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Finanças

Ibovespa sobe 4,69% em 2022, ano de commodities e juros em alta

Movimentos do Fed nos EUA e eleições no Brasil também influenciaram o principal indicador da B3.

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Bolsa de valores, em São Paulo REUTERS/Paulo Whitaker

O Ibovespa, principal indicador da bolsa de valores brasileira, a B3, terminou o ano em alta de 4,69%%, aos 109.735 pontos. O resultado coloca o índice entre os melhores resultados na comparação com outros países e reflete, principalmente, a alta das commodities e o movimento antecipado de elevação de juros para controlar a inflação, segundo especialistas. 

Apesar do desempenho positivo no fechamento do ano, o Ibovespa enfrentou forte volatilidade ao longo de 2022. Chegou a ficar acima dos 121 mil pontos no começo de abril, acumulando uma alta de mais de 16% em 2022 até aquele momento. Mais tarde, em julho, chegaria à mínima de 96 mil pontos em julho, passando a acumular queda de 7,5% em 2022 até aquele momento.

“A tendência de alta durou até abril de 2022 com a ideia de que o Brasil se beneficiaria das consequências da guerra entre Rússia e Ucrânia“, lembra Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.

“Após este período observamos o Ibovespa perder o pico do ano com a aversão a risco global puxada pela mudança de tom do Fed, que estava adotando um tom mais hawkish (favorável a alta de juros) do que o mercado esperava”, continua Komura, em referência ao banco central dos Estados Unidos. Juros mais altos tornam o mercado norte-americano mais atrativo para investidores, gerando pressão de baixa para ativos de países considerados mais arriscados, como o Brasil.

Além do cenário externo, as preocupações fiscais novamente figuraram entre as principais atenções dos investidores – especialmente em ano eleitoral, com preocupações sobre o rumo dos gastos públicos.

Nesse cenário, “a gente chegou a devolver toda a alta do ano, mas conseguimos fechar o ano no território positivo para Ibovespa”, comenta Thiago Calestine economista e sócio da DOM Investimentos, ressaltando, no entanto, que o desempenho entre os setores da bolsa foi bastante desigual. 

“Ao passo que a gente ia fazendo política monetária restritiva (alta de juros), ia ancorando expectativa, colocando inflação na meta, a gente viu algumas ações que precisam mais de capital de giro e têm grande parte dos seus fluxos de caixa no longo prazo, essas ações sofreram mais. Mas a gente também viu as ações dos setores mais resilientes irem bem depois que as autoridades conseguiram ancorar as expectativas para o mercado brasileiro”, compara Calestine.

Entre os setores que mais sofreram na bolsa em 2022 ficou, por exemplo, o varejo, enquanto setores considerados mais “defensivos”, como elétrico e financeiro, ficaram na frente. 

Outro fator que puxou o Ibovespa para cima no ano foi o bom desempenho dos papéis ligados a commodities. “Nossa bolsa é a maior do mundo em matéria de exposição em commodities, acima de 38% do volume total negociado”, aponta Ricardo Aragon, sócio-fundador da Matriz Capital.

“Fato é que a demanda ficou extremamente represada na pandemia. Logo depois, o mundo explodiu em demanda por minério de ferro e petróleo, principalmente a China. Como a produção, paralisada na pandemia, não conseguiu acompanhar a demanda, os preços subiram a patamares históricos e ações como Vale, Petrobras e PRIO dispararam em alta”, diz o especialista. 

Ele acrescenta que “outro fator de destaque é o fato de as nossas empresas de commodities serem as maiores pagadoras de dividendos da bolsa”. “Dessa forma, mesmo com uma taxa Selic com juros acima de dois dígitos, algumas empresas pagaram dividendos muito além, como as ações da Petrobras, que chegaram a remunerar o seu investidor acima de 60% no ano.”

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