Finanças

Ibovespa fecha em queda com anúncio de Haddad e dados dos EUA; dólar cai

Varejistas se movimentaram em sentidos opostos após revelações da Americanas.

Publicado

em

Tempo médio de leitura: 7 min

O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (12), com investidores repercutindo revelações sobre a Americanas (AMER3), que derrubaram ações de varejo, embora o setor não tenha peso tão considerável para puxar o índice com força. O mercado também reagiu ao anúncio de medidas econômicas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O dólar caiu após dados de inflação dos Estados Unidos.

No dia, o Ibovespa recuou 0,59%, aos 111.850 pontos. O dólar caiu 1,56%, a R$ 5,0999.

Cenário interno

Varejistas em queda

Neste dia, as atenções foram voltadas para as Americanas (AMER3) após a descoberta preliminar de cerca de R$ 20 bilhões em “inconsistências” contábeis no balanço da companhia, que levou à renúncia do presidente-executivo Sérgio Rial na véspera.

Após ficar em leilão por quase 4h30, os papéis chegaram a despencar 80%, a R$ 2,40, queda equivalente a uma perda de R$ 8,66 bilhões em valor de mercado. Às 14:38, perdiam 79,67%, a R$ 2,44. Alguns bancos já colocaram recomendação para os papéis sob revisão.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu dois processos administrativos para investigar a varejista. Um focado na contabilidade da companhia e outro para a apuração do fato que veio a público.

Nesta manhã, Rial declarou que o o rombo de R$ 20 bi é apenas “uma estimativa” e que a varejista pode precisar de aumento de capital, assim como detalhou como foi encontrada a diferença bilionária.

A notícia também repercutiu nos papéis das principais varejistas negociadas na B3. As ações da Magazine Luiza (MGLU3) subiram 5,28% – a mais negociada do dia –, enquanto Via (VIIA) cedeu 5,38% e Mercado Livre (MELI34) teve alta 9,45%. Analistas previram na véspera o mau humor do setor.

Segundo levantamento do TradeMap, as ações da varejista fecharam o pregão da véspera cotados a R$12, o que representa uma valorização de 63,27% desde sua menor cotação [16 de dezembro de 2022], e queda de 90,24% se considerar sua cotação máxima histórica [03 de agosto de 2020].

Mas quando feito um recorte entre 14 de julho de 2017 e o pico atingido em agosto de 2020, a alta registrada foi de 903,20%.

Veja abaixo desempenho dos papeis das Americanas desde 2017.

Cenário Interno

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu na manhã desta quinta-feira (12) com a presidente do Banco do Brasil (BBAS3), Tarciana Medeiros. O ministro também teve reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula disse a jornalistas durante café da manhã que o mercado financeiro cria a narrativa de que tudo o que não é para pagar juro é gasto e afirmou que em todas as crises quem salvou a economia foi o Estado.

O presidente também lembrou que o país teve superávits primários em seus governos e que o mercado financeiro não pode reclamar de um governo do PT. O petista disse ainda que o mercado não tem coração e que o governo tem obrigação de cuidar dos mais necessitados.

Nesta tarde, Haddad anunciou novas medidas econômicas. Entre elas, a criação do programa “Litígio Zero” como tentativa para solucionar o rombo nas contas públicas. O plano prevê um ajuste de R$ 242 bilhões nas contas públicas, entre reestimativa de receitas e redução de despesas.

O déficit previsto para as contas públicas em 2023 é de R$ 231 bilhões, segundo o Orçamento aprovado pelo Congresso. O pacote prevê um superávit primário de R$ 11,13 bilhões, o equivalente a 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB)

Cenário externo

Inflação nos EUA

O índice de preços ao consumidor caiu 0,1% no mês passado, depois de subir 0,1% em novembro, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira (12). Com isso, a inflação para o consumidor atingiu 6,5% no acumulado em 12 meses. Esse foi o primeiro recuo no índice desde maio de 2020, quando a economia estava se recuperando da primeira onda de infecções por covid-19.

Essa foi a menor taxa desde outubro de 2021 e seguiu um avanço de 7,1% em novembro. O índice anual atingiu um pico de 9,1% em junho, o maior patamar desde novembro de 1981. A inflação permanece bem acima da meta de 2% do Federal Reserve (FED).

Os preços ao consumidor nos Estados Unidos caíram inesperadamente pela primeira vez em mais de dois anos e meio em dezembro, com queda nos preços da gasolina e de outros bens, sugerindo que a inflação agora está em uma tendência de queda sustentada. Economistas consultados pela Reuters previam que o índice de preços ao consumidor permaneceria inalterado.

No ano passado, o Fed elevou sua taxa básica de juros em 4,25 pontos percentuais, de quase zero para uma faixa de 4,25% a 4,50%, a mais alta desde o final de 2007. Em dezembro, o banco central norte-americano projetou pelo menos mais 0,75 ponto adicional de alta nos custos de empréstimos até o final de 2023.

Bolsas mundiais

Wall Street

As ações dos Estados Unidos fecharam em leve alta nesta quinta-feira, após dados mostrando queda nos preços ao consumidor norte-americano em dezembro reforçaram expectativas de aumentos menos agressivos da taxa de juros do Federal Reserve.

De acordo com dados preliminares, o S&P 500 ganhou 0,33%, para 3.982,87 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq avançou 0,65%, para 11.002,31 pontos. O Dow Jones subiu 0,64%, para 34.189,31 pontos.

Europa

As ações europeias fecharam em alta nesta quinta-feira, com varejistas na liderança dos ganhos setoriais.

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,63%, a 450,22 pontos, seu nível mais alto desde o final de abril, com o salto de 1,9% do setor de varejo europeu.

  • Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,89%, a 7.794,04 pontos.
  • Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 0,74%, a 15.058,30 pontos.
  • Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,74%, a 6.975,68 pontos.
  • Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,73%, a 25.733,96 pontos.
  • Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 1,17%, a 8.828,10 pontos.
  • Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 1,21%, a 6.041,64 pontos.

Ásia e Pacífico

As ações da China terminaram em leve alta, após oscilar entre ganhos e perdas em dia de volume baixo antes do feriado do Ano Novo Lunar.

Os investidores chineses negociaram cautelosamente diante das preocupações com mais surtos de Covid e outras incertezas quando os mercados estiverem fechados para o festival, enquanto o dinheiro estrangeiro continuou a entrar em meio ao otimismo sobre as perspectivas do país.

  • Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,01%, a 26.449 pontos.
  • Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 0,36%, a 21.514 pontos.
  • Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,05%, a 3.163 pontos.
  • O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 0,20%, a 4.017 pontos.
  • Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,24%, a 2.365 pontos.
  • Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,13%, a 14.731 pontos.
  • Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,11%, a 3.267 pontos.
  • Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 1,18%, a 7.280 pontos.

*Com informações da Reuters.

Mais Vistos