Finanças
Ibovespa sobe, mas fecha abaixo de 100 mil pontos, à espera de regra fiscal
Notícia de que o First Citizens Bank fechou acordo para comprar SVB aliviou temores sobre crise bancária.
O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira (27), mas com volume abaixo da média, em sessão de ajustes após o índice renovar mínimas desde meados de 2022 na semana passada, enquanto agentes financeiros permanecem à espera do novo arcabouço fiscal. O dólar fechou em queda ante o real, pela segunda sessão consecutiva.
No dia, o Ibovespa subiu 0,85%, aos 99.670 pontos. O dólar teve queda de 0,83%, negociado a R$ 5,2065.
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Com o cancelamento da viagem de Lula à China, após o presidente ser diagnosticado com pneumonia, a expectativa é que o arcabouço fiscal seja divulgado nesta semana.
A agência Reuters noticiou, citando fontes, que o Ministério da Fazenda tem interesse em acelerar a apresentação do novo arcabouço fiscal, mas ainda não recebeu sinal concreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para levar a público a proposta do governo.
Segundo os relatos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não teve reunião sobre o tema no final de semana com Lula. Nesta segunda, o ministro está em despachos internos em seu gabinete, até o momento sem previsão de encontro com o presidente.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse nesta segunda que ainda não há uma data definida para a apresentação do novo arcabouço fiscal.
Selic no radar
A apresentação do arcabouço é tratada pela equipe econômica como chave para uma melhora das expectativas em relação à gestão das contas públicas, o que poderia beneficiar indicadores de inflação e abrir espaço para uma redução nos juros pelo Banco Central.
O mercado aguarda a divulgação da ata do Copom nesta terça (28). Nesta segunda, o Boletim Focus projetou que o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) termine 2023 em 5,93%. Na semana anterior, os economistas ouvidos pelo Banco Central apontavam para uma inflação de 5,95% em igual período.
Na semana passada, o Copom manteve a Selic em 13,75% ao ano e esfriou expectativas de um corte em breve, o que motivou uma forte correção no mercado local, contaminando o Ibovespa.
Para estrategistas do JPMorgan, há pouca possibilidade de o mercado brasileiro de ações engatar uma tendência de alta na ausência de juros mais baixos, ou sem ao menos uma expectativa de que exista caminho para isso.
Destaques da B3
A Raízen (RAIZ4) avançou 4,15%, no segundo pregão de recuperação, após atingir mínimas históricas na última quinta. O JPMorgan reiterou recomendação “overweight” para os papéis, citando valuation, mas cortou previsão para o Ebitda e citou falta de gatilhos no curto prazo.
A Braskem (BRKM5) subiu 3,92%, conforme persistem expectativas atreladas ao controle da petroquímica. Mais cedo, a Petrobras informou que não houve mudanças em seu plano de venda de sua participação na Braskem.
A Dasa (DASA3) teve alta de 6,97% depois que a empresa anunciou uma potencial oferta de ações (follow-on) de R$ 1,5 bilhão, a R$ 8,50 por ação. A operação foi considerada positiva pelo mercado especialmente por ajudar a reduzir a alavancagem da companhia.
A Eletrobras (ELET3) teve alta de 2,94% após o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, afirmar que não vê “muito espaço” para que o Supremo Tribunal Federal (STF) reveja a privatização da empresa, depois do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter afirmado que o governo pode acionar a corte para contestar o processo realizado durante a gestão do antecessor Jair Bolsonaro.
Cenário externo: compra do SVB
O mercado repercute a notícia de que o First Citizens Bank, um dos maiores bancos regionais dos EUA, fechou acordo para comprar o Silicon Valley Bank (SVB), mais de duas semanas após a quebra do SVB abalar o setor bancário e derrubar os mercados financeiros globais.
“A notícia sobre a compra do SVB pode estar acalmando o nervosismo que está acontecendo no setor bancário“, disse Randy Frederick, diretor-gerente de negociação e derivativos da Charles Schwab.
Nesse cenário, operadores têm precificado que o Federal Reserve (Fed) fará uma pausa nos aumentos dos juros dos EUA em maio, em meio a preocupações persistentes sobre o estresse do setor bancário, potencialmente causando uma forte desaceleração econômica.
Bolsas mundiais
Wall Street
Os índices Dow Jones e S&P 500 fecharam em alta nesta segunda.
O índice de bancos do S&P 500 subiu acentuadamente, enquanto o índice bancário regional KBW também avançou.
De acordo com dados preliminares, o Dow Jones subiu 0,61%, para 32.432,61 pontos. O S&P 500 ganhou 0,17%, para 3.977,75 pontos. O Nasdaq caiu 0,47%, para 11.768,84 pontos.
Europa
As ações europeias subiram nesta segunda, com uma sensação de calma retornando aos mercados após uma semana de turbulência devido às preocupações com a estabilidade do setor bancário.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 1,05%, a 444,72 pontos.
Os bancos europeus subiram 1,4%, após caírem 3,8% na sexta, quando o Deutsche Bank provocou uma debandada no setor. As ações do banco alemão subiram 6,2%, depois de caírem 8,5% na sexta.
As ações do banco suíço UBS, que assumiu o controle do Credit Suisse em um acordo de resgate na semana passada, ganhou 1,1%.
O Credit Suisse avançou 0,5% depois que o órgão regulador financeiro suíço disse no fim de semana que estava considerando a possibilidade de tomar medidas disciplinares contra o banco.
Ações de saúde tiveram os maiores ganhos na Europa, com alta de 1,9%.
- Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,90%, a 7.471,77 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 1,14%, a 15.127,68 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,90%, a 7.078,27 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 1,21%, a 26.206,67 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 1,29%, a 8.906,10 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,85%, a 5.782,39 pontos.
Ásia
As ações da China e de Hong Kong caíram na segunda, lideradas por empresas estatais chinesas e papéis de tecnologia, com a queda do lucro industrial da China e as tensões geopolíticas prejudicando o sentimento.
Os lucros das empresas industriais na China tiveram queda de 22,9% nos primeiros dois meses de 2023 em relação ao ano anterior, uma vez que o setor tem dificuldades para sair da crise causada pelas interrupções relacionadas à covid-19.
Uma autoridade do Partido Comunista disse no sábado que a base da recuperação econômica da China não é sólida o suficiente, alertando para possíveis efeitos colaterais dos problemas econômicos globais.
As tensões geopolíticas também pesaram. O presidente russo, Vladimir Putin, disse no sábado que o país colocaria armas nucleares táticas em Belarus.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,33%, a 27.476 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 1,75%, a 19.567 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,44%, a 3.251 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,36%, a 4.012 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,24%, a 2.409 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,53%, a 15.830 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,82%, a 3.239 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,10%, a 6.962 pontos.
*Com informações da Reuters.
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