Finanças

Ibovespa decola; dólar fecha no menor patamar em quase dois meses

No dia, investidores ainda digeriram as falas do chair do Federal Reserve.

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O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, encerrou em alta nesta quarta-feira (12), dia de divulgação do dado de inflação nos Estados Unidos ter vindo apenas ligeiramente acima do estimado pelo mercado. Já o dólar fechou no menor patamar em quase dois meses ante o real, com as operações locais novamente repercutindo o forte ajuste de baixa na moeda norte-americana no exterior, diante da percepção de que os Estados Unidos não serão ainda mais agressivos no processo de normalização de sua política monetária do que o esperado.

No dia, o indicador avançou 1,84%, aos 105.685 pontos. Já o dólar recuou 0,78%, negociado a R$ 5,5357.

A queda do dólar nesta quarta foi uma espécie de continuação do movimento da terça.

Se na véspera o gatilho foram declarações do comandante do banco central norte-americano (Fed), Jerome Powell –entendidas como indicação de um movimento gradual de alta de juros e com discussões ainda a ocorrerem sobre redução do balanço do Fed–, nesta quarta a ausência de grandes surpresas em dados de inflação nos EUA corroborou a hipótese de um aperto monetário mais suave no país.

“Existe um entendimento de que mesmo a alta de juros lá fora não vai gerar o enxugamento expressivo de liquidez nos mercados emergentes, e isso está dando esse suporte para os ativos, incluindo o real”, disse Cleber Alessie, gerente da mesa de derivativos financeiros da Commcor DTVM.

As taxas de juros da dívida soberana dos EUA e também da zona do euro tiveram firmes quedas nesta quarta, refletindo desmonte de apostas em aumentos mais agressivos nos custos dos empréstimos. No Brasil, as taxas dos contratos futuros de juros negociados na B3 despencaram até cerca de 30 pontos-base, denotando alívio no sentimento de risco.

Cenário interno

No Brasil, agenda desta quarta-feira foi mais esvaziada, após divulgação de dado inflação acima do esperado para dezembro na véspera. O mercado também seguiu com as questões fiscais no radar, em especial a pressão de servidores por reajustes salariais.

Papéis de commodities tiveram nova sessão positiva e ajudaram a alavancar o Ibovespa, que também contou com a alta das ações do setor de shoppings, na esteira de divulgação de dado operacional pela Multiplan.

Cenário externo

Ações em todo o mundo foram impactadas negativamente no começo deste ano por sinalizações do Fed de que deve implementar uma alta na taxa de juros nos EUA antes do esperado para conter a inflação, o que afetaria a liquidez dos mercados globais. Parte dos analistas espera elevações já em março.

Destaques do dia

As units do Iguatemi (IGT11) lideraram as altas do Ibovespa no dia, ao avançarem 8,31%, para R$ 17,46, em dia positivo para as empresas do segmento de shoppings em meio aos números animadores divulgados pela Multiplan (MULT3), que subiu 6,54%, para 18,07. A companhia afirmou que as vendas nos três últimos meses do ano passado somaram R$ 5,6 bilhões, o que representa alta de 8,1% sobre o registrado no mesmo período de 2019.

  • Confira outros destaques, assista ao Boletim InvestNews:

Bolsas mundiais

Wall Street

Os principais índices de ações dos Estados Unidos subiram nesta quarta-feira, depois de dados mostrarem que, apesar de ter alcançado uma máxima em décadas, a inflação norte-americana veio de forma geral em linha com as expectativas, o que aliviou preocupações de que o banco central do país teria que retirar seu apoio econômico de maneira ainda mais forçosa do que o já esperado.

Dados do Departamento do Trabalho dos EUA mostraram que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) aumentou 0,5% no mês passado, após alta de 0,8% em novembro. No acumulado de 12 meses até dezembro de 2021, o IPC subiu 7,0%, pico em quase quatro décadas.

De acordo com dados preliminares, o S&P 500 ganhou 0,27%, para 4.725,77 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite subiu 0,23%, para 15.187,72 pontos. O Dow Jones avançou 0,12%, para 36.296,61 pontos.

Europa

As ações europeias fecharam em alta nesta quarta-feira, sustentadas por papéis ligados a commodities, que avançaram na expectativa de mais estímulo na China, grande importadora, enquanto o alívio nos rendimentos dos títulos tirou a pressão do setor de tecnologia.

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,65%, a 486,20 pontos, com os setores de recursos básicos e energia em alta de 3,2% e 2,3% respectivamente.

Os preços de commodities subiram depois que dados mais fracos que o esperado de inflação ao produtor na China mostraram mais espaço para afrouxamento monetário, o que deve levar o banco central a liberar mais dinheiro na economia.

As apostas em um aperto rápido da política monetária nos Estados Unidos diminuíram depois que o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que pode levar vários meses para tomar uma decisão sobre reduzir a carteira de 9 trilhões de dólares do banco central norte-americano.

Dados de inflação nos EUA para dezembro também vieram em linha com as expectativas, embora a taxa anual esteja em torno de máximas de 40 anos.

Os rendimentos dos títulos em ambos os lados do Atlântico recuaram, permitindo que as ações de tecnologia ampliassem a recuperação para um segundo dia. O setor avançou 1,5%.

  • Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,81%, a 7.551,72 pontos.
  • Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 0,43%, a 16.010,32 pontos.
  • Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,75%, a 7.237,19 pontos.
  • Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,65%, a 27.714,26 pontos.
  • Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 0,16%, a 8.770,30 pontos.
  • Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,40%, a 5.663,98 pontos.

Ásia e Pacífico

As ações da China fecharam em baixa na terça-feira uma vez que as expectativas de altas de juros mais rápidas nos Estados Unidos e surtos domésticos de Covid-19 pesaram sobre o sentimento, com ações de defesa e tecnologia da informação liderando as perdas.

A China está enfrentando seu mais recente surto local de Covid-19, e a variante Ômicron foi detectada em ao menos três províncias.

  • Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,90%, a 28.222 pontos.
  • Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,03%, a 23.739 pontos.
  • Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,73%, a 3.567 pontos.
  • O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,96%, a 4.797 pontos.
  • Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,02%, a 2.927 pontos.
  • Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,27%, a 18.288 pontos.
  • Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,60%, a 3.246 pontos.
  • Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,77%, a 7.390 pontos.

*Com informações da Reuters.

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