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Finanças

Previdência x Educa+: O que escolher para bancar a faculdade dos filhos?

Investimentos têm características (e custos) bem diferentes. Confira

A pequena Alice Silva completa três anos em maio e começou a frequentar a escolinha no início do ano. Faculdade, na melhor das hipóteses, só vai fazer parte da vida dela daqui a 14 ou 15 anos. Mas a avó resolveu garantir desde já que não faltem recursos para isso. Está investindo R$ 1 mil todo mês no Educa+, título lançado pelo Tesouro em agosto do ano passado. 

Educa+ e previdência privada são dois tipos de investimento que pais e avós têm buscado para garantir os estudos de filhos e netos lá na frente. Com a ajuda do planejador financeiro Marlon Glaciano, o InvestNews fez um levantamento das características de cada instrumento, suas diferenças e uma simulação sobre qual é o melhor investimento.

Antes de mais nada, é importante dizer que, nos dois casos, os especialistas indicam que o investimento deve estar no nome da criança – hoje, boa parte dos recém-nascidos saem da maternidade com CPF, documento obrigatório na abertura de uma conta investimento. 

Grupo de graduandos durante a formatura
Foto: Adobe Stock Photo

Educa+ 

Educa+ e previdência privada são dois investimentos com características (e custos) bem diferentes.

O Educa+ é um título público. Quando o investidor compra o papel, está emprestando dinheiro para o governo, que se compromete a devolvê-lo lá na frente de acordo com uma remuneração pré definida. No caso do Educa+, o título é corrigido pelo IPCA (ou seja, é indexado à inflação) mais uma taxa de juro combinada. Apenas para ilustrar, o Educa+ 2034 estava sendo oferecido na quinta (25) a IPCA + 6,09% ao ano, ou seja, um juro real anual de 6,09%.

Diferentemente de outros títulos do Tesouro Direto, o Educa+ não tem pagamento de juro antes do vencimento (conhecido como cupom) e também não devolve ao investidor todo o dinheiro de uma vez. O investidor (neste caso, a criança) vai receber os recursos em 60 parcelas mensais – os cinco anos que podem durar uma graduação. Nesse período, as parcelas continuam sendo reajustadas. 

“Com o Educa+ se tem uma previsibilidade de uma renda mensal”, explica João Ferreira, sócio da assessoria de investimento One.

Previdência privada

Previdência remete à aposentadoria e pode parecer estranho, à primeira vista, usar esse tipo de investimento para custear a faculdade de um filho. Mas os benefícios fiscais e a flexibilidade da aplicação tem atraído cada vez mais a atenção dos pais.

LEIA MAIS: Previdência privada: o que é e o que você precisa saber

Os planos de previdência investem em fundos que podem ser atrelados à inflação, como o Educa+, mas também podem investir em fundos multimercado (que aplicam em vários tipos de ativo, como renda fixa, ações, câmbio e commodities) ou em fundos de renda variável. 

“Quando se olha o longo prazo, como é o caso da educação dos filhos, os pais podem correr mais riscos, caso tenham esse perfil como investidor”, explica Bruna Furlanetto, assessora do escritório de investimentos Nippur Finance. O ponto de atenção aqui é que, diferentemente do Educa+ – aplicação em que o investidor sabe quanto vai receber lá na frente –, na previdência privada o valor depende da rentabilidade desses fundos. 

Outra diferença entre a previdência privada e o Educa+ é a forma de receber os recursos. Na previdência, há três maneiras de ter o dinheiro de volta depois que termina o chamado prazo de acumulação: o resgate total, a renda mensal por período determinado ou a renda mensal vitalícia. Como a ideia é pagar a faculdade, não faz muito sentido optar por uma renda mensal vitalícia (a expectativa de vida será muito alta e o valor mensal vai levar em conta o que foi acumulado).

Alguns especialistas chamam a atenção para uma quarta maneira de receber os recursos: deixar o prazo do plano lá para a frente e fazer resgates. Dessa maneira, se o filho quiser continuar investindo, pensando na aposentadoria, ele poderá usar o mesmo plano. O ponto de atenção aqui é que os resgates durante a fase de acumulação só podem ser feitos a cada 60 dias. 

Custos

O Tesouro cobra uma taxa de custódia (como se fosse uma taxa para guardar o papel) de seus títulos, que varia de 0,1% a 0,5% do total investido. Mas, no caso do Educa+, o governo decidiu não cobrar essa taxa desde que o investidor não venda o título antes de seu vencimento e desde que não tenha uma renda mensal superior a quatro salários mínimos (R$ 5.648 em valores atuais). Mas vamos combinar que ninguém está esperando que o filho já esteja ganhando isso enquanto cursa a faculdade. Se estiver, melhor. 

LEIA MAIS: 7 taxas que o investidor precisa conhecer antes de investir

Do lado da previdência privada, há o custo da taxa de administração do fundo: em média, de 1% ao ano. 

A tributação é bem diferente para os dois produtos. No caso do Educa+, o que vale é a tabela regressiva do Imposto de Renda, ou seja, a alíquota vai diminuindo quanto mais tempo o dinheiro fica aplicado. Depois de dois anos de aplicação, a alíquota fica estacionada em 15% sobre o valor do rendimento.

Na previdência há dois tipos de plano. O PGBL permite que os valores aplicados sejam deduzidos do Imposto de Renda (até o limite de 12% da renda bruta anual de quem tem a criança como dependente), mas depois, no resgate, o imposto é cobrado sobre todo o dinheiro acumulado e não somente sobre os ganhos, como é o caso de outro tipo de previdência privada, o VGBL, e de títulos do Tesouro. 

Na previdência, o investidor também pode optar pela tabela regressiva (veja abaixo). As alíquotas são bem mais salgadas para um prazo curto, mas quem deixa o dinheiro guardado por dez anos paga uma alíquota de 10% – se for um VGBL, isso é cobrado sobre o rendimento e se for um PGBL, sobre todo o valor aplicado. 

Simulação

Os impostos fazem uma diferença importante no resultado da simulação de uma aplicação no Educa+ e em um VGBL.

Quem tem um um filho de oito anos e investe R$ 1.000 por mês durante dez anos em um papel do Educa+ terá em 2035 um total de R$ R$ 191.819.39, levando em conta a remuneração de IPCA + 6,04% ao ano. Neste exemplo, a renda mensal começará em R$ 3 mil e seguirá sendo corrigida ao longo de 5 anos (60 meses).

Para efeito de comparação, o planejador financeiro Marlon Glaciano selecionou um plano de previdência do tipo VGBL que paga 0,83% ao mês (equivalente, atualmente, a IPCA + 6,04% ao ano) e que tem uma taxa de administração de 0,44% ao ano. Com essas condições, a quantia acumulada no plano de previdência acaba sendo um pouco maior: R$ 195.938.74, ou seja, uma diferença de R$ 4.119.

Ambas as análises levam em conta o valor líquido de imposto.

Em condições comparáveis, é a tributação que faz diferença em favor da previdência privada. Mas vale lembrar que no Educa+ é possível saber antecipadamente quanto o investidor vai receber lá na frente e, no caso da previdência, o valor vai depender da rentabilidade do fundo. Pais e avós devem ter isso em mente ao escolher uma das duas aplicações. 

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