O dólar fechou em alta e o Ibovespa em queda nesta segunda-feira (2), acompanhando o movimento nos mercados do exterior. Investidores trabalham com perspectiva de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos, enquanto dados fracos da zona do euro ajudaram a minar a confiança internacional. A alta nas taxas dos contratos de DI, acompanhando o movimento dos Treasuries, minou papéis de setores sensíveis à economia brasileira.
No dia, o dólar subiu 0,79%, a R$ 5,0662, e o Ibovespa recuou 1,29%, aos 115.057 pontos.
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Expectativas para a semana
“É uma semana bem movimentada, principalmente porque se refere à divulgação de dados nos Estados Unidos, e, querendo ou não, o que nos puxa para tentar traçar uma estratégia é se vai haver ou não um aumento de juros próximo ou mais para o final do ano (nos EUA)”, disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
“Vamos aguardar os dados serem divulgados para a gente ter uma noção um pouco melhor de para onde vai esse dólar.”
Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos
Ao longo desta semana, serão divulgados dados de indústria, serviços e mercado de trabalho nos EUA, com destaque para o relatório de abertura de vagas fora do setor agrícola, agendado para sexta-feira, que será acompanhado de perto pelo Federal Reserve.
A divisa norte-americana tem vivido nas últimas sessões um movimento de alta em relação a uma cesta de partes fortes, depois que o Federal Reserve indicou aos mercados no mês passado que manterá os juros altos por mais tempo de forma a combater a inflação.
Quanto mais altos os juros nos EUA, mais o dólar tende a se valorizar globalmente, uma vez que os rendimentos dos Treasuries ficam atraentes quando comparados aos retornos de títulos emergentes, de risco muito maior.
Cenário externo
O acordo de última hora no Congresso norte-americano para evitar uma paralisação do governo chegou a aliviar momentaneamente a confiança global nesta segunda-feira, mas, além da expectativa pelos dados dos EUA desta semana, uma leitura muito fraca da atividade fabril da zona do euro amargou o apetite por risco dos mercados.
Apesar do ambiente internacional conturbado, “o real permanece atrativo, considerando os altos níveis de taxa de juros e os fundamentos, embora a força do dólar possa atrasar uma recuperação da moeda brasileira”, avaliou Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury.
A taxa Selic está atualmente em 12,75%, e, embora o Banco Central esteja no meio de um ciclo de afrouxamento, a política monetária deve permanecer restritiva por um bom tempo, mantendo os retornos oferecidos em real atraentes para investidores estrangeiros.
Cenário interno
Economistas revisaram marginalmente para cima a projeção de inflação para 2024, mostrou a pesquisa semanal Focus publicada nesta segunda-feira pelo Banco Central, que não trouxe grandes alterações nas estimativas.
O prognóstico de inflação do mercado para o ano que vem teve alta de 0,01 ponto percentual em relação à semana anterior, a 3,87%. No entanto, a estimativa de inflação de 2023 ficou inalterada em 4,86%, enquanto a inflação de 2025 e 2026 continuou sendo calculada em 3,50%.
As apostas para o patamar de juros ao final deste ano e do próximo também seguiram inalteradas, com o mercado ainda vendo a Selic em 11,75% e 9,00% na conclusão de cada período, assim como a mediana das previsões na pesquisa continuou sendo de que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 2,92% em 2023 e 1,50% em 2024.
Além disso, o Brasil abriu 220.844 vagas formais de trabalho em agosto, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado nesta segunda-feira pelo Ministério do Trabalho e Previdência, em um resultado bem acima do esperado.
O resultado do mês passado superou a expectativa em pesquisa da Reuters de criação líquida de 178.000 empregos, e foi fruto de 2,099 milhões de admissões e 1,878 milhão de desligamentos, representando ainda melhora ante a criação líquida de 143.004 vagas em julho.
Bolsas mundiais
Wall Street
Os principais índices de Wall Street abriram em baixa nesta segunda-feira, com o rendimento do Treasury de dez anos tocando máximas desde 2007.
O Dow Jones Industrial Average caía 0,16%, para 33.455,50 pontos, logo após a abertura. O S&P 500 abriu em baixa de 0,08%, para 4.284,52 pontos, enquanto o Nasdaq Composite tinha variação negativa de 0,01%, para 13.217,99 pontos.
Europa
As ações europeias iniciaram o último trimestre do ano no vermelho, uma vez que o avanço dos rendimentos dos bonds pressionou os índices acionários da região, enquanto dados mostraram que a atividade fabril na zona do euro permaneceu em queda.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 1,03%, a 445,59 pontos.
- Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 1,28%, a 7.510,72 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,91%, a 15.247,21 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,94%, a 7.068,16 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 1,39%, a 27.849,65 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 1,16%, a 9.319,00 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,42%, a 6.064,71 pontos.
(*com informações da Reuters)
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