Finanças
Conheça os 12 indicadores econômicos que mais afetam seu bolso
PIB, Selic e IPCA são alguns dos índices econômicos financeiros que podem afetar a performance dos investimentos e que devem estar no radar do brasileiro; entenda por quê.
Você sabe o que são indicadores econômicos? E quais deles afetam sua vida financeira? Existe uma lista imensa de índices econômicos financeiros que podem impactar as finanças do brasileiro, especialmente na esfera dos investimentos. Na prática, eles servem como um termômetro importante para medir como está a economia do país.
Segundo Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, o PIB (Produto Interno Bruto), a taxa básica de juros (Selic) e o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) estão entre os mais importantes. “São os mais fáceis de acompanhar, os mais óbvios e que afetam diretamente os investimentos”, explica.
Quando o PIB, por exemplo, que mede o desempenho geral da economia, tem uma alta significativa, é indício de que a economia está expandindo, com o aumento do emprego, da renda e do consumo, cenário que reflete, por exemplo, o vaivém da bolsa de valores. “O Ibovespa (principal indicador financeiro da B3) costuma subir bastante quando se tem uma expectativa de que o PIB no futuro virá positivo, mas também cai se a expectativa é de um indicador negativo. É sinal de que a economia vai contrair e afetar as companhias”, explica.
Com um PIB em queda, as ações de companhias ligadas ao consumo doméstico, como varejo, construção e turismo, por exemplo, costumam ser mais afetadas já que o desempenho desses setores está diretamente ligado ao nível de emprego e renda da população – e o investidor, sabendo disso, põe o pé no freio e passa a alocar seus recursos em outros ativos.
Outro indicador financeiro que exige atenção por parte do investidor é a taxa Selic. Ela é considerada a “irmã gêmea” do CDI (Certificado de Depósito Interbancário ou Certificado de Depósito Interfinanceiro), que é o indexador que remunera grande parte dos investimentos em renda fixa, como títulos do Tesouro Direto, letras financeiras e letras de câmbio. Quando o Banco Central decide mudar a taxa – seja aumentando para frear a alta de preços (inflação) ou diminuindo para estimular o consumo – as aplicações conservadoras são as mais afetadas.
“Se a taxa cai, por exemplo, o rendimento da renda fixa diminui justamente para estimular o capital produtivo, investimentos maiores na bolsa, tomada de crédito pelas empresas e incentivo à compra de bens, como imóveis, pela população”, explicou.
Nesse contexto estão também os papéis indexados ao IPCA, que é o principal índice de inflação do país. “Se o indicador estiver alto, o Banco Central pode diminuir os juros para tentar a esfriar a economia, com isso a renda fixa pode render mais e a bolsa andar de lado”.
Descubra abaixo o que são os indicadores econômicos financeiros e quais são os 12 índices mais importantes da nossa economia.
O que são indicadores econômicos financeiros e para que servem?
Na prática, os indicadores financeiros são dados estatísticos que têm o objetivo de evidenciar a situação do país a partir da análise de aspectos como emprego, renda, atividade industrial e inflação, por exemplo. Eles servem como um termômetro importante para medir o ritmo da atividade econômica local.
Quais indicadores econômicos financeiros são os mais importantes?
O fato é que todos os indicadores têm alguma correlação com o dia a dia do brasileiro, seja no âmbito das aplicações financeiras ou do consumo das famílias, mas o PIB (Produto Interno Bruto), a taxa básica de juros (Selic) e o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) estão entre os mais importantes, de acordo com especialistas, e devem ser apreciados mais de perto, principalmente na hora de decidir onde aplicar o dinheiro.
Por que é preciso acompanhar os indicadores econômicos financeiros?
É importante acompanhar estes índices econômicos financeiros para tomar decisões mais certeiras sobre o que fazer com seu dinheiro. Além do exemplo sobre o PIB citado no início desta matéria, um cenário de juros e inflação elevada, por exemplo, garante um retorno melhor para investidores que têm recursos alocados em aplicações de renda fixa.
Quais são os principais indicadores econômicos financeiros
1- PIB
O Produto Interno Bruto (PIB) é um indicador financeiro que faz a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, que no Brasil é divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Quanto maior for, maior a atividade econômica do país. Quando um PIB é negativo, ele indica que a atividade econômica está encolhendo. Em 2020, por exemplo, o indicador fechou com uma queda de 4,1%, a maior em 20 anos. Foi o pior recuo anual desde o começo da série histórica, em 1996.
2 – Selic
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, atualmente em 6,25% ao ano. Ela é o principal instrumento de política monetária usado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação por influenciar todas as taxas de juros, como as dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras.
Ela é usada nas operações de empréstimos de um dia entre as instituições financeiras que usam títulos públicos federais como garantia. O BC opera no mercado de títulos públicos para que a taxa Selic efetiva esteja em linha com a meta da Selic definida na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Na prática, uma diminuição, por exemplo, diminui o custo de captação dos bancos que a tendem a emprestar com juros menores.
3 – IPCA
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), também calculado pelo IBGE, é conhecido como o índice econômico financeiro que mede a inflação oficial do país.
Ele busca medir a variação de preços para os consumidores de forma bem abrangente. O objetivo é acompanhar a inflação dos produtos e serviços mais consumidos pelas famílias que têm rendimento de 1 a 40 salários mínimos – o que deve garantir uma cobertura de 90% das que vivem nas áreas urbanas pesquisadas pelo IBGE.
O cálculo do IPCA é dividido em grupos como transportes, alimentação, habitação, vestuário e artigos de residência.
4 – Taxa Referencial (TR)
A TR é usada para calcular o rendimento de alguns investimentos, como é o caso da poupança. Quando a taxa Selic está baixa, a TR fica praticamente zerada. Também é o índice que corrige outras modalidades financeiras, como o saldo das contas do FGTS. Além disso, esta taxa também é usada em operações de crédito como financiamentos imobiliários e títulos de capitalização.
5 – INCC
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), criado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi o primeiro índice econômico financeiro desenvolvido para monitorar a evolução dos preços de materiais, serviços e mão de obra destinados a construção de residências no Brasil. Na década de 50, sua abrangência era limitada à cidade do Rio de Janeiro. Nas décadas seguintes, passou a ser calculado com base na evolução do custo da construção em sete das principais capitais brasileiras.
De acordo com Carlos Caporal, planejador fiduciário da Fiduc, ele é usado para corrigir as parcelas de imóveis na planta ou em construção, até que estejam prontos.
“O reajuste é feito para atualizar o valor pago pelo cliente, de acordo com a variação do preço dos materiais de construção e os salários pagos para os trabalhadores da construção civil. Este indicador é utilizado como referência para reajuste de contratos de compra e venda de imóveis, tanto em construção quanto na planta. Após pronto o imóvel, o indexador que corrige os valores das prestações é o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado)”, explica.
6 – IGPM
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) é divulgado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE). O indicador foi criado no final dos anos de 1940 para ser uma medida abrangente do movimento de preços, que englobasse não apenas diferentes atividades como também etapas distintas do processo produtivo.
Dessa forma, o IGP é um indicador mensal do nível de atividade econômica do país, englobando seus principais setores.
O IGP possui três versões com coleta de preços: o IGP-10 (com base nos preços apurados dos dias 11 do mês anterior ao dia 10 do mês da coleta), IGP-DI (de 1 a 30) e o mais popular deles, o Índice Geral de Preços – Mercado, ou simplesmente IGP-M, que apura informações sobre a variação de preços do dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês de coleta.
O IGP-M é utilizado amplamente na fórmula paramétrica de reajuste de tarifas públicas (energia e telefonia), em contratos de aluguéis e em contratos de prestação de serviços.
7 – INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) tem o objetivo de corrigir o poder de compra dos salários, através da mensuração das variações de preços da cesta de consumo da população assalariada com mais baixo rendimento.
Esta faixa de renda foi criada com o objetivo de garantir uma cobertura populacional de 50% das famílias cuja pessoa de referência é assalariada e pertencente às áreas urbanas.
Esse índice de preços tem como unidade de coleta estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionária de serviços públicos e internet e sua coleta estende-se, em geral, do dia 01 a 30 do mês de referência.
8 – Balança Comercial
A balança comercial contabiliza as transações de itens que são resultados de atividades produtivas. Ela é dividida entre exportações e importações. As exportações registram a venda de bens de residentes a não residentes (ou seja, a venda de itens por empresas nacionais para companhias de fora), enquanto as importações registram a compra de bens por residentes de não residentes (ou seja, a compra por empresas nacionais de produtos vendidos por empresas de fora).
9 – Dólar
O dólar também é um indicador econômico, e existem dois tipos de taxa de câmbio que acompanhamos no Brasil.
O dólar comercial é a cotação da moeda americana em relação ao real e que oscila diariamente de acordo com a oferta e a demanda. É impactada diretamente pelo ambiente interno – significa que decisões econômicas e políticas podem influenciar no sobe e desce da cotação.
A moeda também é usada como forma de proteção. Muitos investidores recorrem a ela em caso de instabilidade e incertezas econômicas fugindo de aplicações financeiras mais propensas às oscilações do mercado interno.
O dólar comercial é usado por empresas que exportam ou importam produtos e serviços, por isso, quando o dólar comercial fica mais caro, os produtos exportados também tendem a encarecer.
Dólar turismo
O dólar turismo, por outro lado, é comprado por pessoas físicas, especialmente para o caso de viagens para o exterior. Ele também é usado para a conversão das despesas feitas no exterior com o cartão de crédito, por exemplo.
10 – Salário mínimo
O salário mínimo nada mais é do que o valor mínimo que as empresas devem pagar aos funcionários. Na prática, esse indicador econômico ajuda a medir a capacidade de consumo de uma população. Quanto mais gente estiver recebendo essa quantia mínima, maiores são os indícios de que a população tem uma baixa renda. No Brasil, 30,2 milhões de pessoas sobrevivem com até um salário mínimo segundo levantamento da consultoria IDados, o que representa o maior número desde 2012.
11 – PNAD
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) é publicada trimestralmente e tem o objetivo de acompanhar a oscilação da força de trabalho. É um indicador fundamental para medir as taxas de emprego e desemprego no país.
12 – PIM
Nosso último indicador econômico é o PIM A Pesquisa Industrial Mensal Produção Física (PIM), também medida pelo IBGE,reflete a quantidade de bens produzidos ao longo do tempo. Ao todo inclui 26 setores, como veículos automotores, máquinas e equipamentos, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, dentre outros.
É fundamental para identificar o quanto a atividade industrial do país está aquecida e quais setores estão performando melhor.
Veja também:
- O que é mercado financeiro e como funciona?
- ROA: como analisar e calcular esse indicador?
Fontes: Banco Central, IBGE, Nubank, FGV e Ambima