O dólar fechou em alta e o Ibovespa, principal indicador da bolsa de valores brasileira, caiu nesta quinta-feira (23). Os mercados tiveram dia de volatilidade conforme investidores acompanhavam falas do chefe do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, e do presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto. Também continuavam sob os holofotes temores globais de recessão e incertezas sobre as contas públicas no Brasil.
O dólar subiu 1,02%, a R$ 5,2292. O Ibovespa caiu 1,45%, a 98.080 pontos. Na mínima do pregão, chegou a 97.775 pontos, menor nível intradia desde 4 de novembro de 2020.
- Cotação do Ibovespa hoje
- Cotação do dólar hoje
- Cotação de criptomoedas hoje
Na visão da equipe de economia do Bradesco, preocupações com a atividade econômica global continuam pesando sobre os mercados. “A cautela predomina em meio aos riscos de recessão à frente nos Estados Unidos e no mundo”, afirmou em relatório.
Discurso de Powell
Investidores acompanharam o segundo depoimento de Jerome Powell ao Congresso dos EUA. Na quarta-feira, o chefe do Fed sinalizou comprometimento com o combate à inflação e reconheceu que a economia dos EUA enfrenta riscos.
Powell afirmou nesta quinta-feira que o comprometimento do Federal Reserve com o controle da inflação mais alta em 40 anos é “incondicional”, mesmo reconhecendo que taxas de juros acentuadamente mais altas podem elevar o desemprego.
“Nós realmente precisamos restaurar a estabilidade de preços… porque sem isso não seremos capazes de ter um período sustentado de pleno emprego em que os benefícios sejam amplamente disseminados. É algo que precisamos fazer, devemos fazer “, disse Powell ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos.
O rápido aumento dos preços de combustíveis, alimentos, moradia e quase tudo mais está minando os salários dos norte-americanos, o que prejudica empresas e alimenta preocupações de uma desaceleração econômica e um aumento acentuado do desemprego.
Temores de que o mundo está caminhando para uma contração da atividade ganharam força desde que o banco central dos Estados Unidos elevou sua taxa básica de juros no ritmo mais intenso desde 1994 na semana passada, em 0,75 ponto percentual. Juros mais altos tendem a restringir os gastos do consumidor e, assim, tirar força da inflação.
Discurso de Campos Neto
O presidente do BC do Brasil disse nesta quinta que os movimentos das taxas de juros no exterior pode levar a um dólar mais forte. Roberto Campos Neto fez esses comentários depois que o BC elevou sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2022, para 1,7%, ante estimativa de 1% apresentada há três meses. Apesar da melhora, a instituição citou incertezas sobre as previsões.
Neto disse ainda que o elevado grau de incerteza no cenário atual fez o Banco Central modular sua estratégia para levar a inflação para “ao redor” da meta em 2023, não mais o patamar exato do alvo de 3,25%.
“A gente fala de uma taxa mais alta por um horizonte maior na mesma estratégia do ‘ao redor da meta’. Entendemos que isso é suficiente para atingir convergência. Isso foi feito porque o volume de choques e o grau de incerteza é tão grande, e tivemos medidas que geram mais incerteza, que entendemos que essa era a melhor forma”, afirmou.
Preocupações com as contas públicas
Conforme acompanharam as falas de autoridades de política monetária, investidores também monitoraram com cautela o noticiário político-fiscal doméstico.
As iniciativas do governo para criar um auxílio aos caminhoneiros e ampliar o vale-gás a famílias de baixa renda neste ano eleitoral, por exemplo, levantava temores sobre qual será o impacto nos cofres públicos, num momento de aperto nas contas da União.
Kawa, da Tag, disse que esse tipo de discussão “pode continuar pressionando o dólar e a curva longa de juros, dada a perspectiva de piora fiscal”.
“Há o impasse do impacto fiscal que pode vir da crise com os reajustes da Petrobras e o governo tentando contornar a ameaça de greve dos caminhoneiros”, disse o diretor de investimentos da Reach Capital, Ricardo Campos.
Bolsas mundiais
Wall Street
O índice S&P 500 encerrou em alta nesta quinta-feira, após um dia de negociações agitadas, em que ganhos em ações defensivas e de tecnologia compensaram quedas de grupos economicamente sensíveis, à medida que persistiam preocupações sobre uma possível recessão.
De acordo com dados preliminares, o S&P 500 ganhou 0,96%, para 3.796,06 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq avançou 1,63%, para 11.233,10 pontos. O Dow Jones subiu 0,66%, para 30.683,73 pontos.
Europa
As ações europeias atingiram mínimas em mais de um ano nesta quinta-feira uma vez que a desaceleração da atividade empresarial da zona do euro aumentou as preocupações com o crescimento. O índice STOXX 600 caiu 0,8%, com os bancos da zona do euro recuando 4,5%.
- Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,97%, a 7.020,45 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 1,76%, a 12.912,59 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,56%, a 5.883,33 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 0,80%, a 21.615,00 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,48%, a 8.106,40 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 ficou estável, a 5.921,51 pontos.
Ásia e Pacífico
As ações da China subiram para uma máxima de fechamento de quase quatro meses nesta quinta-feira, enquanto o índice de Hong Kong ganhou mais de 1%, uma vez que empresas chinesas de tecnologia e montadoras saltaram devido ao suporte do governo chinês.
Os bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa “têm aumentado as taxas de juros e encolhido os balanços, mas a China tem afrouxado as políticas monetárias para estabilizar o crescimento”, disse Linus Yip, estrategista chefe do First Shanghai Group.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,08%, a 26.171 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 1,26%, a 21.273 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 1,62%, a 3.320 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 1,72%, a 4.343 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 1,22%, a 2.314 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 1,12%, a 15.176 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,02%, a 3.092 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,31%, a 6.528 pontos.
*Com Reuters.
Veja também
- Na contramão dos EUA, Ibovespa recua após vitória do Trump
- A bolsa tinha tudo para decolar em 2024, mas a Selic estragou a festa
- Embraer sobe 715% em 4 anos, quase tanto quanto a Nvidia. Entenda as razões
- Ibovespa recua 1,27%, a 125,8 mil pontos; dólar cai 0,44%
- Dólar fecha a R$5,736, alta de 1,43%; Ibovespa cai 0,2%