O dólar registrou sólida valorização nesta terça-feira (16), com o real entre as moedas mais golpeadas em uma sessão negativa para divisas correlacionadas às matérias-primas, cujos preços voltaram a cair por temores de recessão global, depois que dados da economia chinesa foram divulgados na véspera.

O Ibovespa também fechou em alta, ajudado por Vale (VALE3), após trocar de sinal várias vezes durante o pregão, com agentes financeiros analisando a última tranche de balanços de empresas brasileiras do segundo trimestre.

No dia, o dólar subiu 0,95%, negociado a R$ 5,1400. A moeda chegou na máxima de R$ 5,1545. Já o Ibovespa avançou 0,43%, aos 113.512 pontos.

O câmbio repercutiu dados da China divulgados no dia anterior. O banco central do país asiático cortou inesperadamente uma importante taxa de juros para tentar reanimar a demanda por crédito e apoiar a economia atingida pela covid-19, diante de uma série de divulgações de dados econômicos fracos para julho.

“Em termos de cenário econômico, os dados globais continuam apontando para uma desaceleração do crescimento, com riscos elevados de recessão em algumas regiões do mundo, em um ambiente de pressão no mercado de trabalho e inflação ainda elevada“, avaliou em nota Dan Kawa, diretor de investimentos da TAG.

“No que tange aos mercados, vejo uma pressão no mercado de commodities, um viés altista para o dólar”, acrescentou, embora tenha notado “reação mais construtiva da bolsa” brasileira.

Guilherme Esquelbek, analista da Correparti Corretora, também notou desempenho recente positivo do Ibovespa, que registrou na última sexta-feira sua melhor semana desde novembro de 2020, e disse que fluxos estrangeiros para o mercado de ações local podem limitar a alta do dólar sobre o real.

Eleições

Lula e Bolsonaro

No Brasil, o cenário político deve começou a ganhar mais destaque no radar dos mercados financeiros, com a campanha eleitoral começando oficialmente nesta terça-feira.

O dia ainda será marcado por eventos dos dois principais postulantes ao Planalto – Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) – em cidades simbólicas para ambos e por um possível encontro dos dois à noite, já que ambos confirmaram presença na cerimônia de posse de Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Especialistas têm alertado que o início definitivo da corrida à presidência pode elevar a volatilidade no mercado de câmbio local, que historicamente é negativamente pressionado em anos eleitorais.

Bolsas mundiais

Wall Street

O Dow Jones e o S&P 500 fecharam em alta nesta terça-feira, com as varejistas Walmart e Home Depot avançando após resultados e perspectivas mais fortes do que o esperado, enquanto as ações de tecnologia caíram e pesaram no Nasdaq.

Os setores de consumo discricionário e básico do S&P 500, subiram acentuadamente, assim como o índice de varejo.

Segundo dados preliminares, o S&P 500 subiu 0,20%, para 4.305,78 pontos, enquanto o Nasdaq Composite caiu 0,19%, para 13.103,14 pontos. O Dow Jones teve alta de 0,72%, para 34.151,90 pontos.

Europa

As ações europeias subiram pela quinta sessão consecutiva nesta terça-feira, impulsionadas por setores defensivos e mineradoras, embora as preocupações com uma possível recessão tenham limitado a alta.

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,16%, a 443,07 pontos, alcançando uma nova máxima em dez semanas depois de recuperar grande parte das perdas de junho.

Ásia e Pacífico

O índice de blue-chip da China fechou em baixa por preocupações com surtos de Covid-19 e a desaceleração do crescimento econômico, embora as ações do setor imobiliário tenham saltado com notícias de suporte.

*Com informações da Reuters.