A Kinea Investimentos iniciou uma aposta que se beneficia da queda das taxas de juros futuros de curto prazo, depois do movimento recente de elevação dos rendimentos locais.
“Começamos a ver alguma assimetria após forte correção nas expectativas de corte” da Selic, disse a Kinea, em carta mensal de gestão dos fundos multimercado. “Nos preços atuais de juros, moeda e bolsa, consideramos que há espaço para uma alocação de risco em ativos brasileiros, após um período de relevante queda de preços.”
A Kinea também pontuou que mesmo que a âncora fiscal tenha ficado mais fraca, o governo ainda não tem incentivos para “romper totalmente com o mercado no segundo ano de mandato”.
A Kinea, que detinha R$ 153 bilhões em ativos sob gestão em março, segundo a Anbima, também informou que permanece comprada — posição que ganha com a valorização — no real e na bolsa brasileira. Em ações domésticas, a gestora está comprada em bancos e no setor elétrico, e vendida em bens de consumo. A Kinea informou que o tamanho destas posições está menor do que no início do ano e que reduziu a aposta em bolsa brasileira ao longo de abril.
O fundo disse que, para compensar a exposição a moedas e mercados emergentes, que envolvem principalmente o Brasil e o México, resolveu aumentar a posição comprada no dólar contra uma cesta de moedas europeias e asiáticas.
“Nosso racional é que uma economia mais forte e uma política monetária mais apertada nos Estados Unidos deve levar a uma performance superior da moeda norte-americana”, disse a Kinea, na carta.
Juros e fiscal
Segundo a gestora, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, abriu espaço para uma “possível desaceleração do ritmo de cortes”. O fator decisivo para o comentário de Campos Neto pode ter sido, na avaliação da Kinea, a performance negativa do real.
Além disso, o fundo também pontuou a volta do “fantasma fiscal”, com a revisão da meta fiscal para 2025 — o que colocou em questão o comprometimento com o processo de ajuste em curso e contribuiu com a má performance dos ativos locais.
Bolsa global
A Kinea também decidiu cortar a exposição dos multimercados à bolsa global, depois de um forte início de ano do S&P 500, o principal indicador do mercado acionário dos EUA, que chegou a subir 7% no ano. “Mantemos posições de maior convicção principalmente nos setores de tecnologia e indústria”, disse a Kinea.
Diante das incertezas sobre o conflito no Oriente Médio, a gestora disse que faz hedge — posição de proteção — no ouro e que também decidiu fechar a “modesta” posição vendida — que ganha com a queda — em petróleo.
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