram 11,86%. O cenário é positivo para a siderurgia e mineração, o preço do aço valorizou com projeção de US$ 90 a tonelada em 2021.

A companhia também repercute que teve sua recomendação elevada de neutra para compra pelo Bank of America (BofA). O preço-alvo do papel passou de R$ 10,50 para R$ 14.

Outra siderúrgica que valorizou foi a CSN (CSNA3), com alta de 9,97%. A CSN é a prova de que alguns setores já conseguiram se recuperar totalmente das perdas da crise. Na quinta-feira (15), a companhia apresentou seu balanço do terceiro trimestre onde conseguiu reverter o prejuízo da pandemia.

A CSN teve lucro líquido de R$ 1,262 bilhão contra um prejuízo de R$ 871 milhões no mesmo período em 2019. “O mercado viu essa recuperação especialmente na siderurgia e mineração”, afirma Correa.

Veja as cinco maiores altas da semana:

AçãoAlta
JBS (JBSS3)20,21%
Usiminas (USIM5)11,86%
CSN (CSNA3)9,97%
Marfrig (MRFG3)9,44%
BRF (BRFS3)7,34%

Maiores quedas

Entre os destaques negativos da semana o setor de educação lidera as perdas. Os investidores estrangeiros e nacionais ainda não se sentem seguros para apostar suas fichas em companhias de educação.

A vacina passa por constante indefinição. Em apenas uma semana a Johnson & Johnson suspendeu os testes, enquanto a americana Pfizer anunciou hoje que pretende solicitar autorização de uso emergencial da sua vacina até o final de novembro. Um tira casaco, põe casaco sem fim.

A maior queda da semana foi a Cogna (COGN3) que recuou 8%. A companhia caiu seguindo o fluxo de incerteza com a vacina além da retomada às aulas presenciais que pode demorar mais do que imaginado.

Além disso, Correa destaca o rebaixamento que a companhia teve nas semanas anteriores pelo JP Morgan, as ações foram de neutra para venda. E o preço-alvo da ação foi cortado para R$5. “Uma das justificativas foi a relação dívida sobre ebitda da Cogna que é elevada”, afirma. A companhia ainda não chegou ao seu fundo do poço, de R$ 3,70. Mas cotada a R$ 4,83 se aproxima.

Além da Cogna (COGN3), a Yduqs (YDUQ3) também caiu 5,70% na semana.

Entre os destaques negativos também está IRB Brasil (IRBR3) com queda acumulada de 5,43%. Nas últimas semanas a companhia chegou a ressurgir das cinzas, mas o voo do fênix foi na verdade um voo da galinha. Novamente a resseguradora aparece entre as perdas.

Desta vez a companhia repercute a avaliação da UBS BB que recomendou a venda do ativo e rebaixou o preço-alvo da ação para R$ 4,60. A resseguradora também está envolvida em um novo processo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) após um investidor denunciar conflito de interesses no relatório da UBS.

Segundo Correa todos estes conflitos quebram ainda mais a confiança do investidor no IRB, por este motivo é importante redobrar a atenção com a ação. “É aquela história, contou uma mentira uma vez, quando conta a verdade ninguém acredita”, comenta.

Veja as cinco maiores quedas da semana:

AçãoQueda
Cogna (COGN3)-8,00%
Yduqs (YDUQ3)-5,70%
IRB Brasil (IRBR3) -5,43%
TIM (TIMP3)-4,31%
Cielo (CIEL3)-4,04%

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