Finanças
Ibovespa cai por crise do Credit Suisse, mas reduz perdas; dólar sobe
Perspectivas sobre regra fiscal no Brasil atenuaram a queda do mercado.
O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira (15), devido aos temores de uma crise bancária nos Estados Unidos e Europa que voltaram a minar o confiança de investidores. O dólar subiu ante o real, com aversão ao risco de investidores e busca da segurança na moeda norte-americana. No entanto, o mercado brasileiro reduziu as perdas no fina da tarde, com perspectivas de anúncio de uma nova regra fiscal.
No dia, o Ibovespa caiu 0,25%, a 102.675 pontos, após chegar a 100.692 no pior momento do dia. Já o dólar subiu 0,70%, negociado a R$ 5,2932, após chegar a R$ 5,3288 na máxima do dia.
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Receios no setor bancário lá fora
No dia, a ação do Credit Suisse despencou perto de 24,2%, abaixo de 2 francos suíços (US$ 2,18), renovando mínimas históricas, depois que seu maior investidor afirmou que não poderia fornecer ao banco suíço mais assistência financeira por questões regulatórias.
“Não podemos, porque iríamos acima de 10%. É uma questão regulatória”, disse o presidente do conselho de administração do Saudi National Bank, Ammar Al Khudairy.
O banco saudita adquiriu uma fatia de quase 10% no ano passado depois de participar do aumento de capital do Credit Suisse e se comprometeu a investir até 1,5 bilhão de francos suíços (US$ 1,5 bilhão) na instituição.
O Credit Suisse publicou na terça-feira (14) seu relatório anual de 2022 dizendo que o banco identificou “fraquezas materiais” nos controles sobre relatórios financeiros e que as saídas de clientes ainda não acabaram.
O tombo das ações pressionava os mercados de forma geral, uma vez que reacende parte do nervosismo entre os investidores sobre a resiliência do sistema bancário global após o colapso do norte-americano Silicon Valley Bank (SVB) no final de semana.
Cenário interno
No cenário interno, continuou a expectativa da apresentação do arcabouço fiscal, que irá substituir o teto de gastos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta que ainda não viu a proposta de arcabouço fiscal preparada pela equipe econômica, mas deve conversar na quinta-feira (16) sobre o tema com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e quer ter o projeto definido antes da viagem para a China na semana que vem.
“Eu ainda não vi (o arcabouço). Eu tive uma primeira conversa com Haddad, ele ficou de aprontar. Assim que aprontar eu vou ver”, disse Lula ao sair de um almoço com o alto comando da Marinha. “Assim que eu vir vocês logo vão ver. A hora que for aprovado, vocês vão ver, os jornalistas serão as segundas pessoas a saberem do arcabouço. Deve ser antes da viagem, até porque Haddad vai viajar comigo.”
Haddad afirmou nesta quarta que a proposta já “está no Planalto”, ao ser perguntado se a proposta fora entregue a Lula. Uma fonte da área econômica confirmou à Reuters que a proposta foi entregue por Haddad a Lula.
De acordo com Haddad, o arcabouço fiscal será uma regra nova de acompanhamento das contas públicas que dará um “horizonte sustentável”, mas não será uma regra de dívida. Segundo ele o governo procurou fazer uma combinação entre a Lei de Responsabilidade Fiscal e o teto de gastos “que afasta os defeitos”.
Destaques da bolsa
Méliuz
A ação CASH3 liderou os ganhos do Ibovespa, subindo 14,44%. A Méliuz anunciou na terça que teve diminuição de seu prejuízo no quarto trimestre de 2022 para R$ 5,4 milhões, após resultado negativo em R$ 29,7 milhões no mesmo período do ano anterior.
CVC
A ação da CVC (CVCB3) foi destaque de queda no dia, com perdas de 6,12%.O balanço do quarto trimestre de 2022 da empresa mostrou melhoria nos números operacionais, mas com recuperação fraca e, principalmente, alerta com as despesas financeiras. É o que avaliaram analistas, após a divulgação dos números do período pela empresa na véspera.
Localiza
A ação da Localiza (RENT3) subiu 0,74%, tendo renovado uma mínima intradia desde janeiro de 2022. A maior empresa de aluguel de carros e gestão de frotas do país reportou, em termos ajustados, queda de 12,5% no lucro líquido do quarto trimestre, a R$ 637,7 milhões, e também um forte crescimento na alavancagem.
Natura
A ação NTCO3 fechou em alta de 6,63%, depois do tombo de mais de 17% no dia anterior em meio à repercussão do balanço da empresa.
“Além do alto preço de seus papéis, não vemos grande visibilidade de médio a longo prazo para a companhia, mesmo no caso de uma possível venda futura da Aesop”, disse o analista Victor Bueno, da Nord Research, em relatório nesta quarta. “Com uma longa jornada de recuperação pela frente, por ora, seguimos recomendando que fique de fora de NTCO3.”
Bolsas mundiais
Wall Street
O Dow Jones e o S&P 500 fecharam em queda, de olho nos problemas no Credit Suisse. Mas os índices de referência recuperaram algum terreno no final do pregão, depois que a Bloomberg informou que o governo suíço estava debatendo opções para estabilizar o gigante bancário do país.
Segundo dados preliminares, o S&P 500 perdeu 0,67%, para 3.893,06 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq teve variação positiva de 0,06%, para 11.435,33 pontos. O Dow Jones caiu 0,84%, para 31.886,53 pontos.
Europa
As ações europeias tiveram seu pior dia em mais de um ano nesta quarta-feira, depois que papéis bancários retomaram sua liquidação devido às renovadas preocupações dos investidores sobre o estresse no setor.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 2,92%, a 436,45 pontos, um dia depois de registrar seu melhor dia do ano. O índice do setor bancário recuou 7,1% e teve a maior perda diária em mais de um ano.
Como o declínio das ações do Credit Suisse aprofundou preocupações com a saúde do setor bancário europeu, investidores agora veem cada vez mais possibilidade de uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa de juros pelo Banco Central Europeu na quinta-feira, em vez do incremento de 0,50 ponto percentual, que projetavam antes.
- Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 3,83%, a 7.344,45 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 3,27%, a 14.735,26 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 3,58%, a 6.885,71 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 4,61%, a 25.565,84 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 4,37%, a 8.759,10 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 2,77%, a 5.812,87 pontos.
Ásia
As ações da China registraram ganhos nesta quarta-feira, com os investidores avaliando dados econômicos domésticos que sinalizaram sinais de melhora. Dados de inflação dos Estados Unidos também ajudaram a aliviar temores de contágio do colapso do SVB.
As vendas no varejo na China nos dois primeiros meses do ano aumentaram 3,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, revertendo a queda anual de 1,8% observada em dezembro, mas a atividade industrial expandiu um pouco mais devagar do que o esperado, subindo 2,4% no mesmo período, segundo dados da Agência Nacional de Estatísticas.
O investimento em ativos fixos no primeiro bimestre foi 5,5% maior do que no mesmo período de 2022, ante expectativa de alta de 4,4%. O investimento imobiliário caiu a um ritmo mais lento em janeiro-fevereiro, diminuindo 5,7% em relação ao ano anterior, em comparação com uma queda anual de 12,2% em dezembro.
“Os dados econômicos divulgados hoje confirmaram que a recuperação na China está no caminho certo”, disse Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,03%, a 27.229 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 1,52%, a 19.539 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,55%, a 3.263 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 0,06%, a 3.986 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 1,31%, a 2.379 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,18%, a 15.387 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 1,38%, a 3.172 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,86%, a 7.068 pontos.
*Com informações da Reuters.
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